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É certo que depois da tempestade sempre podemos vislumbrar o arco-íris.

Inês observava atentamente todos os sorrisos distribuídos ao redor da mesa, sentia seu coração mais leve, sua alma em paz por ter todos ao seu lado. Nos dias de tormento se imaginava assim, no mesmo lugar onde estava agora, mas tudo o que tinha era tristeza de ter sua família arrancada de seus braços.

Maneou a cabeça negativamente, não queria levar seus pensamentos a um lugar tão escuros, a memórias que já não faziam mais parte de si, estava tudo bem, todos estavam bem e o único que precisava imaginar, ou melhor, viver, era a felicidade. Mesmo tendo todos ali, Inês ainda sentia que faltava algo, queria não saber o que era ou o que lhe faltava.

Lia!

A mulher que lhe deu à luz.

A mulher que deveria lhe proteger de tudo e de todos, mas que havia se perdido no meio do caminho.

Inês poderia seguir negando para todos, para si mesma, que Lia não lhe fazia falta, mas infelizmente a mãe fazia uma falta tremenda. Lia havia ido embora com o namorado assim que Victoriano saiu do hospital, foi sem dar tchau ou a certificar de que realmente continuaria o tratamento.

Inês achou que assim seria melhor, mas que grande mentirosa era. Vez ou outra perguntava a Benito se a mãe estava bem, se estava se cuidando, e ele sempre lhe garantia que estava cuidando dela e dando amor enquanto a veterinária não conseguia.

Inês estava tão perdida em seus pensamentos que só voltou a prestar atenção ao redor quando sentiu as mãos de Victoriano lhe aquecer os braços.

— Você está bem? — o fazendeiro perguntou.

Inês virou a cabeça para olhá-lo.

— Só me distrai. — beijou sua bochecha. — Perdi algo importante do falatório?

— Nada além de como Alejandro vai ensinar o bebê a jogar futebol, seu pai a pescar e Dulce surtar. — gargalhou gostosamente.

— Serão meses interessantes. — o beijou nos lábios como gostava. — Eu não consigo deixar de dizer que te amo.

— Não precisa. — a puxou para mais perto. — Eu amo te ouvir.

O beijo aconteceu tão apaixonado que se esqueceram da plateia e só se afastaram com a zombaria de Dulce que não perdia a chance de implicar com a amiga. Amora no colo do avô quis a atenção da mãe que prontamente a atendeu, estava com sono após uma pratada de comida e Inês achou melhor se afastar um pouco mais da mesa para que ela dormisse mais rápido.

— Agora somos só eu e você. — Inês sorriu e beijou a mãozinha de sua pequena. — Pode dormir tranquila que a mamãe não vai sair do seu lado.

Amora afundou mais o rosto no seio dela, enquanto sugava com vontade, Inês sentou-se num banco embaixo de uma árvore e ali alinhou mais ainda sua princesa para que pegasse no sono. Inês começou a cantarolar uma canção e sequer se deu conta de que estava sendo observada, se perdia fácil nos seus pensamentos e nesse momento não foi diferente.

— Filha? — a voz de lia soou após minutos.

Inês levantou o olhar e observou a mãe.

— Podemos conversar um momento? — Lia pediu.

Inês poderia até fugir daquela conversa, deixar as coisas como estavam, mas se o fizesse não conseguiria dar o seguinte passo em sua vida, era um ciclo a ser encerrado em sua vida. Lia se aproximou, sentou-se ao seu lado, os olhos percorreram a neta que dormia agarrada ao seio da mãe e sorriu.

— Ela está cada dia mais parecida a você. — ousou tocar no pezinho da neta. — Quando você era do tamanho dela, também adorava ficar grudada no peito.

Día De Sorte - Ineriano ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora