Capítulo 53

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A suavidade e a calma que a mão de Carol tocou a porta contradizia totalmente o que ela sentia por dentro. O médico havia lhe dito que sua mãe havia surtado e que uma dose forte de calmante havia sido necessária para tranquilizá-la e que, apesar de tentar descobrir, a mulher jamais revelara o fator que havia lhe deixado daquela maneira. Ela só queria falar com Carol e, por tal razão, a clínica resolveu contatar a garota.

Quando ela não obteve resposta ao tocar pela segunda vez ela decidiu abrir a porta, vendo sua mãe recostada na cama, encarando a parede com o olhar vazio. Carol respirou fundo e virou a cabeça na direção de Bárbara, sentindo levemente mais calma ao ver sua namorada lhe mandar um beijo no ar enquanto acariciava as costas de Sophia, que dormia em seu colo, tendo a cabeça apoiada em seu ombro

— Vá, eu espero aqui na porta. – Bárbara sussurrou e Carol assentiu, entrando no quarto no momento seguinte. Bárbara ficou encarando-a da porta na medida que a menor se aproximava cautelosamente de sua mãe.

— Mãe? – Carol chamou, parando ao lado da mulher. A mesma piscou lentamente, tendo a boca levemente inclinada para o lado, um típico sinal de que ela estava mesmo dopada. A mulher lentamente fitou sua filha, fazendo a garota se surpreender ao ver os olhos fundos e avermelhados; havia uma trilha de lágrimas em seu rosto e a garota percebeu que sua mãe estava chorando em silêncio.

— Hey... O que houve, mamãe? – Ela perguntou, se sentando rapidamente na cama ao lado de sua mãe e acariciando o rosto da mesma. A mulher parecia sem rumo, presa em seu próprio mundo, como se apenas estivesse ali por obrigação.

— Eu... o matei, não foi? – Sua voz não passou de um resquício, fazendo Carol abrir a boca sem reação ao ouvir aquilo.

Ali era sua mãe. Sem os sintomas de sua doença, porque a mulher teria jogado a culpa em algum demônio que invadiu seu corpo ou em espíritos malignos, mas não, a pessoa em sua frente havia perguntado se fora ela a culpada da morte de seu irmão. A mais nova sentiu seu coração se comprimir em seu peito, sua mãe havia se lembrado.

— Você não estava be...

— Quero ouvir um sim ou um não. – A mulher a cortou seriamente, olhando com a maior dor existente em seu peito para sua filha.

— Foram as minhas mãos que esfaquearam o meu filho? – Carol não queria ter que responder aquela pergunta. Sua mãe não estava bem quando havia feito aquilo, porém, de fato havia sido suas mãos que executaram o crime.

Os olhos verdes da mais nova buscaram os de sua namorada, que de longe a fitava com carinho no olhar. Carol mordeu o lábio inferior e suspirou, se virando novamente para sua mãe.

— Sim, mãe. – Disse com profundo pesar.

— Só que... – Um choro agudo perfurou seus ouvidos, a impedindo de tentar falar, fazendo-a tentar segurar as mãos de sua mãe para tentar acalmá-la, porém a mulher não lhe deu espaço. Apesar do forte efeito do calmante, Mirian chorava alto, com os olhos fechados conforme tremia seu corpo; a cor arroxeada já preenchia o tecido de sua pele e as veias já estavam saltadas.

Carol queria poder fazer algo, porém sua mãe estava visivelmente alterada. Ela fitou sua namorada, mas viu a garota se afastando da porta do quarto para que os gritos não acordassem Sophia.

— Mãe, por favor... – Carol pediu, vendo a mulher chorar ainda mais alto.

— S-saia daqui, Carol! – A mulher disse com dificuldade, pois chorava alto.

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora