Capítulo 44 - As aprovações de Sedna (Parte 1)

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O túnel que passava por dentro da rocha viva dobrava com uma repentina volta em ângulo reto e eventualmente abria-se para a face de um penhasco. Eles olharam para cima e avistaram a saliência era tal que eles teriam que encontrar bordas e agarrarem a elas para atravessar uma extensão de rocha antes de poder escalar.

Um rápido olhar convenceu de que nada além de morte os esperavam lá embaixo. Spike passou as mãos nas coxas mais uma vez, para limpar o último vestígio de sangue. Os ferimentos que ele sofreu, Flora havia feito uma magia de cura, mas nada extraordinário, agindo mais como primeiros socorros. As mortes dos inimigos haviam renovado sua própria energia, ele não sentia seu sangue correr dessa maneira e esquentar seus músculos a muito tempo. Nem mesmo sua luta contra Ferecks o fez se sentir desse jeito. Ele se lembrou de quando era mais novo, quando fazia expedições militares sob o comando do Rei Marley e lutava contra feras e criaturas com seus homens. Mas as consequências das batalhas sempre o esgotavam, porque, enquanto seu corpo estava inteiro, o seu espírito nunca mais esteve após a traição que o manteve preso por longos cinco anos.
A raiva encheu-o novamente ao lembrar-se de como o Império havia tramado a morte do Rei Marley, como o Império corrompeu seu melhor amigo, o prometendo recompensas vazias e falsos sonhos a todos os habitantes de Henry. Spike respirou fundo e forçou-se a retornar da maré escura que ameaçava afoga-lo. As visões seria o seu legado para sempre, a menos que ele fizesse o que fosse necessário para Zafira subir ao trono, ela necessitava sentar no trono e ele seria sua espada. Talvez fazendo isso, ela possa finalmente se desculpar por ter falhado com o Rei Marley, e só então ele poderia viver em paz consigo mesmo novamente. Tudo o que ele precisava fazer era atravessar o penhasco rochoso.

-Senhor Spike? – perguntou Mikka a sua frente – você está bem?

Ele acordou de seus pensamentos, ele estava de volta ao seu grupo. Todos o encaravam e esperavam seus próximos passos. Spike havia se destacado e liderado com pensamentos rápidos e lógicos institivamente, atravessando hordas de inimigos e os desafios que aquele lugar proporcionava a eles. Gerlon que geralmente tomava a liderança e a iniciativa do grupo, agora o encarava seriamente, esperando suas próximas ordens.

-Sim – disse ele – vamos continuar. Você está bem, pequena?

-Sim senhor! Sinto que vamos conseguir.

-Eu também, sinto que estamos perto. Espero que uma criança como você, nunca precise empunhar a espada.

Atrás dele, ele sentiu o sorriso de Zafira. Ele deu um passo, empurrou um elmo caído no chão em uma fenda pequena e estendeu os braços amplamente na direção de uma garra que mal podia alcançar. Seus dedos presos na saliência estreita de pedra permitiram que ele movesse o outro pé e assim continuasse a escalar a face rochosa do penhasco. Muitas vezes ele havia escalado montanhas para flanquear um inimigo, de modo que esse não era um desafio novo para ele. Mas precisava ser objetivo e ter mais cautela. Os outros que vinham com ele não saberiam repetir suas proezas, principalmente a princesa Zafira, que achou que nunca na sua vida fosse passar por essas situações.

-Maldição! – as palavras escaparam de seus lábios quando ele viu a protuberância de pedra a frente começou a aumentar e tomar forma. A pedra rebentou e tomou forma de uma criatura do tamanho de um homem e com cauda de escorpião, para bloquear o caminho de Spike.

Sacar sua nova espada requer uma estabilidade que ele não tinha. Ele pulou, buscou novos pontos de apoio e agarrou o escorpião. Sua cauda agitou-se como um chicote, mas Spike manteve um aperto firme em sua garganta e posicionou seu corpo de modo que a cauda mortal passasse por ele inofensivamente. Ele resmungou, concentrando toda a sua força para esmagar a traqueia blindada do monstro. A quitina rachou, a coisa começou a se debater violentamente, a cauda ficou ainda mais ameaçadora. Spike se esquivou quando a cauda zuniu pelo ar, mirando seus olhos. Uma gota de veneno que adornava a ponta do ferrão espirrou em sua testa e ardeu como fogo. Seu domínio sobre a criatura enfraquecia, enquanto o veneno escorria em sua sobrancelha, queimando-a e ameaçando pingar em seu olho.

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