Capítulo 7

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Carol colocou o sorriso mais bonito que tinha em seu rosto, falso, porém ninguém saberia. Bárbara pedira que sorrise para disfarçar, então ela o faria.

O caminho até a cela de Bárbara pareceu materno e ela fez como a maior pediu: Deixou muitas detentas verem ela entrando no local. Thaiga ergueu a cabeça e se levantou ao ver Carol.

— Vou procurar a Milena. Fechem o lençol que eu deixo o aviso ali fora e chamo alguma idiota para avisar se vem alguém. — Thaiga disse antes de se retirar. Bárbara pulou da cama de cima e puxou o lençol, tampando a visão delas para o lado de fora e Carol engoliu seco.

— Ela, hm, é sua companheira de cela? – Carol perguntou e Bárbara negou.

— Não divido a cela com ninguém.

Thaiga divide a cela com alguma idiota por aí. – Ela disse e Carol suspirou, vendo que seu pé começava a tremer de ansiedade.

— O que eu vim fazer aqui? – Carol perguntou, e Bárbara lhe olhou, encostando as costas no beliche antes de cruzar os braços e sorrir, erguendo uma sobrancelha.

— Não é óbvio? – Carol a fitou sem dar resposta alguma por um tempo, até se lembrar que precisava falar.

— Hum, na verdade não. – Bárbara assentiu e apontou para a cama de baixo.

— Pode ficar nela por enquanto e tenho alguns livros embaixo do beliche. Pode ler algum se quiser, vamos ficar aqui por um tempo para acreditarem que estamos transando.

Carol se sentiu aliviada internamente, mas centenas de dúvidas rodeava a sua mente.

— Por que está fazendo isso? – Carol perguntou cuidadosamente.

— Me chamo Bárbara. – A outra disse aleatoriamente.

— Não perguntei seu nome. – Carol constestou e só então se lembrou com quem falava.

Ela tinha que perde essa mania de falar tudo o que realmente queria, já não era mais a chefe milionária, agora era apenas uma novata, estúpida o suficiente para ter respondido malcriadamente a pessoa mais temida de toda a prisão.

— Eu sei exatamente o que me perguntou, não sou surda. – Bárbara disse secamente. Acontece que não quero responder.

— Desculpe. – Carol pediu, se abaixando para procurar um livro para ler. — Céus, eu adoro esse livro. – Carol disse com os olhos brilhando ao ver um livro de romance policial entre a pilha de livros. – Eu me lembro de ter lido ele umas cinco vezes.

— Estamos quites. – Bárbara falou, se encostando na parede para ter uma visão melhor de Carol.

— Eu esqueci de pedir livros para minha irmã me trazer, então não tenho nada para ler. – Carol disse, lendo capa por capa.

— Pode levar qualquer um que quiser. – Bárbara disse e Carol ergueu a cabeça, fitando a garota.

— Obrigada. – Carol falou sinceramente. – Eu sei que não quer falar o porquê de estar fazendo isso, mas significa muito pra mim. — Bárbara assentiu e Carol voltou a fitar os livros.

— Estou lendo este. – Bárbara disse ao ver Carol passar pelo livros de poemas de uma autora que conhecia.

— Você gosta de poemas? Estou surpresa. – Carol disse sorrindo e pôde ver o início de um sorriso querer dar as caras na feição de Bárbara.

— Leio tudo, não me restrinjo aos gêneros. Se a sinopse chamar a atenção você terà a minha leitura ou se eu já conhecer o autor e tiver gostado de algo dele, apostarei minhas fichas em seus livros. Ela respondeu e Carol assentiu.

— Já o li, mas adoro. Pode continuar lendo, Só que em voz alta? – Carol perguntou e Bárbara pareceu pensativa.

— Podemos revezar nisso? – Ela perguntou e Carol assentiu, um pouco surpresa por isso, se deitando na cama de baixo e vendo Bárbara subir para a de cima com o livro. – Não se acostume com isso.

— Entendido. – Carol disse rindo.

— Só estou fazendo porque amo ler e não porque me pediu. – Bárbara disse friamente.

— Eu sei. – O silêncio predominou por alguns segundos, até a voz rouca preencher o ambiente.

— E no amor encontrei-me instável, e no amor encontrei-me segura, o amor já foi minha desgraça, entretanto, também já foi minha cura. – Carol sorriu ao ouvir a voz sempre rude soar doce e cheia de vida ao recitar o poema.

— Ao amor me dei, por amor chorei, mas apesar de tantas controversas, jamais esqueci a quem com alma amei. – Carol disse com Bárbara afinal amava aquele poema.

O silêncio se instalou no ambiente após aquilo. Bárbara queria continuar lendo, mas sem entender o porquê, estava receosa. Ter ouvido Carol dizer algo com tanta paixão a fez sentir-se estranha.

Levava a vida toda solitária para permitir se encantar por uma desconhecida.

Enfrentaria uma prisão inteira de detentas, mas fuguria de um sorriso doce da menor.

— Que tal se formos ao pátio? – Bárbara disse após alguns minutos. — Já ficamos alguns bons minutos aqui. Pelo menos uma rapidinha dava para ter dado, pensarão que foi isso.

— Hum, tudo bem. – Carol disse, saindo da cela apenas para ver a policial Esquierdo sirrir para Bárbara. Ela achou estranho, mas cada um com sua vida, pensou.

Sentiu seus batimentos se desalinharem quando entre seus dedos os dedos de Bárbara se enroscaram, puxando-a para pátio.

Carol, pela primeira vez, vira aquele caminho pela visão de Bárbara: Conforme iam passando, todas as detentas abaixavam as cabeças ou desviavam os olhares.

— Por que elas têm tanto medo de você? – Carol perguntou em susurro e se surpreendeu ao ouvir uma risada baixa e rouca vinda da maior.

— Você pergunta demais? – Bárbara disse, subindo na mini arquibancada de madeira e puxando Carol para o seu colo assim que se sentou.

— Vou precisar andar, hum, com você sempre agora? – Carol perguntou envergonhada.

— Só nesses primeiros dias para deixarmos todas cientes de que não devem tocar em você. – Passos disse e Carol assentiu, passando um braço por seu pescoço, temerosa, apenas para ficar mais confortável na posição.

— Depois você poderá voltar para as suas amigas e ir para minha cela de vez em quando para não levantarmos suspeitas.

— Eu gostaria de saber um dia porque você esta fazendo isso por mim. Me dirá? — Carol perguntou e Bárbara suspirou, assentindo.

— Um dia, Marzin. – Bárbara disse, olhando em volta apenas para ver três líderes de cada grupo juntas, se aproximando delas com Alex.

— O que foi? – Carol perguntou confusa ao ver a maior apertar Carol contra seu corpo.

— Não ouse sair de perto de mim em hipótese alguma. Entendido? – Bárbara perguntou solenemente e Carol assentiu preocupada.  Bárbara respirou fundo e colocou a expressão mais inflexível em seu rosto.

As líderes nunca se juntavam, algo de bom não viria dali.

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora