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Saíram da casa e mais ao fundo encontraram mais um barraco caminhou com cuidado, ao entrarem deram de cara com Victoriano amarrado e um corpo de bruços no chão. Basto fez um sinal com a cabeça e dois policiais se aproximaram para checar se ainda estavam vivos. Inês, como era teimosa, deixou Alejandro com a irmã e seguiu o caminho que os policiais fizeram, chovia muito, o céu já clareava com os raios e com um raio desses, ela o viu amarrado como um animal.

— Victoriano?!

Inês sentiu seu coração doer como jamais pensou que doeria, doeu até mais do que quando se decepcionou com Vicente e seu abandono. Era monstruoso ver como ele estava preso, se aproximou mesmo sentindo suas pernas travadas, o medo tomou conta de seu corpo, medo de que estivesse morto, de que tivesse chegado tarde demais para salvá-lo.

O rosto estava inundado de lágrimas misturadas com as gotas de chuva, o tocou, levantou sua cabeça e lhe doeu o quanto estava machucado.

— Meu amor? — Inês o chamou num sussurro. — Me perdoe.

— Inês, se afaste que precisamos soltá-lo. — Bastos pediu.

Ela não o ouvia, estava imersa em sua dor, sua mente nunca mais esqueceria o que via, não sabia se conseguiria se perdoar pelo modo como ele havia sido machucado e por sua culpa. Bastos a tocou nos ombros, com cuidado a afastou, os outros policiais trabalharam com cuidado para tirá-lo da posição e o deitaram no chão.

— A ambulância já está vindo. — Bastos a comunicou.

Inês se ajoelhou ao lado de Victoriano, segurou sua mão a enchendo de beijos, rogava a Deus para que ele se salvasse e ao ouvir o resmungar levantou os olhos, mas não era de seu noivo. Os olhos ficaram negros no mesmo instante, virou e viu Vicente ser levantado pelos polícias, não pensou muito, apenas levantou e com a velocidade que tomou até ele o acertou precisamente com um soco no meio da cara, o choque na mão foi instantâneo e ela gemeu de dor.

— Inês, por Deus. — Bastos a afastou.

— Desgraçado. — segurou a mão. — Eu vou acabar com a sua vida. — se soltou com agilidade do delegado e o acertou várias vezes, mesmo sentindo a mão latejar. — Você vai apodrecer na cadeira, verme. — cuspiu em sua cara antes de ser novamente contida por Bastos.

Vicente nada falou, estava desnorteado, dolorido pelas pauladas que tinha levado e os policiais o tiraram dali para que ela não se complicasse.

— Fique calma, já acabou. — Bastos a abraçou com respeito.

Inês se deixou chorar forte em seus braços, estava destruída mentalmente e não conseguia mensurar o que Victoriano havia passado nos três dias. A ambulância chegou, fizeram os primeiros socorros ali mesmo e logo o levaram.

***

Todos foram atendidos ao chegar no hospital. Inês precisou deixar uma bolsa de gelo na mão direita, começava a tomar um tom arroxeado, mas felizmente não teria que imobilizar, as crianças estavam bem, não sofreram nada, não estavam desidratados, não passaram fome como imaginou que estariam. Alejandro detalhou para a mãe como havia sido aqueles dias, contou como tinham fugido e Inês o abraçou forte pedindo perdão pelo mau momento, ele a encheu de beijos, carinho e assim também foi com a pequena Amora que ela não queria largar.

— Eu prometo que nada mais vai acontecer com vocês. — Inês os beijava muito.

— Eu também não vou permitir, mãe.

Matias, Dulce, Lia e Benito chegaram ao hospital, ficaram aguardando na recepção por notícias até que Inês saiu com os filhos nos braços. Dulce foi a primeira a se aproximar, beijou muito Alejandro e Amora foi com mais calma por estar adormecida.

— Graças a Deus que estão bem. — Dulce falou e tocou o rosto da amiga. — E Victoriano?

— Ainda não sei, ele estava tão machucado. — o final saiu num sussurro para não perturbar ainda mais o filho.

— Ele vai ficar bem, você vai ver. — Dulce a beijou no rosto. — Tudo vai ficar bem agora.

— Eu estou com medo. — os olhos se encheram de lágrimas mais uma vez, queria se desesperar, mas os filhos ainda precisavam dela.

Dulce pegou Amora de seus braços, mesmo ela não querendo se afastar e a trouxe também para seus braços, beijou seus cabelos e a confortou. Elas tinham o próprio mundo, sabiam como se confortar, tinham plena confiança uma na outra por viverem durante meses sendo somente às duas. Matias deu os minutos necessários para elas e então se aproximou se juntando ao abraço, beijou os netos e agradeceu aos céus por estarem bem.

Inês se deixou se cuidada por eles mais uma vez. Lia se manteve longe, com a esperança de poder se aproximar deles, mas só o faria se a filha permitisse. Alejandro recebeu colo do avô ao sentarem, Inês deitou sua cabeça no ombro de Dulce e então olhou para a mãe. A morena não queria sentir tanto desprezo por sua própria mãe, mas vê-la era o mesmo que ver Vicente em sua frente e ela fechou os olhos, deixando que mais lágrimas molhassem seu rosto.

Não demorou muito para que Inês ficasse parada frente ao médico, as mãos tremiam, o coração tamborilava rapidamente e esperava que não tivesse mais notícias ruins.

— Vamos levá-lo para cirurgia, está com uma hemorragia interna e duas costelas quebradas. — a informava. — Mas ele despertou e quer ver a senhora.

— E o que ainda estamos fazendo aqui? — Inês ralhou.

O homem sorriu, apontou com a mão e eles seguiram pelo corredor, entraram no elevador, pararam em três andares até que estavam no andar da cirurgia. Inês foi preparada, e então deixada na sala em que ele estava.

— Inês... — A voz dele saiu fraca.

Inês caminhou rapidamente até a maca e o olhou, um olho já não abria, seu rosto estava bem machucado assim como seu abdômen.

— O-Oi, amor. — levou a mão tremula para tocar seu rosto.

— Nossos filhos estão bem? — tinha dificuldade para falar.

— Não se esforce tanto, eles estão bem graças a você. — o beijou nos lábios, precisava sentir que ele realmente estava ali com ela.

— Alejandro quem nos salvou. — deu um longo suspiro ao sentir seus lábios. — Eu te amo.

— Me perdoe por tudo isso que passou.

— Não se culpe pelo erro dos outros, estamos aqui e bem. — deu um meio sorriso. — No final deu tudo certo.

— Eu te amo tanto. — o beijou mais umas quantas vezes.

O enfermeiro entrou para levá-lo. Inês o tocou mais uma vez para sentir sua pele quente, se afastou para não atrapalhar, ficou o observando ser levado e respirou um pouco mais aliviada por tudo estar voltando aos trilhos.

 Inês o tocou mais uma vez para sentir sua pele quente, se afastou para não atrapalhar, ficou o observando ser levado e respirou um pouco mais aliviada por tudo estar voltando aos trilhos

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Depois da tempestade sempre vem a calmaria...

Assim espero que aqui seja.

Um beijo e até o próximo.

Día De Sorte - Ineriano ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora