Capítulo 4

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O famoso toque de recolher soou e todas foram rumo às celas. Carol havia passado no começo do dia nela, apenas para saber a localização,  porém não tinha ideia de com quem dividiria o ambiente.

Ela estava exausta e só queria dormir, por isso foi até sua cela, mas antes de entrar viu a figura de Maellen entrando na cela de frente para sua. O que dividia o espaço entre as celas era os corrimões azuis, que eram proteção para ninguém cair no enorme vão do meio do local, que dava a visão clara das celas de abaixo.

Sem mais delongas ela entrou, vendo um vaso sanitário no canto da cela e um minúsculo lavatório. Não que usassem o vaso dali sempre, tinham banheiroa fora das celas. Mas e se umas delas tivesse dor de barriga durante a madrugada? Pensou Carol. Teriam que fazer suas necessidades na frente da outra?

Definitivamente Carol não sabia quem ficaria mais constrangida. Céus, ele rezou por não terem dor de barriga.

Seus olhos analisaram o beliche, porém a dúvida lhe surgiu: Qual seria sua cama? Seu olhar se focou no pôster de uma banda desconhecida por ela na parede de cima, então ela presumiu que sua cama fosse a de baixo.

Sentou na cama e viu uma revista sobre ela, com seu nome. Um longo suspiro se esvaiu de seus pulmões quando viu a letra se sua irmã, pedindo pra ela abrir na pagina doze.

Seu olhos esburgalharam o ver uma foto sua algemada enquanto a levavam para o carro de polícia. Sua irmã pede pra ela não contar que é rica e lhe manda a porra de um revista que onde "A milionária Carolina Marzin foi presa, nesta quarta-feira, por ser a principal suspeita do assassinato do empresário Macos Dias Marzin." Genial ideia de sua irmã, pensou revirando os olhos.

Carol soube que a revista não era tão atualizada, afinal de contas, agora já não era a principal  suspeita; era a assassina, pelo menos aos olhos das leis e dos milhões de telespectadores.

Ela fechou a revista quando viu alguém se aproximar e logo seus olhos reconheceram a figura. Ela rezou internamente para não fecharem aquelas celas, não poderia, não era justo com ela.

Dividir a cela com Alex estava fora de cogitação.

Mas era a sua realidade e, à medida que a garota se aproximava, um sorriso vitorioso ia preenchendo seus lábios.

— Olá novamente, novata. – Ela disse enfiando as mãos nos bolsos da calça marrom clara, fazendo Carol a olhar receosa.

— Olá. – Carol disse, até que a garota subiu em sua cama e se calou.  Carol rasgou a parte da revista onde falava sobre ela e sem pressa picotou em centenas de pedaços, até que sua imagem foi desaparecendo por completo.

Outra vez o ruído, exatamente com sirenes, soou nos corredores e logo Carol viu que policiais estavam indo de cela em cela, revistando as garotas antes de fecharem o local. Sua vez chegou e ela e Alex foram revistadas. Todo o processo continuou e, após finalizarem, as luzes principais do corredores foram apagadas.

O pesadelo do fim do dia começou aí, porque a garota da cama de cima desceu subindo em cima de Carol, que já havia se deitado confortavelmente.

— Finalmente a sós, boneca. – A garota disse, distribuindo beijos Ao longo do pescoço de Carol. A menor acertou o joelho no meio das pernas da outra garota, porque apesar de não ter a genitália masculina, ela sabia que aquilo doeria mais.

A garota se contorceu em cima dela, mas logo pressionou seu joelho contra a intimidade de Carol. Visivelmente ela era mais forte, Carol sabia, porém não deixaria as coisas serem tão fáceis assim.

— Eu vou gritar. – Carol resmungou, empurrando ela. — Mas você não vai me tocar.

— Você está fazendo as coisas mais difíceis pra mim. – A garota disse, se levantando e pegando algo, que Carol não soube identificar oque era, antes de bater contra as grades do lugar. Instantes depois uma policial loira apareceu e Carol suspirou aliviada.

