6

1K 79 142
                                    

— Por que você é assim? — falou depois de alguns segundos em silêncio.

— Assim como? — o olhou por fim.

— Arisca! Tinhosa! Teimosa! — foi enumerando nos dedos. — Não percebe que o único que as pessoas fazem é cuidar de você! — a voz era grossa e firme ao mesmo tempo.

Inês elevou a sobrancelha e antes de falar molhou os lábios.

— E você por que quer cuidar de mim?

Victoriano respirou fundo se perguntando o porquê de também querer cuidar dela e não conseguia formular uma justificativa em sua cabeça, só sabia que queria cuidar dela. Ele sentia que Inês precisava de um cuidado que ele tinha pra dar e o faria, mas não com segundas intenções e sim como uma espécie de amigo.

— Eu não sei o porquê, mas eu preciso! — foi verdadeiro. — Eu sinto que você precisa de alguém que cuide de você, mas você não permite por ser teimosa!

— Eu não sou teimosa! — retrucou.

— Eu estou bem vendo que não! — foi cínico e se aproximou mais abaixando frente a ela. — Inês, eu sei que pra você essa bebê significa o mundo, eu sei porque eu também me senti assim quando meu filho estava pra chegar, eu cuido de você porque não quero que caia novamente e faça sua filha nascer.

— Eu estou me cuidando!

— Eu sei que sim, mas um curral não é lugar pra você! — a olhava nos olhos e era a primeira vez que conversavam sem farpas ou arrogância. — Não estou diminuindo o seu trabalho ou você como mulher, mas essa bebê aqui merece toda sua atenção.

Inês encheu os olhos de lágrimas e se controlou para não chorar, ele estava ali cuidando dela de um modo como ela já não sentia há meses.

— Eu só queria ver o bezerro nascer, eu nunca vi! — chorou porque nunca tinha chegado a ver de perto desde que chegou ali. — Eu só queria ver! — fez bico chorando.

Victoriano tentou controlar o riso, mas foi impossível por que tinha horas que ela parecia uma criança pelo modo como falava.

— Você pode ir ver comigo, mas lembre-se bem. — tocou o ventre dela com as duas mãos. — Essa menininha aqui é a sua prioridade!

Foi um choque de sentimentos no corpo dela ao tê-lo com as duas mãos em sua barriga, ninguém a tocava daquele modo a não ser Dulce e ela nem soube como reagir, a proximidade entre eles era tamanha que o próximo passo poderia sim ser o beijo, mas ele levantou estendendo a mão para ela para que pudessem ir ver o nascimento do bezerro. Victoriano não estava disposto a se envolver com mulher alguma e o que tinha por ela era cuidado e nada mais, não daria falsas esperanças para ela se não cumpriria depois, por seu coração estar fechado para o amor.

Inês segurou em sua mão depois de segundos presa em seu olhar e eles deram dois passos juntos para sair, mas ela voltou pegando o copo de suco e o cesto. Victoriano riu e ela deu o copo para ele segurar e enquanto caminhavam em completo silêncio, ela comia com gosto aqueles deliciosos pãezinhos de queijo.

— Meu Deus, isso é muito bom! — sorriu e ele também. — Você pode pedir a sua empregada pra fazer mais pra que eu possa levar pra casa? — pediu sem vergonha alguma. — Você não vai querer que te ligue às três da manhã para que me leve mais né?

Ele riu porque ela era toda bagunçada e ele começava a gostar de mais de sua bagunça.

— Eu vou pedir para que façam uma fornada só pra você levar pra casa e se quiser mais é só pedir!

— Aí como você é maravilhoso... — arregalou os olhos e o olhou com a mão nos lábios por alguns segundos. — Os pãezinhos que fique claro!

Día De Sorte - Ineriano ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora