Elisabeth soltou um suspiro profundo, expulsando o ar que ela nem mesmo sabia que estava contendo. Seu corpo estava encostado no carro que tinha sido de Richard, em frente a escola de Justine, mas a sua mente estava bem longe daqueles portões.
A equipe tinha chegado a cidade á pouco mais de quatro horas, a viagem tinha demorado quase um dia, o que é bem menos do que eles previam. Até porque, o principal problema era encontrar um substituto, depois que souberam que Carnegie e Allan tinham fugido e levado consigo a única pessoa do grupo que sabia pilotar um avião. No entanto, Becker não era tão burra de passar tanto tempo convivendo com o cientista em missões, e não ter se esforçado em aprender um pouco do ofício. Ela lembrava bem de ouvir os suspiros irritados dos agentes quando souberam que tinham sido enganados e que Allan não era o único que poderia tê-los tirado daquela base. Isto é, Lizzie tinha conseguido manipula-los e nenhum deles pareceu feliz com a mentira.
Sobre uma coisa ela precisava ser sincera: jamais imaginou que eles colocariam suas carreiras em risco para ajuda-la. Ou que ignorariam com tanta facilidade o fato dela ter deixado Allan escapar enquanto eles encontravam o avião, e tratariam o assunto como se isso fosse uma coisa insignificante. John Benn ajudando alguém? Principalmente ela? A presença dele tinha sido com certeza o fato mais surpreendente daquela noite agitada. Porque até onde ela sabia, aquele homem só era capaz de se importar com o próprio umbigo.
E ali estava ela, esperando o sinal tocar para finalmente poder rever Justine e lhe dar uns bons puxões de orelha por ter dedurado os seus planos. Tinha perdido um dia dos cinco que Clarke tinha lhe dado, e ainda não tinha conseguido pensar numa alternativa para evitar a prisão. Bufou, ela sabia que não existia saída, porque mesmo se conseguisse fazer isso...ainda existia uma equação pior do que a prisão para resolver. Mas também não queria pensar em como seria sua vida dali pra frente.
O som alto e agudo do sino à livrou de pensar nesse último ponto, e alertou que as aulas tinham finalmente acabado. Uma grande massa de adolescentes começaram a sair quase correndo pelos portões abertos e Lizzie teve que forçar a visão para conseguir encontrar Justine. Sorriu de lado, quando seus olhos encontraram os cabelos longos e ondulados da morena, logo ao lado de uma garota com cabelos loiros. Riu internamente, aquele grupo era com certeza bem equilibrado: Justine era morena, Nicolette Loira, Gabrielly tinha um tom quase ruivo, Larissa tinha os cabelos encaracolados, e Peter...bom, ele tinha o cabelo preto.-Julie! -Nick foi a primeira em vê-la.
A menina a abraçou, e Lizzie retribuiu o gesto, percebendo que talvez sempre tenha sido óbvio demais que as duas não eram irmãs da mesma mãe. Era só olhar pra elas! Uma extremamente loira, e a outra com os cabelos pretos. Tudo bem, antes pensava que tinha puxado mais ao seu pai do que a sua mãe, mas agora conhecendo a verdadeira história, todas as peças pareciam se encaixar. No entanto, nada disso importava, Nick ainda continuava sendo a sua irmã menor, a mesma que arrastava o cobertor felpudo e rosa até o seu quarto toda vez que tinha um pesadelo quando era pequena.
-Sai que eu também quero abraçar! -resmunga Justine.
-Olha... parecem duas crianças...-debocha Lari.
Nicolette se afastou revirando os olhos, mas dessa vez, por incrível que pareça não houve briga entre as duas, ela apenas deu espaço para a outra.
-Você está viva...-sussurra Justine.
Havia alívio na voz dela.
-Essa surpresa me ofende...-riu. -Eu disse que voltaria, não é?
-Você disse que se esforçaria em voltar, o que foi extremamente desesperador para os meus ouvidos.
-É, tão desesperador...-se afastou dela, para semicerrar os olhos. -Que descidiu delatar tudo, não é?
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Agent Becker 2
RandomElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...