Capítulo 32 - As consequências de suas escolhas

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O núcleo da nave Bearthorn estavam um caos. Os índices de energia do Tesserato Esmeralda era muito mais além do que a nave poderia suportar ou calcular, raios emanavam dos geradores sobrecarregados e seu núcleo havia superaquecido a temperaturas perigosíssima acima do recomendável pelo cientistas e engenheiros construtores do reator. Ao mesmo tempo que eles procuravam soluções para reverter os experimentos, outros já começaram a evacuar por medidas de segurança, o núcleo fazia a nave inteira vibrar.
Marechal Urie estava no painel de controles enquanto tentava reorganizar seus pensamentos, perder uma frota inteira daquele porte por um simples erro de... ganancia, soberba, ele não poderia aceitar, era um tiro no seu próprio ego. Mas até ele mesmo se encontrava nervoso, pois não sabia ao certo se era possível retroceder.
Ao mesmo tempo, ouviu uma explosão vinda de algum lugar ao longe.
-O que foi aquela explosão agora?!
-Houve uma reação anormal no núcleo do sub-reator! –avisou um engenheiro.
-A potência do motor está caindo! –Disse outro cientista -É a Evaniarita! Inacreditável! muito diferente da reação normal do Tesseract! Depois de colocar em curto os anéis glossair, começou a drenar a energia principal!
-Pare com isso! Pare com isso agora! – Gritou Urie.
-Estamos tentando, mas... –responde o engenheiro.
O núcleo começou a brilhar intensamente, a temperatura aumento e os raios também.
-Não podemos ejetar o subnúcleo! O principal também! É uma falha em cascata! Vai explodir! Temos que abandonar o navio!
Por um momento, Urie balançou, ele não podia admitir que fracassaria na tomada do poder para si. Tudo havia saído como planejado até aquele ponto, ele não poderia falhar, com que cara ele encararia o julgamento do conselho ao destruir uma das frotas mais caras e poderosas e de alto investimento? Sua verba estava indo para o lixo. Ele culparia por toda a sua vida (e até no pós-vida) o maldito Doutor Eustass Vega.
-Silêncio, seu tolo! Não tolero incompetência na minha frota! Se quiser sair, tire o uniforme e pule! –Urrou, furioso.
-Mas senhor... – quis debater um dos engenheiros, mas nesse momento, o reator brilhou como um sol, e então com um único brilho forte, uma poderosa explosão varreu a sala de controle.

A explosão foi tão poderosa que pôde ser sentida da nave Shalom. Os vidrais das janelas foram todas varridas com uma violenta onda de choque. Cacos de vidros choveu enquanto todos tentavam se proteger das laminas. Arles que pisoteava cruelmente os guerreiros de Thiel, saltou rapidamente para cima de Zafira, a protegendo dos cacos afiados, mas ela mesma não estava se sentindo bem, sua visão estava turva ao mesmo tempo vermelha, a raiva lhe consumira de uma forma que nem ela mesma se reconhecia. Seu braço da marca doía muito, ela demorou até conseguir focar sua visão em seu braço, mas o que ela viu não lhe agradou: Seu antebraço estava queimando em chamas invisíveis, já não havia mais pelos, mas sua carne estava exposta, ao mesmo tempo que pústulas pulsavam e cresciam sobre ele. Aquela visão a lhe causou enjoos, a dor tomava conta de seu corpo, e a sensação era de que estivesse tentando arrancar seu antebraço de seu cotovelo. A medida que ela voltava mais a si, Arles urrava e ia ficando mais translucido, seu grito bestial era como uma fera primitiva pedindo socorro. Atrás dela, alguém gritou, seus próprios amigos tinham medo de se aproximar dela.
Na luta entre Spike e Ferecks, os dois amigos (agora inimigos) acertavam seus últimos ataques, enquanto estudavam o melhor momento para o golpe derradeiro. Eles avançaram e com velocidade extrema, cruzaram suas espadas no ar, na certeza de que era a última vez que seus golpes se encontravam. Eles pararam um de costas ao outro, o primeiro que fraquejar, tinha sua convicção derrotada. Seus corpos feridos lutavam para se manter de pé, suas mentes inabaláveis estavam no limite. Ferecks fraquejou e caiu de joelhos, sangue escorria de sua barriga e de seu rosto.
-Por que... Por que minha determinação não funcionou?
-Pelo que sei, para lançar determinação... duas condições devem ser atendidas. Você deve recitar o nome do alvo, e... Estar em contato com eles, com algo como uma arma. No fim... se você souber disso e bloquear um, a magia não poderá ser concluída.
-Eu vejo. Daí a espada de brana... já que a brana estava sob seu controle, não havia como transmitir minha magia por ela...
-Sim...
Ferecks cravou sua espada no chão e fechou os olhos.
-Como chegou a isso...? Eu estava cansado de lutar... Talvez eu estivesse muito impaciente. Ou talvez a hora de seu retorno tenha chegado tarde demais.
-Ferecks...
-Spike, estou confiando em você. Ela, a majestade... – ele deu uma risada sarcástica - Por favor, cuide dela.
-Ainda somos... Ainda somos irmãos de armas. Meu amigo.
Ferecks jogou sua espada para Spike.
-Pegue-a. Agora ela é sua, que minha força e minha espada lhe possam ser uteis até seus objetivos. Quando nos encontrarmos novamente, que seja em solo Pangeniano.
Ao longe, Spike ouviu o grito de Zafira, ele saiu correndo rapidamente, deixando seu amigo de joelhos, sem ao menos olhar para trás, pois não queria que este o visse com lágrimas nos olhos, ambos sentiram a enorme perda um do outro.
Suas forças se esvaziavam a cada respiração, ele lutava para que suas células continuassem trabalhandando, de repente, um flashback de de tudo que passara com a princesa todos esses anos vieram a tona na sua mente, o tanto que ele aconselhou ela, a treinou, o tanto que eles lutaram contra o Império, e somente nos momentos finais de sua vida ele notou a deturpação de sua visão de liberdade para o reino de Henry.
“Spike... Sua Alteza é, ela é... ainda muito jovem. Ela é muito mole para trilhar o caminho do regime militar. Ela é muito delicada para manter uma realeza. Do jeito que está... Ela pode ser esmagada pelo peso de sua missão. Spike... meu dever era apoiá-la. E entao... eu passo e confio ela a você...”
Ele sentiu a presença de alguém se aproximar dele e arregalou os olhos: Marechal Urie estava todo ferido e ensanguentado, lhe faltava a parte completa de cima de sua armadura, estava a mostra sua grande barriga gorda e seus braços musculosos. Lhe faltava alguns dentes e presas e a pele de seu corpo chamuscava. Ele também se surpreendeu quando viu seu “amigo”.
-Seu inútil, vocês continuam sendo lixos, não importa a casta.
Ferecks cerrou os dentes. O Marechal caminhou se apoiando pela parede e adentrou numa sala alguns metros a frente, e se deu numa cabine de controles.
-Ainda não, ainda não... Não vou virar motivo de chacota não assim... Eu sou o Marechal Urie! O Bearthorn nunca cairá! Sou da elite... sou da classe dominante! Para eu terminar em um lugar este... –Ele começou apertar o painel, vários botões e funções foram ativadas, sirenes tocaram ainda mais alto, quando ele sentiu todos os ossos de sua mão direta serem quebrados. Uma pesada mão pousou sobre ela, quanto uma outra sobre sua cabeça. Era Ferecks nos momentos finais de sua vida.
-Bom momento. Eu estava apenas procurando alguém para viajar comigo. Você estava sozinho, sozinho?
-Seu desgraçado! Filho duma...
Ferecks cerrou os olhos. Naquele momento ele se lembrou da conversa que teve com Spike na fogueira, enquanto andavam pelo Vale dos Reis.
“E assim um dia, Voltaremos todos naquele sol forte que me deslumbrará os olhos. Areia amarela em um vento seco. A agitação do bazar. O velho cochilando em uma esquina. Crianças cantando, a voz de sua mãe. Eu sempre quis que Henry voltasse para aquele tipo chato de paz.”

Doia muito. A ultima coisa que Zafira se lembrava antes de todos correrem em sua direção desesperados era uma dor ridícula de abominável. Ela ainda não havia entendio a gravidade, apenas dias depois, quando notara que o poder de usar e controlar Arles requer um preço altíssimo que dificilmente ela voltará a usar: Seu antebraço havia sido delacerado e amputado de seu corpo. A alguns metros de seu corpo, seu braço direito havia parado de atormenta-la com a dor excruciante. Seu sangue jorrava violentamente para fora. Spike havia rasgado uma de suas mangas e estancado o sangramento. Gerlon ordenou que os gêmeos chamassem a Bichano urgentemente.
-Mas que merda! Quando achamos que não pode ficar pior... –amaldiçoou o pirata.
-Agora não é hora, ladrão. Precisamos sair daqui urgentemente.
Nos braços de Dymas, Flora acordou, atordoada.
-Mas oque... Zafira?! O que aconteceu com ela?!
-Explicamos depois, precisamos sair daqui! –Gritou Gerlon.
Mesmo fraca e com poucas energias, Flora se aproximou e pôs suas mãos na princesa e começou a recitar alguns encantamentos, em alguns instantes, uma aura brilhou em suas mãos. Zafira urrou de dor mais uma vez.
Ao longe, mais soldados surgiram, todos bem armados. Eles cercaram o grupo, ao longe, um dísparo de canhão destruindo a parede de ferro. Uma forte rajada de vento invadiu o enorme salão e todos os soldados saíram de formação. Sargita, ao longe, disparava nos soldados imperiais e os derrubava com apenas um tiro. O enorme navio permaneceu flutuando a poucos metros do ar, um compartimento lateral se abriu e todos correram, Gerlon pos Flora ao redor de seus ombros e Dymas pegou Zafira em seus braços e correram rapidamente. Em poucos instantes, a Bichano saiu da nave e acelerou.
-Esperem! Não podemos ir embora! Deixamos para trás o Tesserato Esmeralda! –Disse Sirius – lutamos muitos para deixarmos para trás! Ela é importante para Zafira!
-Esquece garoto, nós perdemos! – Gritou devolta Gerlon para ele –nós quase morremos! Pare de pensar como um ladrão barato e pense alto!
Enquanto se afastavam da frota imperial, Flora sentiu mais uma vez suas células queimarem. Um pulso eccou por toda a frota que chamou atenção deles: Bearthorn e Shalom começaram a soltar enormes colunas de fumaças e depois, a tremerem, inúmeras naves decolavam, saindo o mais rápido possível de perto da frota. De repente, um gigantes escudos feitos de Brana dourada e runas surgiram ao redor do navio. Na proa da Bichano, alguém conjurava as defesas com o auxilio de um grande báculo. Ela usava vestes brancas e rosas de seda, como uma dançarina do ventre. No rosto usava uma mascara. Seu poder era tamanho que as vibrações do Tesserato Esmeralda não chacoalhavam as naves.
Na Bearthorn, emanou uma luz branca e num milésimo de segundo, se expandiu numa gigantesca explosão que atingiu quase sessenta quilômetros de altura, toda a frota agora foi reduzidas a nada, não sobrando nem mesmo a sombra das naves, nem pedaços pequenos de ferro, era como se aquela frota jamais tivesse existido.
A onda de energia atingiu violentamente os escudos de Brana, alguns vacilaram mas não a ponto de se desfazerem. No centro de onde estaria o núcleo da Bearthorn, havia um pequeno Tesserato Esmeralda flutuando no meio do mar de plasma a quilômetros de altura. Sirius encarou Gerlon com alguns segundos, e fez o capitão mudar de ideia. Ele deu a ordem para Filo avisar a Helmer que pegariam o artefato, que tanto lutaram para conseguir. Eles estavam destroçados, sem energia ou motivação alguma para seguir em frente.

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