— Oque quer, Campbell? – A policial perguntou secamente.

— Preciso que cuide do perímetro pra mim, vou me divertir um pouco. – Ela disse e a policial entortou a sombrancelha.

— Você é uma filha de uma mãe, Alex. – A mulher disse suspirando. — Quero três mil na conta amanhã por esse favor, se não, as coisas vão se complicar para você. – Carol arregalou os olhos.

— Fechado. – Alex disse sorrindo, se virando para Carol. — Parece que teremos uma longa noite, boneca. – Ela disse, indo até sua cama e pegando um lençol, o pendurando nas grades para tampar  a visão das outras celas.

— Você não vai tocar em mim. – Carol disse, se afastando da cama e indo para o canto do vaso sanitário.

— Oh, eu vou. – A mulher disse sorrindo prepotente. – Mas não se preocupe, você terá a minha proteção, ninguém aqui vai arrumar encrenca com você e, bem, diga-me oque sentir vontade de comer que eu te arranjo. – ela disse, retirando sua camisa e deixando seus seios à mostra.

— Você quer dizer além de você? – Carol perguntou e a garota sorriu.

— Você tem garra, admiro isso em você, mas acho que precisa entender como as coisas funcionam aqui. – A garota disse, se aproximando de Carol antes de tentar puxá-la pra si.

Carol a empurrou, mas a garota acabou puxando-a junto, fazendo ambas rolarem pelo chão. A garota inverteu as posições e subiu em cima de Carol, que ergueu um braço e puxou o lençol das grades, deixando as outras de fora verem oque acontecia ali.

Ela se levantou ao chutar Alex e encostou o rosto nas grades, gritando a pleno pulmões por socorro, mas sentiu uma dor lancinante ao sentir seu rosto ser empurrado contra o ferro com força.

Seus olhos captaram  a imagem do olhar preocupado de Maellen na cela distante, à frente dela. Sua cabeça foi acertada outra vez contra o ferro antes de sentir uma lágrima escorrer de seus olhos e a garota agarrar seu corpo, rasgando sua blusa.

Ela olhou uma última vez suplicante para a garota da cela à frente, vendo Maellen começar a bater algo contra suas grades sem falar nada, como se não quisesse ser reconhecida por ser a causadora do que viria a seguir: todas as outras começaram a bater em suas grades, gerando assim os gritos "Briga, briga, briga."

Um minuto depois havia três policiais abrindo sua cela, com armas apontadas pra elas.

— Virem-se e mãos na cabeça, sem gracinhas. – Uma delas disse e ambas obedeceram. – Quem começou isso? Ambas se calaram, até que a voz da cela ao lado surpreendeu Carol.

— Foi a Campbell, eu ouvi tudo. – A garota disse. Carol conhecia aquela voz, era Scar, a garota da fila.

— Vai se foder, Scarlett. – Alex gritou e a risada do outro lado da parede ecoou.

— Boa sorte na detenção. – Ela retrucou.

— Você vem comigo! – A policial disse para Alex. – E você... Enfermaria. Completou, apontando para Carol. Está livre dessa vez, mas se arrumar mais brigas será a próxima na quela detenção. A mulher disse seriamente e Carol assentiu, Sendo levada por umas das policiais para a enfermaria.

Seus olhos olharam agradecidos para Maellen, que tinha uma expressão preocupada no rosto, provavelmente pelo sangue que Carol sentia escorrer pela testa.

No caminho apenas duas cela da sua, seus olhos captaram um par de olhos castanho, analisando confusa as duas policiais levarem Alex sem a parte de cima do uniforme, com os seios à mostra, logo, ela encarou Carol, que vinha atrás com outra policial. Bárbara analisou minuciosamente cada pedaço do seu estrago: Sua camisa rasgada, onde mostrava uma parte de um de seus seios, o lábio cortado e a testa sangrando. Carol não viu muito, afinal passou rápido por ela, mas jurava ter visto os dedos brancos se apertando contra as grades, como se algo tivesse realmente enfurecido.

                               (...)

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora