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— Marina, você não vai acreditar no que Miguel fez comigo. — Paula entrou alterada na sala de Marina e a assustou, sendo que estava com a sua atenção fixa no computador.

— E o que ele fez? — A mulher de cabelos longos e negros, virou-se para a amiga desesperada e esperou o relatório completo sobre a atitude de Miguel.

— Ele me humilhou de todas as formas. — Paola sentou na cadeira à frente da mesa de Marina, com uma expressão de choro no rosto. — Ele determinou que aquela feia ficasse responsável pela agenda pessoal dele, além de ser a que também o acompanhará na visita dos fornecedores.

— O quê? — Marina deu um pulo da cadeira, estarrecida pela informação.

— E ainda tem mais, Mari. — Paola acentuou na dramatização de uma mulher injustiçada. — Ele também me disse que o dever de pegar café e água é minha. Você acredita que ele teve a ousadia de mandar eu buscar café pra ele e aquela lá.

— Mas o deve é seu mesmo. — Marina cortou um pouco do barato da amiga.

— Mari! — Paola exclamou. — Como uma mulher com este meu porte se reduz a servir café para uma feia? É um fim do mundo.

— Se você tivesse estudado e não procurado casamento com homens velhos e ricos para ser dependente, com certeza, as coisas seriam diferentes.

Paola abriu a boca e ficou abobada com o discurso de sua melhor amiga.

— Estou chocada com a sua sensibilidade! — Paola colocou a mão no peito, fingindo estar ofendida.

— É a verdade! — Marina quicou os ombros. — E agradeça a mim, senão quem estaria no seu lugar seria aquela feia...

— Se você ainda não percebeu, ela está numa posição melhor que a minha — Paola interferiu.

— Ela tem uma pós-graduação e não dá pra brigar quanto a isso — Marina bufou. — Então dê-se por satisfeita.

Paola suspirou, não querendo acreditar que teria que engolir aquela esposa de Frankenstein todos os dias.

— Agora eu me pergunto: por que Miguel deixou sua agenda pessoal por conta de uma desconhecida? — Marina apoiou a cabeça em uma das mãos e com a ponta dos dedos da outra mão começou a tamborilar em cima da mesa. Ela estava achando aquilo tudo muito estranho. Ele, sem nem ao menos conhecê-la, já fazia tanta questão de sua presença.

— Eu não sei, contudo, não sei se vou conseguir conviver com aquela criatura — Paola proferiu.

— Quando você olhar as contas do seus cartões de crédito chegarem, aí vai ter que empurrá-la garganta abaixo. — Marina disse e revirou os olhos, em seguida se levantou, começando a andar de um lado para o outro na sala, batendo uma caneta constantemente na palma da mão. — Mas não se preocupe, pois essa Maria não vai tirar nossa paz por muito tempo.

Paola sorriu com o tom de ameaça da amiga.

— O que pretende fazer?

— Você verá!

*

Era o horário do almoço da empresa e todos os funcionários praticamente saiam para comer, sendo em restaurantes próximos ou na sala de refeições da própria Béni. Maria não sabia para onde iria, todavia, quando passou pela recepção ouviu alguém chamando seu nome.

— Maria, para onde está indo? — Ela virou-se e reconheceu a bela moça que encontrará pela parte da manhã.

— Ah, oi! — Maria acenou, acanhadamente. — Eu vou procurar algum lugar para comer.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora