Capítulo 48 - A Necrópole de Cela

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Gerlon analisava o corpo morto de Kuma como se estivesse fazendo uma autopsia. Sua cara de nojo não escondia o desprezo do quão antiético ele poderia ser. Um homem que se achava deus, por brincar com vidas reais. Os ossos de Kuma estavam diferentes, quase que cristalizados. Um brilho opaco reluzia friamente a luz ambiente, enquanto os últimos resquícios de Brana ainda se esvaiam.

-Desgraçado... quando é que você vai parar?

O pirata tinha nojo em mexer naquele corpo já sem vida, mas suas suspeitas se concretizaram, tornando real seu pesadelo. Ele se pôs de pé e caminhou até onde estava Zafira e os outros, eles estavam ao redor de Esdras.

-O cretino pôs seus ossos sobre as zezirites. Tudo no seu corpo está alterado, com resquícios de Brana pelos órgãos, tecidos, ossos, tudo. Enquanto a Esdras? Como ele está? –Disse Gerlon.

Mikka soltou um suspiro de lamentação e balançou a cabela de um lado para o outro, com um olhar triste. Então suas orelhas saltaram para cima.

-Espere... sabe algo sobre Selena? Ela está por aqui?

-Ela se foi. Foi dar um passeio contra a vontade dela para encontrar o Marechal Minos e Slyter.

Atrás deles, caminhando com a ajuda de uma assistente, o príncipe Nerona caminhava com muita dificuldade. Suas roupas chiques agora estavam sujas e rasgadas. A assistente lhe ajudou a sentar, e ele garfou de dor. Todo o seu corpo doía.

-Você está bem? – Perguntou Sirius, se aproximando.

Paiyos fez um gesto positivo com a cabeça.

-Então ele estava aqui? – Perguntou Spike.

-Ah, para o bem da nossa jovem princesa, ela foi junto... para evitar problemas, como pode ver. Mas o desgraçado do Kuma tinha outros planos.

Eles olharam ao redor e se depararam que não havia somente os corpos de Kuma e Esdras, mas de vários outros guardas élficos espalhados por todo o salão. Paiyos continuou:

-Ele ficou furioso, e eu tive que me virar para sobreviver. Ajudei os guardas nas defesas lá embaixo, por sorte alguns piratas subiram a montanha. Eles eram bem poderosos, mas não o bastante para salvar o velho Esdras.

-Era um Marechal, nem nós sabíamos se íamos vencer. – Respondeu Zafira, com um olhar melancólico para o corpo de Kuma.

-Por favor, princesa. Você deve permitir que eu te leve de volta comigo para Élnides. –Disse Paiyos.

-Para que você possa me proteger?

-Eu dou a minha vida em uma única palavra para ter certeza... mas eu não duvido de sua grande coragem. Leore quer que nós fiquemos nas sombras da guerra. Ele prefere um ataque preventivo. Mas você... você vai convencê-los de outra forma. E você vai ver, eles não vão começar esta guerra.

Zafira cerrou os punhos.

-Isso eu não posso fazer. Perdoe-me. Mas a minha missão aqui ainda não acabou. Devo empunhar a espada do Rei, Gran-Solaris, e com ela trazer um fim aos Tesseratos. Ao Safira, Esmeralda e ao Rúbi.

Paiyos suspirou. Aquelas palavras o pegaram desprevenido. Foi como ser acertado de surpresa com uma pancada na cabeça.

-Ah, essas coisas... tudo para você gira em torno dessas coisas, e você nem sabe ao menos onde está este último.

-Eu posso arriscar um palpite – Disse Gerlon, atrás deles – Laboratório de Hinkon. Em Thiel. As pesquisas de armas do Império começam e termina lá. Quando vamos partir?

-Agora mesmo – respondeu Zafira, de prontidão –Quanto aos assuntos de Élnides, eu desejo toda a sorte do mundo.

Com extrema dificuldade e dores por todo o corpo, Paiyos se pôs de pé com a ajuda de sua assistente. Ele suspirou e seu pulmão chiou.

As Crônicas de EvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora