Narradora:
Os dias se passavam e estava mais do que claro, para todos, que Sakura não estava bem. Ela acordava cedo, treinava com alguém, ou sozinha, falava o mínimo, ia as missões, só dava opinião quando pediam e cumpria o plano com perfeição. Mas em geral, não saía mais, não conversava com ninguém, as refeições eram silenciosas da parte dela, só falando quando lhe perguntavam algo, ela respondia vagamente e era só. E sempre que não estava com ninguém, estava meditando, em seu lugar secreto, no lago no campo de treinamento, no monte dos Hokage. Mas as olheiras que apareciam, eram evidências de suas noites de insônia, ou mal dormidas.
As palavras do ninja renegado não saiam de sua cabeça. E ela não sabia a resposta da pergunta. Estava dividida. Ela queria saber como Tobi sabia de tudo aquilo sobre ela, e parecia saber bem mais de sua vida do que falava, tanto na aldeia da folha, como no distrito Haruno, sua pequena vila, assim como quando voltava a Konoha. Ela sabia que tinha algo diferente, que não lhe contavam, e ela queria saber. Saber o porquê de coisas estranhas acontecerem com ela. Sobre esse lado obscuro que ela tentava subjulgar. E principalmente, o porquê de todos a desprezarem. Queria saber porque as vezes, sentia uma vontade assassina dentro dela, que a fazia ter pensamentos sombrios, e por muitas vezes, desejo por sangue, de matar. E ele parecia ter as respostas para tudo, e disse que lhe contaria.
Bastava ela ir com ele. Ele não pediu dinheiro, informações, ou que ela matasse. Só pediu para ir com ele. Mas tinha medo, e não queria deixar todos. Trabalhou tanto para dar orgulho a eles. E os que ela mais queria orgulhar a desprezavam. A olhando sempre de cima, como se fossem melhores, superiores. Isso enojava ela.
Sasuke observava a menina sem que ela notasse. Estava tão perdida em seus próprios pensamentos que não sentiu o Uchiha próximo de si. Sasuke via as mãos de Sakura apertarem a grama fofa da clareira. O maxilar travado, dentes pressionados, o olhos tinham um olhar que Sasuke nunca viu. Era cheio de mágoa, rancor, dor. Era um olhar assassino, ele sentiu o ar pesar, o chakra de Sakura desde que a conheceu, era morno, gentil, doce, era suave e leve, tinha uma tonalidade rosa claro. Mas o que ele sentia agora era totalmente diferente. Era frio como gelo, obscuro, amargurado, assassino. Não era mais suave e leve, era pesado, quase opressor. E era de um vermelho vivo, um vermelho sangue. Ele aparecia estar a rodeando, como se a protegesse, ou como se tivesse se expandido, e não coubesse mais em seu corpo. Era como uma tempestade.
Era estranho, Sasuke nunca viu nada como aquilo. Era ao mesmo tempo frio de gelar a espinha e arrepiar todo o corpo, o fazendo tremer, mas também quente, não morno como normalmente sentia, mas quente, pelando, como lava derretida, ele achava que se chegasse mais perto seria como estar na frente de um pequeno sol, e poderia queima-lo vivo. Então se estabilizou. E viu a expressão de Sakura ficar dura. Ela não mais apertava a grama. Tinha uma postura relaxada mas ele via os membros rígidos, a face sem expressão, e olhos, os olhos que o Uchiha tanto amava, pelo seu brilho único, estavam opacos, era como olhar para duas pedras de esmeralda, lindas, porém duras e frias, sem vida, ela parecia uma boneca de porcelana. E então respirou fundo e seu chakra voltou quase todo ao normal. Sasuke ainda podia ver e sentir resquícios daquele chakra entranho. Não era um rastreador ou um especialista, mas se tratando de Sakura Haruno, ele poderia ser. Viu a menina suspirar e se levantar limpando a roupa. Saiu rapidamente dali para que ela não o notasse. Sasuke tentava entender o que aquela expressão significava, mas ele nunca iria adivinhar que era a expressão de uma decisão tomada.
15 dias depois do encontro com Tobi.
Sakura:
Estava andando pela floresta. Era o final da tarde e eu voltava para casa, depois de mais uma cessão de meditação. Sabia que ele viria hoje para saber a minha resposta, e eu já tinha ela. Em certa parte do percurso eu senti um chakra desconhecido, e me armei, joguei uma kunai em uma moita e de lá, saiu Tobi de mãos pra cima.
Tobi- Calma, sou só eu!
Respiro fundo e ajeito a postura.
- Veio aqui pela sua resposta não é?
Tobi- Sim. Pensou sobre o que eu falei?
Nem tinha como não pensar.
- Sim.
Tobi- Já tem sua decisão?
Olho um pouco para ele, depois para meu pés, pensando se essa realmente era a escolha certa. Era uma boa oportunidade para mim ir com ele. Mas... será? Volto meu olhar novamente para ele.
- Tenho.
Tobi- Sakura Haruno, você virá comigo para a Akatsuki?
Respiro fundo. Já tomei a minha decisão. Eu os amava...
- Sim...eu irei.
Mas precisava de respostas.
Tobi- Ótimo.
- Mas vão ter certas condições.
Tobi- E quais são?
- Serei considerada sua aprendiz. Irei fazer o que me mandarem. Mas não irei caçar por ou com vocês. Não ajudarei e nem direi nada sobre nenhum Jinchuuriki que eu possa conhecer. Estamos entendidos?
Tobi- Sim, estamos. Me encontre em cima do Monumento Hokage, a meia noite, sozinha, e não se atrase. Pegue apenas o que for necessário, e não chame atenção.
Aceno com a cabeça e ele vai embora daquele jeito estranho dele. Fico um pouco parada. Pensando nas consequências que isso poderia trazer pra mim. Catei minha kunai e voltei pra casa. Quando cheguei estava vazia. Mamãe deve estar no mercado ou na casa de alguém, papai e Tsunade no QG, Naruto provavelmente treinado com Shyoi, e Kyami nunca para em casa. Subo pro quarto e pego minha mochila de viagem. Arrumo com o necessário e escondo debaixo da cama. Descido fazer cartas. Farei uma pros meus pais e Tsunade, outra pra Kyami e o pessoal, uma pra Naruto, uma pro Shyoi e uma pro Sasuke e outra pra Itachi, Izumi e os Uchiha. Começo a preparar minha despedida. Vai ser um longo fim de tarde.
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A Lenda De Sakura
FanfictionSakura Haruno é uma menina de 16 anos, filha caçula do líder do clã Haruno, Kizashi. Sakura sempre foi deixada de lado e maltratada por todos do seu clã, incluindo seus próprios pais. Depois de anos morando fora de Konoha para treinar jundo ao seu i...