Capítulo 9

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Carol estava deitada enquanto olhava quadrinhos imaginários na parede. Sim, o tédio estava matando porém não mais do que a curiosidade sobre Bárbara Passos.

A garota era grosseira, seca, fria, contudo, se ofereceu em ajudar Carol. Ela também já foi gentil, mesmo sem perceber. A menor só queria entender aquela mulher. Por que ela ajudaria alguém gratuitamente?

Bárbara jamais se envolveu com alguém daquela cadeia, de acordo com Maellen. Então porque diria a todas que estava com Carol? Para sua única proteção? Muito estranho.

Bárbara a havia beijado, um selinho, na frente de todas. Aqueles lábios rosados e tão beijavéis, junto com aquele olhar intenso que derretia qualquer iceberg... Não! Ela não deveria pensar nisso, se repreendeu.

O barulho de sua cela sendo aberta a fez respirar fundo. A merda aconteceria, se tivesse que acontecer.

— Olá, novata. – O sorriso rancoroso no rosto de Alex fez Carol sentir o frio cortar toda a sua espinha.

— Carol Marzin. – A voz da guarda fez Carol a olhar. Era Esquierdo.

— Sim? – Carol perguntou baixo antes de fitar Alex. Seus olhos a fitavam ansiosamente, à esperança daquela gurda sair para acertar as contas. O nariz da garota tava enfaixado e ela tinha um olho roxo.

— Arrume seus pertences que em menos de dois minutos volto aqui. – Ela disse e Carol assentiu confusa, apesar de não ter quase nada. Alguns intens de higiene pessoal e roupas íntimas.

— Quebraram meu nariz sua, vadia. – Alex disse irritada assim que Milena saiu. – Vou esperar Esquierdo fazer seja lá o que for aqui nessa inspeção de cela e está noite você me paga. Passos verá quem manda nessa merda.

— Eu sinto muito por seu nariz. – Carol disse baixo, se sentando e arrumando suas coisas no canto de sua cama.

— Ah, com certeza não sente, sua vadia. – Alex disse cruzando os braços. — Não mandei se sentar. levante! – Impôs e Carol obedeceu. — Bárbara deveria saber que você só está com ela por interesse, mas deveria ter escolhido melhor, boneca, sou eu quem tenhon todas as guardas compradas.

— Nem todas. – A voz de Esquierdo soou firme e Alex a olhou assustada. — Marzin, pegue suas coisas e me acompanhe.

— Não quis dizer que as compro de verdade, senhora. São todas mulheres íntegras – Alex disse colocando as mãos para trás e Milena manteve sua expressão imparcial quando Carol saiu da cela.

— Eu sei bem o que você quis dizer e não se preocupe, cada mulher íntegra dessas que você citou teram sua vez na hora certa. – Falou, erguendo um braço, fazendo a policial que tinha os comandos a ver pela câmera de segurança e fechar a cela.

— Aonde ela vai? – Alex perguntou confusa.

— Não é da sua conta. Cuide de suas coisas. – Milena disse impassível. — Por aqui Marzin.

Caminharam duas celas, até pararem de frente com a cela que Carol  conhecia muito bem.

— Espero que nessa você não arranje problemas. – Milena disse. — Elas duas sempre arrajam problemas uma com a outra e por isso foram colocadas em celas separadas. Com Alex você não vem dando certo, vejamos com Bárbara. – Falou, abrindo a cela. Carol entrou no ambiente antes da cela voltar a se fechar.

— Obrigado, Mii. – Bárbara disse e Milena sorriu.

— Juízo, garotas. – Ela disse, se afastando dali.

Carol olhou confusa para Bárbara antes de colocar suas coisas em seus devidos lugares.

— Você... a subornou? – Carol perguntou confusa e Bárbara riu.

— Uma mulher nunca revele seus truques. – Bárbara falou e Carol assentiu.

— Eu posso me deitar? – Carol perguntou e Bárbara franziu o cenho.

— Não precisa de uma autorização minha pra isso, Marzin. – Passos falou e Carol riu fraco.

— É que Alex às vezes...

— Não sou ela. – Bárbara disse seriamente e Carol a fitou novamente.

— Claro, me desculpe. – Pediu-se deitando em sua cama. Seu cérebro voltou a divagar.

— Ela já estava na cela? – A voz de Bárbara soou em alguns segundos depois as luzes se apagaram.

— Estava.

— Ela te machucou?

— Não.

— Hm. – Respondeu com frieza novamente, deixando o silêncio se instaurar no local.

— Por que ficava me olhando tanto quando eu cheguei? – Carol perguntou. Droga! Era sempre tão estúpida? Pensou.

— Não te interessa. – Bárbara disse e, para sua surpresa, Carol riu.

— Por que sempre é tão rude comigo?

— Você é sempre idiota ao ponto de ficar insistindo em falar com alguém que claramente não quer conversar com você? – Bárbara perguntou, colocando a cabeça para fora do beliche, apenas para ver Carol a fitar da cama de baixo.

— E você é sempre a protetora das novatas que claramente não pediram por sua ajuda? – Carol rebateu e Bárbara bufou.

— Eu sabia que isso seria um erro. – Bárbara disse boquiaberta. — Amanhã pedirei a Milena que te mande de volta. Direi a todos que você está livre e você que se acerte com Alex. Já me meti em problemas de mais para ouvir esse tipo de coisa. – Bárbara falou, se deitando bruscamente.

— Não, por favor... Carol pediu rapidamente, se levantando para poder ver o rosto da outra garota. — Eu não quis dizer que não sou grata... – Carol se corrigiu. — Só quis dizer que você começou a me ajudar do nada e nunca me disse o por quê, mas vive me trantando como se não gostasse de mim. – Ela disse e suspirou. — Isso só me deixa... confusa.

Bárbara a fitou antes de se apoiar em seu cotovelo e voltar a falar.

— Preste muita atenção no que vou dizer: Não somos amigas, não somos nada. Eu te ajudei e você deve ficar agradecida, nada de mais. – Ela falou friamente. — Sem amizades, sem sorrisos, sem conversas sobre nossas vidas, sem perguntas. Ficou claro? – Carol assentiu encolhendo seus ombros antes de voltar a se deitar.

— Claríssimo. – A menor respondeu. Pelo menos poderia dormir em paz, sabendo que não teria Alex para tentar pular em cima dela durante a noite. Seus olhos se fecharam, porém sua mente se encontrava em um único pensamento:

Viveria por um longo tempo sob o mesmo teto, no entanto, Bárbara se negava a conversar com ela. Carol não sabia o que era pior: estar sozinha em uma cela, sem ninguém para conversar por meses, ou anos, ou estar em uma cela com uma pessoa que gostaria muito de conversar, porém não podia.

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora