Capítulo 17 - A tripulação pirata

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A bichano navegava entre as nuvens a toda velocidade. A seis mil metros de altura, várias aeronaves e navios voadores voavam livremente pelo céu. Inclusive, um deles passou por cima e por pouco não destruiu o mastro, o que levou Gerlon a dizer palavras que Sírius nunca tinha ouvido antes. Gigantescos pássaros tão grandes quanto aviões voavam majestosamente no céu, com diferentes cores e variedades de bicos, alguns com dois pares de asas, outros com três pares. Alguns eram capazes de formar tempestades elétricas ao decolarem, outros voavam tão velozes quanto um jato.

No céu, Sírius sentiu um mix de sentimentos. Voar pela primeira vez num navio era seu grande sonho. Em partes, ele estava feliz, mas a outra metade o fazia se sentir culpado. Anos atrás ele prometera que viajaria com Mikka, Zaya e Snowden e eles seriam uma tripulação. Ele só não esperava que, anos após a promessa, ele estaria embarcando em uma sem nenhum deles a bordo. De certo modo até, ele se sentia bem sozinho ali. Sem que percebesse, alguém se aproximou.

-Ei, novato. Você é o motivo de estarmos indo para Arrokoth, não é?

Ao se virar para trás, Sirius não viu ninguém. Achou que ele próprio estava ficando louco.

-Aqui embaixo! – Gritou. Era um híbrido de um coelho com um gato. Tem pelos de cor castanha, grandes olhos verdes e orelhas de gato. Ele veste uma blusa meio aberta em formato de V preta com padrões tribais e junto com um pingente simples. Ele usa um bracelete de couro em seu braço esquerdo, um anel em sua mão direita, e envolve seu braço direito com um cordão; grandes calças azuis estilo sirwal com as bordas decoradas, e botas de couro pretas, parecidas com sandálias. Uma bolsa verde e sua espada são ligados à parte de trás de seu cinto, que é adornado com pequenos apliques lavanda feitos de pano. Nas suas costas, um grande casaco de pele.

-Ah! Oi! Meu nome é Sirius, e você é... ?

-Sou Beat, o espadachim da tripulação. Agora me responda: você é o motivo de estarmos indo para Arrokoth?

-Ah, acho que sim. Estamos indo salvar minha amiga Mikka. Ela foi sequestrada por um cara chamado Rafaele.

-Rafaele? Que droga, você nos arrumou um problemão. O que a sua amiga fez?

-Nada! Ela foi levada por engano! Acho que o alvo era o Gerlon. Nós o vimos nas masmorras de Yanilad e ele parecia estar atrás do Gerlon.

Beat deu de ombros.

-Isso não me admira, ele não desgruda do nosso pé. Mas é potencialmente perigoso. Se estamos indo confrontá-lo, pode ter certeza de que não será nada fácil.

-Eu só espero que ele não tenha feito nada de mal a Mikka! Foi um erro! Ela não fez absolutamente nada!

-Olha, cara. No nosso meio as vezes não tem essa. Capturamos sempre os mais fracos se quisermos atrair algum inimigo, de preferência algum familiar. Vamos rezar para que ele não tenha feito da sua amiga, um churrasco de almoço para ele e a tripulação dele.

-O que?!

-Calma! Estou brincando! Mas acontece nas piores ocasiões.

Sirius sentiu seu estômago embrulhar. Um pouco de refluxo subiu até a sua garganta mas voltou. Depois dessa, ele não sabia se queria ser realmente um pirata do céu.

-Não somos heróis - Continuou Beat. – Somos piratas, às vezes é o que fazemos, ou que somos obrigados a fazer.

-Como assim? Você não queria ser um pirata? Viver livre para ir para onde quiser?

Beat o encarou com desdém. Por um momento, ele cogitou a ideia de jogá-lo da proa.

-Nós não escolhemos ser piratas por que queremos. Fomos obrigados a isso. Todos aqui temos um passado trágico que nos forçou a sermos fora da lei. De algum modo nossas histórias do passado se cruzam de alguma forma.

As Crônicas de EvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora