Capítulo 49 - Echovalle

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Era estranho. Sirius adorava viajar a bordo da Bichano, mas naquele inseto ele tinha medo. De quê? Nem ele sabia exatamente. O vôo foi curto, algo em torno de dez minutos, e os dez minutos ele permaneceu com os olhos fortemente fechados. Ele fechou os olhos com tanta força que ele havia ficado zonzo.

Sirius abriu os olhos e se sentiu ofuscado por uma claridade ouro e verde, não tinha idéia do que acontecera, só sabia que estava de pé no que lhe pareciam folhas e gravetos. Lutava para inflar seus pulmões de ar que se sentia achatados, ele piscou os olhos e compreendeu que a luminosidade excessiva vinha do sol se infiltrando por um dossel de folhas. Então, um objeto se mexeu próximo ao seu rosto. Ele se inclinou para enxergar melhor e deu de cara com uma linda borboleta que havia pousado no seu nariz. Ela brilhava em todas as cores, e os padrões de suas asas pareciam pequenos redemoinhos que hipnotizavam quem olhassem atentamente para eles. Ele olhou ao redor e notou que seus amigos encaravam a bela floresta que erguia-se majestosamente na frente deles.

Echovalle é uma região florestas à nordeste de Pangeia. Um caminho aberto entre as árvores densas leva em direção a ponta da Alvorada. O leste mais extremo do continente, numa península que se projeta em direção ao continente de Laurásia. O caminho só é possível graças a uma série de pontes de madeiras e caminhos que passam por dentro das árvores, se interligando por seus galhos gigantes, que foram estradas entre elas. No entanto, muitas das pontes de árvores estão cobertas de musgo espesso e em estágios avançados de decomposição. À medida que o transporte por aeronaves e dirigíveis ganhou destaque, as estradas terrestres foram abandonadas. Agora, mais animais andam pelas florestas do que viajantes. A floresta é domínio do povo dos anãos e Gimnis que habitam a região da densa floresta. Por serem agora livres de evanianos, o número de feras raras e em risco de extinção aumentam diariamente.

O primeiro pensamento de Sirius foi que estavam perdidos, por um momento, mesmo sabendo que seria tolo e perigoso pensar isso, afinal, ele estava na presença de uma pessoa que podia falar com as florestas. Pelo menos era o que ele pensava, o que o tranquilizou. Ele olhou ao redor e notou que as árvores e as suas folhas eram estupidamente exageradas, as folhas eram grossas e grandes, quase que uma cabana. O ar era úmido e a respiração ofegante só tornava tudo ainda mais quente. Não saberia dizer se os outros compartilhavam dessa sensação, mas ele se sentiu como um pequeno inseto dentro de um terrário.

Flora se distanciou um pouco do grupo e foi na direção de uma flor avermelhada, como sangue. O grupo a seguiu.

-Perinea Immortalis - disse ela, arrancando duas entre as cascas da árvore -pode nos ser útil.

No alto, vindo da copa das árvores, começou a cair água. Muita água: chuva. Eles correram o mais rápido que puderam até encontrar um grande tronco de árvore tombado para se abrigarem.

Flora tocou no tronco de árvore e começou a recitar encantamentos. Todos observaram pequenas runas se movendo nas laterais dos troncos e turbulências quase imperceptíveis no ar em torno, como se Flora tivesse lançado uma névoa de calor sobre eles.

-Feitiço para não perturbar os animais ou os povos da floresta. Esta é uma área livre de evanianos e queremos que eles continuem pensando assim.

O grupo concordou sem protestar. Eles seguiram por dentro das árvores. Subindo e descendo escadas talhadas na madeira. Atravessaram pontes em meio a chuva que caia. Mikka ia escorregando nos musgos umas três ou quatro vezes, se não fosse por Spike a ter segurado firmemente, evitando sua queda.

Eles caminharam por horas, até chegar numa grande árvore com uma porta destruída por garras. Eles adentraram e subiram as escadas.
O local estava um pouco sujo, mas abandonado. Um pequeno apartamento aconchegante suficiente para eles descansarem por enquanto. Os móveis pequenos eram todos feitos de madeira, projetados para alguém muito menores que eles. Um grande buraco servia como janela e dava para fora. A vista da floresta era belíssima. Eles viam vários insetos gigantes escondidos sobre as árvores. Feras incríveis e raras se abrigando da chuva. O frio havia expulsado o calor da umidade da tarde e chegava a medida que escurecia. Flora havia feito um feitiço para que os móveis agora fossem maiores, para lhes servir melhor. Nas prateleiras na parede, Flora encontrou algumas ervas doces.

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⏰ Última atualização: Sep 06 ⏰

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