Capítulo 54

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Bárbara não sabia exatamente o que havia dado nela, entretanto, ver Carol sofrer nunca seria algo que ela fosse ver sem tentar fazer algo para ajudar. Era quase como se o estado de alerta que ela havia adotado nos últimos anos na cadeia se despertasse instantaneamente naquela situação.

Ela estava quase arrependida de estar ali parada atrás da cama de Mirian. A mulher não dormia, estava fitando a parede exatamente como quando Carol havia entrado no quarto e, Bárbara só não desistiu porque precisava ao menos tentar.

— Hm... Com licença... – Usou seu tom mais doce, fazendo a mulher suspirar.

— Eu estou cheia de remédio. – A voz saiu mole, a língua ligeiramente dormente.

— Não preciso de mais, por enquanto. – Falou sem emoção na voz. Bárbara mordeu o lábio inferior e se atreveu a dar a volta na cama, ficando de frente para a mulher, que ergueu demoradamente os cílios, levando os olhos de encontro aos verdes.

— Eu não, hm... Não trabalho aqui. – Explicou, ganhando a atenção da mulher ali sentada.

— Eu vim conversar com você, mas você parece cansada. Por que não dorme um pouco? – Sugeriu, vendo a mulher negar levemente.

— Eu tentei, mas eu não consigo. – Ela disse baixo, vendo Bárbara suspirar.

— Problemas com os sonhos? – Bárbara indagou e a mulher negou com a cabeça, sentindo os olhos pesados.

— Eu juro que eu queria dormir. – Explicou.

— Qualquer coisa é melhor que minha realidade.

— Disse, passando a mão pelo rosto.

— Eu não sinto a minha língua direito. – Disse rindo tristemente. Bárbara mordeu o lábio inferior e se aproximou alguns passos.

— Posso, hm, te tocar? – Perguntou mansamente.

— Sabe, para te ajudar a deitar. Sentada fica mais difícil do sono vir e acredito que você precise dormir, ao menos um pouquinho. – Os olhos verdes da mulher analisaram Bárbara, assentindo mansamente antes de sentir a garota lhe acomodar sob as cobertas e se sentar ao seu lado.

— Você veio para tirar a dor? – A mulher perguntou e Bárbara franziu o cenho. Ela sabia que dizer coisas sem sentido às vezes era efeito da forte dosagem. Um riso amargurado saiu fraco por entre os lábios da mulher antes de suspirar.

— Me sinto tão mole que não consigo nem fazer o que eu queria.

— E o que você queria fazer? – Bárbara perguntou, iniciando uma leve carícia no dorso da mão da mais velha.

— Chorar. – A mulher sussurrou, fitando Bárbara com os olhos quase fechados.

— É inevitável não sentir dor, só não é justo que você se culpe, hm? – Bárbara falou calmamente.

— Que tal descansar? – Mudou de assunto, vendo a mulher assentir.

— Só um pouquinho. – Mirian murmurou, fechando os olhos.

— Eu vou deixar você dormir tranquila, assim que acordar eu volto. – O aperto em sua mão a fez parar eu voltar a fitar a mulher.

Presa Por Acaso | BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora