Capítulo 56

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Elisabeth soltou um suspiro profundo, expulsando o ar que ela nem mesmo sabia que estava contendo. Seu corpo estava encostado no carro que tinha sido de Richard, em frente a escola de Justine, mas a sua mente estava bem longe daqueles portões.
A equipe tinha chegado a cidade á pouco mais de quatro horas, a viagem tinha demorado quase um dia, o que é bem menos do que eles previam. Até porque, o principal problema era encontrar um substituto, depois que souberam que Carnegie e Allan tinham fugido e levado consigo a única pessoa do grupo que sabia pilotar um avião. No entanto, Becker não era tão burra de passar tanto tempo convivendo com o cientista em missões, e não ter se esforçado em aprender um pouco do ofício. Ela lembrava bem de ouvir os suspiros irritados dos agentes quando souberam que tinham sido enganados e que Allan não era o único que poderia tê-los tirado daquela base. Isto é, Lizzie tinha conseguido manipula-los e nenhum deles pareceu feliz com a mentira.
   Sobre uma coisa ela precisava ser sincera: jamais imaginou que eles colocariam suas carreiras em risco para ajuda-la. Ou que ignorariam com tanta facilidade o fato dela ter deixado Allan escapar enquanto eles encontravam o avião, e tratariam o assunto como se isso fosse uma coisa insignificante. John Benn ajudando alguém? Principalmente ela? A presença dele tinha sido com certeza o fato mais surpreendente daquela noite agitada. Porque até onde ela sabia, aquele homem só era capaz de se importar com o próprio umbigo.
    E ali estava ela, esperando o sinal tocar para finalmente poder rever Justine e lhe dar uns bons puxões de orelha por ter dedurado os seus planos. Tinha perdido um dia dos cinco que Clarke tinha lhe dado, e ainda não tinha conseguido pensar numa alternativa para evitar a prisão. Bufou, ela sabia que não existia saída, porque mesmo se conseguisse fazer isso...ainda existia uma equação pior do que a prisão para resolver. Mas também não queria pensar em como seria sua vida dali pra frente.
    O som alto e agudo do sino à livrou de pensar nesse último ponto, e alertou que as aulas tinham finalmente acabado. Uma grande massa de adolescentes começaram a sair quase correndo pelos portões abertos e Lizzie teve que forçar a visão para conseguir encontrar Justine. Sorriu de lado, quando seus olhos encontraram os cabelos longos e ondulados da morena, logo ao lado de uma garota com cabelos loiros. Riu internamente, aquele grupo era com certeza bem equilibrado: Justine era morena, Nicolette Loira, Gabrielly tinha um tom quase ruivo, Larissa tinha os cabelos encaracolados, e Peter...bom, ele tinha o cabelo preto.

-Julie! -Nick foi a primeira em vê-la.

       A menina a abraçou, e Lizzie retribuiu o gesto, percebendo que talvez sempre tenha sido óbvio demais que as duas não eram irmãs da mesma mãe. Era só olhar pra elas! Uma extremamente loira, e a outra com os cabelos pretos. Tudo bem, antes pensava que tinha puxado mais ao seu pai do que a sua mãe, mas agora conhecendo a verdadeira história, todas as peças pareciam se encaixar. No entanto, nada disso importava, Nick ainda continuava sendo a sua irmã menor, a mesma que arrastava o cobertor felpudo e rosa até o seu quarto toda vez que tinha um pesadelo quando era pequena.

-Sai que eu também quero abraçar! -resmunga Justine.

-Olha... parecem duas crianças...-debocha Lari.

      Nicolette se afastou revirando os olhos, mas dessa vez, por incrível que pareça não houve briga entre as duas, ela apenas deu espaço para a outra.

-Você está viva...-sussurra Justine.

   Havia alívio na voz dela.

-Essa surpresa me ofende...-riu. -Eu disse que voltaria, não é?

-Você disse que se esforçaria em voltar, o que foi extremamente desesperador para os meus ouvidos.

-É, tão desesperador...-se afastou dela, para semicerrar os olhos. -Que descidiu delatar tudo, não é?

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora