Presa Por Acaso | Babitan

Capítulo 46

Os olhos da mulher mais velha e rechonchuda reluziam satisfação ao verem Carol tão entretida e aparentemente tão apaixonada como estava por Bárbara. Ela riu baixinho e se serviu do café fresco, afinal tomava seu café da manhã ali todos os dias.

— Querem mais, senhoritas? – Maria perguntou, vendo as orbes verdes se voltarem em sua direção.

— Eu não, mas obrigada, Maria. – Ela respondeu sorrindo gentilmente.

— E você, quer mais? – Indagou, se inclinando em sua cadeira para deixar um estalado beijo na bochecha de Bárbara.

— Não, obrigada. – Bárbara replicou, vendo Carol se levantar.

— Vou me pentear e escovar os dentes, tudo bem? Já volto, com licença. – Ela disse, dando um selinho em Bárbara antes de se retirar dali.

Bárbara então sentiu o clima pesar em sua mente, afinal estava envergonhada pelo episódio de mais cedo, por tal razão fitou a mesa até Carol voltar para o ambiente e apenas se deu conta de sua presença por sentir os braços lhe rodearem por trás, os enlaçando em seu pescoço.

— Hmm... Cheirosa.– Bárbara disse, sentindo os lábios de Carol se pressionarem contra a pele de seu pescoço sem malícia.

— Usei esse perfume só porque você ama. – Carol confessou rindo.

— Preciso ir, está bem? – Bárbara apenas assentiu.

— Maria, cuide dessa mulher aqui, hm? Porque ela é o amor da minha vida.

— Pode ficar tranquila, senhorita. – A mulher respondeu sorrindo.

— Ela está ficando aqui em casa comigo, então pode dar a chave reserva para ela. Nos vemos amanhã. – Carol disse, mandando um beijo no ar para Maria e puxando Bárbara pela mão até a porta.

— Amor, sei que você não gosta... – Ela disse ao parar e se virar para Bárbara, abaixando o tom de voz apenas para a garota escutar, afinal não queria deixá-la desconfortável.

— Mas se precisar de dinheiro para algo... Currículo, comida, roupa,  táxi... Qualquer coisa, viu? Deixei na primeira gaveta de sua cômoda, acho que aquilo deve dar, eu não ando com dinheiro, mas saquei ontem pensando exatamente nisso.

— Loirinha... – Bárbara começou, fazendo uma careta.

— É só por agora, juro. – Ela esclareceu e Bárbara coçou a nuca.

— Olha só, sei que deve ser chato isso para você, mas você precisa refazer sua vida e, bem, para isso precisa de algum dinheiro.

— Bem, para os currículos eu aceito por agora. – Ela respondeu sem graça.

— Não precisa me dizer para o que é. – Carol disse docemente, mudando, de repente, sua expressão para algo sapeca.

— Nos vemos a noite e se prepara... – Sussurrou sorrindo maliciosamente.

— Porque temos algo pendente. – Disse, mordendo ligeiramente o lábio inferior antes de se inclinar e esbarrar seus lábios nos de Bárbara.

— Já estou ansiosa. – Bárbara disse, liberando um sorriso que até então estava ausente de sua face.

— Eu também. – Carol disse rindo.