43

607 74 179
                                    

Lia sentiu os olhos queimarem pelas lágrimas e olhando para os lados se encaminhou para o banheiro. As palavras de sua filha lhe doeram, mas não tanto quando seu olhar frio, perdeu tudo e se questionava se realmente estava fazendo o certo. Como poderia estar fazendo o certo se prejudicava seu próprio sangue? Lavou as mãos e se olhou no espelho, uma lagrima escorreu por seu rosto, mas já era tarde demais.

Um coração com boas intenções não machuca, não destrói quem mais ama igual Lia estava fazendo. Lia tinha tudo para estar ao lado de sua filha, mas escolheu estar ao lado de uma pessoa que ela julgava estar arrependido, mas estaria mesmo? Ela comprou uma briga que não era dela e ali começava a colher tudo que plantou.

Inês não teria piedade por ela e tinha razão em tudo que fazia e falava para ela mesmo que lhe doesse tratar sua mãe daquele modo, nunca pensou que a trataria daquele modo já que era a pessoa que mais amava. Lia refletiu por minutos dentro daquele banheiro e quando saiu já não havia ninguém ali, sentou e esperou para saber qual seria o resultado da audiência. Na sala Inês ouvia o advogado de Vicente e muitas das vezes era obrigada a rir pelas coisas que ouvia.

Vicente era desenhado como um homem maravilhoso e tinha o direito de estar perto de sua filha para vê-la crescer e Inês como a mãe que impedia que isso acontecesse. Era tanto o descaro que sua vontade era gritar que ele era somente um mentiroso e que não valia nada mais ainda não era momento, mas sua hora chegaria e ela falaria tudo que estava engasgado.

Ela o olhava com tanto rancor que chegava a embrulhar o estomago, não gostava de sentir sentimentos ruins pelas pessoas, mas ele e Lia recebiam dela somente o seu pior lado. Quando Rômulo começou a falar e mostrar todas as provas que tinha contra ele, seu advogado protestou diversas vezes, mas o juiz se negou todas às vezes e deixou que ele falasse.

— E diante de tudo que lhe foi apresentado, eu como representante dessa mãe! — apontou para Inês. — Peço que não permita as visitas longe de um responsável e se possível que tenha um assistente social presente!

— Eu não quero que esse homem esteja perto da minha filha, ele a rejeitou antes mesmo de ela ter nascido! — Inês falou com ódio.

— Ela proibir que meu cliente veja a filha é crime! — Paulo, advogado de Vicente falou.

— Silencio! — ordenou. — O senhor julga que a menor esteja correndo perigo ao lado do pai? — dirigiu a pergunta a Rômulo.

— Eu acredito! — foi firme. — Esse senhor conseguiu uma audiência sem a presença da minha cliente e conseguiu que as visitas fossem autorizadas com a ajuda da avó e somente descobrimos porque ele apareceu na porta dela, como se tivesse direito a algo que não lhe correspondia! — os olhava. — Falsificaram documentos para invalidade qualquer oportunidade de defesa da minha cliente e assim conseguir a guarda da menina. Então eu acredito que ele possa querer levar a menina e nunca mais aparecer!

— Isso é uma calúnia! — Vicente se manifestou indignado.

— Eu não duvidaria se fizesse isso, por isso quero proteger a minha filha de um pai canalha como esse! — o olhava com nojo.

— Senhora? — o juiz chamou sua atenção. — A senhora sabe que cedo ou tarde ele vai conseguir o direito de ver sua filha? — ela concordou. — Vamos facilitar e autorizar as visitas?

— Minha filha só tem quatro meses e estranha as pessoas! — encheu os olhos de lágrimas. — Eu sei que ele tem direito, mas se fosse por mim, ele não estaria perto dela até que fosse maior e soubesse de tudo!

— Eu me equivoquei uma única vez e você vai me condenar para sempre?

Inês o olhou com profundo desprezo.

Día De Sorte - Ineriano ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora