Capítulo 46 - Ataque ao Monte Burlmugaron (Parte 2)

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Beat e os outros escalaram uma pilha de cadáveres para observar o trabalho de reparação sendo concluído na muralha. Os engenheiros colocaram cruzes robustas contra a parede e pilares enfiados profundamente no chão para mantê-las no lugar. Era um trabalho rude, mas fornecia uma barreira para manter os asseclas do Inframundo longe da estrada. Enquanto ele não precisasse se preocupar com os esqueletos arqueiros vindo por trás dele, Beat podia rumar com segurança para a cidade novamente. Sem dizer uma palavra aos defensores próximos a ele, os piratas saltaram para a estrada e correram para a cidade.

As primeiras horas da manhã vinham os primeiros raios de sol. As vastas colunas de fumaça agora rodopiavam e giravam, iluminadas apenas pelo incêndio abaixo, e através da neblina Beat ocasionalmente vislumbrava a própria Kartacos, uma grande fortaleza voadora sobrevoando a cordilheira montanhosa. Era de seus canhões poderosos que bolas de fogo eram atiradas, grandes bocados flamejantes que ela lançava aleatoriamente ao redor dos vilarejos.

Beat não perdeu um instante sequer pensando nesses infelizes. Eles não estavam ali para matar criaturas nefastas. Eles precisavam salvar o máximo de civis possíveis. A grossa fumaça preta assumiu um odor nocivo enquanto ele se aproximava do portão em ruínas da cidade. A memória dos corpos queimados nunca poderia ser apagada da mente de Dymas. Depois de tantas batalhas, cavar sepulturas era impossível; havia sempre mais mortos do que pás e homens para usá-las. Dymas ordenava que os corpos fossem empilhados e incendiados. A pira funerária de um tornou-se a pira de centenas, e assim foi por muitos anos.

Os portões da cidade estavam demolidos e despedaçados. Alguns poucos civis escolheram seu caminho através dos escombros, mas mais do fogo da Kartacos choveu sobre eles; seus gritos foram breves, e logo tornaram-se extensões da pira.
Apenas a guarita permaneceu intacta, embora parecesse abandonada. Enquanto  Beat e os outros passavam, no entanto, uma voz gritou da janela sombreada.

-Vocês ai! Parem!

A voz era fina e ofegante, e, quando Beat virou-se para olhar, encontrou um homem curvado e encarquilhado, quase sem força para ficar em pé em sua armadura.

-Declare sua... condição... hm. O que você está fazendo aqui?

-Eu nós procuramos Khirmina – disse Dymas – ela trabalha numa taverna ao longo do rio. Ela veio ajudar no festival das deusas.

-Ah, Khirmina... você veio atrás do Oráculo... Para quê?

-Oráculo? O que você está falando?

-Bem... não é nada.

-Onde ela está? – Dymas perguntou com tanta paciência quanto ele podia reunir.

-Ela tem um quarto num dos templos na montanha, mas... – o velho balançou a cabeça tristemente – essa área está em chamas. O lugar inteiro está em chamas. O Oráculo pode estar morto. Ninguém a viu desde de que os combates começaram. Uma vez ela me disse o meu próprio futuro, sabia disso? Isso foi há muito tempo. Eu tive que me sacrificar...

Dymas reprimiu com êxito um súbito desejo de ignorar aquele homem. Ele rosnou:

-Como fazemos para chegar lá?

-Bem... você não pode passar por aqui.

-O quê?

-Eu recebi as ordens do comandante da vigília, dadas poucos antes de o portão ser derrubado por uma daquelas bolas de fogo. Ninguém entra por esse portão, quer dizer, pelo que resta dele.

O velho homem segurava um punhal com a mão trêmula.

-Além disso, por que você quer ir até lá? O lugar está cheio de mortos-vivos, tem um ciclope e, pior, eu vi até mesmo um minotauro!

As Crônicas de EvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora