Capítulo 18

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Os olhos verdes analisavam de longe a morena de olhos castanhos se sentando na mini-arquibancada do outro lado do pátio. Ela ainda tinha a pose séria e fria.

Fazia cerca de uma semana desde que conversaram e depois daquilo Bárbara não lhe respondia mais. Carol tentou de tudo, porém foi impossível. Bárbara realmente havia ficado chateada.

— Brigaram? – A voz de Maellen soou por trás de Carol, fazendo a menor assentir.

— Você é bem corajosa. – Maellen disse. — Ninguém aqui ousaria ser idiota com ela depois de saber que ela quase matou à antiga líder. – Comentou. — Só não matou porque a outra se rendeu.

— Essas informações são verídicas? – Carol perguntou.

— Dizem que sim. Dizem que a mulher morreu dias depois e dizem que foi Bárbara quem matou, mas não levou a culpa porque soube disfarçar o crime.

— Bárbara não seria capaz. – Carol murmurou e Maellen riu.

— Você está se apaixonando? – Perguntou. — Porque só assim para achar que ela não seria capaz. Ela é a líder daqui, Carol.

Carol ficou quieta. Não discutiria sobre sua opinião com mais ninguém, afinal ninguém ali conhecia Bárbara como ela. Estava ali há pouco tempo, mas apesar disso ainda era a pessoa que mais conhecia Bárbara ali. Claro que possivelmente Milena e Thaiga conheciam melhor a garota e exatamente por isso elas não discutiam sobre Bárbara. Ninguém entenderia.

— Não estou me apaixonando. – Carol disse. — Mas gosto muito dela.

— Três semanas e já está caidinha. – Maellen disse rindo, soltando um pequeno ronco junto.

— Não estou muito bem para humor hoje, Maellen. Desculpe. – Carol disse tristemente, sorrindo fraco antes de caminhar até sua cela.

Naquele dia a luz do sol não faria diferença. Era pra ser um dia feliz, ela havia organizado em sua agenda aquela data havia meses. Sua sobrinha completava seis anos e ela sequer poderia dar um abraço, quem dirá aquele monte de coisas que havia organizado.

Ela se sentou em sua cama e se pôs a chorar baixinho, se perguntando aonde havia errado em sua vida para estar pagando um preço tão alto. Sua advogada não voltou a dar notícias, muito menos sua irmã.

Como será que sophia estaria? Será que ela perguntou sobre Carol? Eduarda teria lembrado de comprar o unicórnio para a menina em seu nome?

Com o coração destroçado Carol apoiou o rosto em seus joelhos, abraçando as pernas para chorar em posição fetal. Ela sempre brigava com seu irmão. Como não brigar? Ele era bastante irresponsável. Claro que tinha apenas Dezoito anos, porém tinha uma filha para quem devia responsabilidade e muitas das vezes não exercia, deixando o cargo vago para Carol.

A garotinha era mais apegada à sua tia Carol do que o próprio pai. Apesar de tantas brigas, Carol e Marcos haviam passado horas organizando aquele dia. Algo que jamais se repetiria. Nem a Sophia completaria três anos outra vez e nem Carol teria seu irmão para organizar algo em conjunto. O nó se apossou de sua garganta e ela desabou em um choro intenso, porém parou aquando sentiu uma mão em seu ombro.

— É hoje o aniversário que você citou, não é? – Bárbara perguntou, ignorando toda frieza do decorrer da semana e Carol assentiu, tendo seus olhos inchados e avermelhados.

A maior suspirou e se sentou ao seu lado, trazendo-a para seus braços em um abraço apertado. Carol não hesitou, se deixando cair em um choro forte, tendo seu rosto enterrado na curva do pescoço da maior.

— Sh... – Bárbara sussurrou e Carol a abraçou ainda mais forte, deixando suas defesas abaixadas.

— Eu cuidava dela como uma mãe. – Carol disse, em meio aos prantos e Bárbara suspirou. — Eu contava histórias e brincava com ela. eu... sinto tanta falta dela.

— Como ele é? – Bárbara perguntou, querendo entrenter a maior. Carol fungou e respirou fundo, pensando no que diria.

— Ela é doce, divertida. – Começou, se lembrando da pequena figura. — Ela tem a cor dos meus cabelos e dos olhos, porém sua pele é um pouco mais clara. – Carol disse, enxugando algumas lágrimas antes de se esquivar do abraço de Bárbara para olhá-la. — Ela é tão esperta para sua idade, você precisa ver Bárbara... – Bárbara suspirou, vendo um brilho lindo cintilar nos olhos da menor.

— Ela parece adorável. – Bárbara disse e Carol sorriu finalmente.

— Céus, ela é. – Carol disse e Bárbara repuxou o canto dos lábios em um meio sorriso.

— Gostaria de falar com ela? – Bárbara perguntou e Carol assentiu tristemente. — Sabe que esta manhã eu consegui uma coisa... – Bárbara falou, retirando algo de dentro do seu sutiã. — Preciso devolver até as cinco, mas que tal se eu conhecer a voz dela, hum? –  Carol abriu a boca em completa surpresa ao ver um telefone celular na mão de Bárbara.

— Você me emprestaria mesmo? – Carol perguntou e Bárbara riu.

— Está brincando? Você me deixou curiosa sobre essa criança. – Bárbara falou e Carol sorriu. — Só espere um minuto, vou chamar Thaiga para vigiar enquanto estivermos na ligação.

— Estivermos? – Carol perguntou confusa.

— Você realmente acha que eu não vou dar um oi para ela? – Bárbara perguntou e Carol se jogou em seus braços, a abraçando fortemente.

— Céus, eu te beijaria agora mesmo. – Carol comentou. — Obrigada mesmo, Bárbara. Eu jamais vou me esquecer disso. – A maior apenas assentiu um pouco sem graça por Carol ter citado beijo e logo se levantou.

— Não precisa me agradecer. – Ela disse, desaparecendo dali. Quando voltou viu que Carol tinha lavado o rosto e estava batendo o pé ansiosamente contra o chão.

— E então? – Carol perguntou em expectativa e segundos depois viu Thaiga parar na frente da cela, de braços cruzados enquanto Bárbara tapava parcialmente a visão lá de fora com lençóis.

— Vem cá. – Bárbara pediu, se sentando na cama de Carol com as costas na cabeceira, de costas para a grades e Carol se aproximou, sentindo Bárbara a puxar para o meio de suas pernas antes de sorrir. — Vire-se para a frente. – Bárbara disse rindo, vendo Carol que estava paralisada fitando seus lábios. – Sua irmã tem alguma rede social ou algo que dê para fazer video-chamada?

Tem. – Carol respondeu e Bárbara sorriu.

— Então coloque ela na linha. Faremos uma video-chamada. – Bárbara não podia entender o tamanho do sentimento que despertou em Carol ao ajudá-la com aquilo e, mesmo brigadas, era bom demais voltar a estar entre os braços da mais velha.

Bom diaa :)

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora