Capítulo 6 - Do sábio da cidade para os nômades do sul

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-Sirius? Sirius! Você não ouviu uma única palavra do que eu disse não é? – Mikka gritava no meio da rua, chateada com o amigo que andava sem rumo pela capital Imperio.

Eles andavam lentamente a passos largos. Sirius aparentemente era movido por instinto pelas ruas. Sua mente estava longe dali. Naquele momento, qualquer lugar era melhor que ali. Estava chateado, nada que ele pudesse fazer naquele momento poderia melhorar o seu humor. Bem, era isso que acontecia as vezes. Mikka conhecia bem o amigo chowchow que tinha. Bem o suficiente para chegar a conclusão de que ele estava maquinando alguma coisa e isso a preocupava. Significaria que mais uma vez ele iria aprontar. Mais cedo ou mais tarde, mas ia. Ela só não saberia (assim como todas as outras vezes que ele decidia aprontar) se poderia ajuda-lo.

Pelas ruas com enormes residências de mármores e pedras de cores variáveis, comerciantes suínos com turbantes na cabeça abriam suas lojas. Tapetes e iguarias faziam a décima terceira avenida dos dois lados. Nada de incomum aconteceu como hoje cedo. Gritarias para lá e para cá, diversos aromas de comidas dos quatros cantos do mundo pairavam sem ter para onde ir ali. Soldados Javalis e Hienas extorquiam como podiam certo comerciantes por acharem que ele tinha mais dinheiro que o vendedor do lado ou da frente.

-Este lugar mudou muito. É como se não fosse a mesma Imperio mais. Como se Thiel tivesse engolindo o reino inteiro. –Disse Mikka, tentando quebrar o silencio do amigo.

Sirius parou em frente a um beco onde crianças raposas brincava com alguns brinquedos e pedras.

-Ei Mikka – Disse ele, com sua mente ainda um pouco longe dali. -Essa festa hoje a noite. Você acha que eles vão nos deixar entrar?

Mikka riu.

-Você está louco? É no palácio, e não temos um convite, caso você não tenha notado.

-Então... Como é que vamos entrar?

-Como se eu soubesse. Por que você não pede ao senhor Angelo? Ou vai ver o velho Darlon da cidade baixa. –Mikka cerrou as sombracelhas e balançou seu nariz rosado de felino – Por que o interesse, Sirius?

Sirius cruzou os braços e bateu o pé no chão.

-Vou pegar de volta o que é nosso. E devolve-la para o povo. Para nós. Que tal? O que você acha? –Mikka arregalou os olhos. Ele continuou – Se eu encontrar alguma coisa, e buscar um bom preço, que tal... Eu e todos nós no jantar!

Mikka se segurou por alguns segundos e não se conteve: ela gargalhou alto, rindo da cara do amigo. Aquela definitivamente tinha sido uma boa piada em semanas. Ele teve muito tempo para pensar nessa.

Após a crise infame de risos, ela conseguiu se reestruturar.

-Oh, por favor! Você sabe tão bem quanto eu que a primeira coisa que você irá comprar é uma nave! –E ela fez uma voz grossa – Atenção! Todos saúdam Sirius, o maior pirata do céu de Evânia! Ele tem um belo chapéu de corsário! Que tal mudar seu nome para Sirius Sparrow? CAPITÃO SIRIUS SPARROW? Já sei! Que tal comer uma fruta que dá poderes mágicos e ir para uma aventura de mil capítulos?

Sirius baixou suas orelhas, triste. Para ele, não custava nada sonhar. Mas em partes, ela tinha razão. Ele iria abrir mão de um enorme tesouro e deixar de ser um pirata do céu para ajudar a Capital?

Ser um pirata do céu é o seu sonho desde de quando era um filhote. Ver aquelas enormes naves voando livres pelo céu, disparando a milhares de quilômetros por hora para lugares que ele jamais conheceria na vida. Esse era o único jeito dele se ver livre daquela vida. E com a ocupação de Thiel, aquilo era tudo o que ele poderia almejar.

-Bem, eu preciso ir – Disse Mikka se despedindo do amigo – Fique longe de problemas! – E ela se foi, dobrando a esquerda duas ruas a frente deles.

As Crônicas de EvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora