Capítulo 2

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Na quele exato momento a expressão de incredulidade no rosto de Carol só não superava o vinco que se formaram em sua testa, indicando a falta de apetite. A comida que havia sido posta em seu prato não era nojenta como costumava dizer, por sorte, contudo, tampouco era aquelas mil maravilha.

— Salada ou não? – A cozinheira voltou a repetir com sua expressão de tédio e carol acordou de seu transe.

— Ôh boneca, acho melhor escolher logo, estou com fome e não tenho o dia todo. – Uma mulher extremamente tatuada, com a cabeça raspada e com marcas que carol julgou ser onde os piercings ficavam, falou sorrindo de forma cafajeste para Carol, que assentiu e pediu salada, saindo dali às pressas para movimentar a fila.

Ela procurou uma mesa para se sentar, porém todas estavam ocupadas, o que lhe deixava somente uma opção: Conversar com outra detenta. Seus olhos procuraram algum rosto não tão assustador e então encontraram o mesmo par de olhos castanhos brilhantes lhe encarando. Ela respirou fundo e caminhou até sua mesa.

— Será que eu posso...

— Não. Vaza! – A voz rouca foi firme, fria e seca, fazendo Carol suspirar e assentir.

Ela franzio o senho quando viu uma mão no alto acenando para ela desesperadamente. Deu uma olhada pra trás e aos arredores, se certificando de que era com ela e quando constatou que sim se aproximou.

— Olá, sante-se. – A voz meiga proferiu. Carol atendeu seu pedido e se sentou, reparando que a garota era loira, sorridente e gentil.
Ela usava um uniforme marrom e branco, então não era novata. – Me chamo Maellen.

— Sou Carol. – Ela disse um pouco cética devido a todo aqula gentileza e bom humor.

— Primeiro dia aqui e já tem várias de olho em você. Logo alguém te pega. – Carol franzio o senho.

— Alguém me pega? – Perguntou confusa.

— Sim, demorei três meses para ser pega por alguém, mas duvido que você passe de uma semana.

— Em que sentido? – Carol perguntou alheia ao que a garota dizia.

— Oh, é a sua primeira vez presa? – A garota perguntou e Carol assentiu. – Bem, as líderes dos bandos costumam pegar as novatas para serem suas parceiras sexuais. Elas te oferecem proteção em troca e outros benefícios, como comidas melhores dos que as que nos dão aqui.

— Não estou interessada, Obrigada. – Carol disse tentando comer uma folha de alface, que era a única que sentiu vontade de comer. Carol riu ao ouvir aquilo, levando sua mão até sua boca para abafar o som.

— Você é engraçada. – Disse e Carol percebeu que sua voz era um pouco enjoativa. – Não é como se estivéssemos opção. Se não fizermos por vontade própria, uma hora ou outra alguém fará a força. – Carol engoliu em seco. – Nem todas são assim, mas algumas... – A garota deixou sua frase morrer ao dar de ombros.

— Quem... Quem é aquela?– Carol perguntou apontando com o queixo para a garota de olhos castanhos que ainda a fitava sem pudor.

— Bárbara Passos. Não deveríamos falar dela, é a líder absoluta.

— Ela não para de me olhar. É intimidador isso. – Carol reclamou e a garota arregalou os olhos.

— Ela te olha? – Carol assentiu. — Talvez você quebre o título dela de intacta.

— Intacta?

— Sim. Ela está aqui há quase três anos e ae tornou a líder no primeiro ano, quando derrotou a antiga líder. – Falou baixo pra ninguém mais ouvi-las. — Ela jamais pegou alguma novata para ela.

— Por que ela está aqui? –Carol não se conteve em perguntar, vendo a outra dar de ombros.

— Ninguém sabe ao certo. Umas dizem que ela matou três pessoas à sangue frio, outras dizem que esquartejou a ex-namorada, mas a verdade é que nunca saberemos, porque ninguém ousa a perguntar. – Carol assentiu e se calou.

Teriam que tomar banho em alguns minutos e logo voltar para a cela. Cela, lá estava o novo medo de Carol, afinal ela não sabia com quem dividiria espaço.

— Está aqui por quê? – Maellen perguntou e Carol se remexeu em seu acento.

— Um engano. – Na elle riu baixinho e assentiu.

— Todas dizemos isso, até o momento que nos conformamos em assumir a culpa. – Ela disse. — Do que foi acusada?

— Assassinato. – Disse seriamente.

— Uou, interessante. E quem você matou?

— Não matei ninguém. – Carol disse firmemente e com a expressão de irritação em seu rosto.

— Quem te acusaram de matar? – A garota reformulou a pergunta.

— Meu irmão e de tentar matar minha mãe.

— Nossa. Quanto tempo pegou? – A garota perguntou curiosa.

— Vinte e dois anos.

— Bem, sua pena pode se reduzir para mais da metade disso se você se comportar. Eu mesma, peguei sete anos, estou aqui há dois anos e meio e saio no próximo semestre se manter a boa conduta.

— Minha pena implica em não ter direito á redução de pena por bom comportamento ou por pagamento de fiança. – Carol explicou. — Oque fez?

— Roubo de carro e presa em flagrante.

— Pegou tudo isso por roubo de carro?

— Eu não sabia que era do senador. – Carol abriu a boca surpresa, mas aparentemente  a garota estava acostumada com aquilo.

— Bem, logo sairá daqui então. – Carol disse, voltando a olhar para a garota de olhos castanhos. Ela sabia que deveria seguir o conselho da policial Esquierdo, mas não entendia o porquê de ser tão observada.

— Sim. Reparei que tem três de olho em você. – Maellen disse. – Por sorte a minha não está.

— Não entendi.

— Às vezes elas trocam de parceiras e as antigas ficam desprotegidas novamente.
Tem vezes que elas ficam com mais de uma parceira. Sabe a tatuada? – Carol assentiu assim que viu que maellen se referia à garota da fila — Seu nome é Scarlett, mas a chamamos de Scar e acredite, não é pelo nome. – A garota revelou. — É porque a cada nova cicatriz ele faz uma nova tatuagem em cima.
— Oh. – Carol disse levemente assustada.

— Ela parece está de olho em você, mas não se preocupe. Ela só aparenta ser assustadora, é um doce de pessoa.

— Estou ficando assustada. – Carol revelou, rindo fraco e a garota assentiu.

— Desculpe, não foi minha intenção. – Maellen disse, olhando para um ponto fixo atrás de Carol antes de se levantar. — Preciso ir, minha mulher está me chamando. Até mais. – Disse e saiu, Carol olhou pra trás e viu uma garota morena, magra, porém de riso fácil dando um selinho em maellen.

A garota suspirou amedrontada em seu interior. Em que furada sua mãe havia lhe metido dessa vez?

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora