Agent Becker 2

Capítulo 29

Oliver não conseguia deixar de encarar a morena de olhos azuis no fundo da sala. Já fazia quase meia hora desde que saíram da reunião e o plano começou a ser encaminhado por Carnegie, e desde então Becker tinha se dedicado a aquecer um pouco os corpo socando o saco de areia na sala improvisada de treinamento que Black Rose tinha feito. A Lizzie de antigamente fazia esse tipo de coisa para espairecer a mente e descarregar o estresse, mas depois do que ele viu naquela sala, tinha plena certeza de que a menina que conheceu não era a mesma mulher que atingia aquele saco.

Na época ele era jovem demais e ela era somente a sua missão, tinha que estar lá para proteger e ajudar, enviando relatórios semanais à sua chefe. Mas tudo desandou quando os relatórios começaram a ficar menos específicos e sua superior suspeitou que de algo que Oliver já sabia: estava apaixonado. Ele foi imediatamente "morto" e tirado da missão. Virou motivo de chacota entre os soldados por se apaixonar pelo "alvo", e Black Rose nunca mais voltou a confiar nele da mesma forma, principalmente depois que Rostova se mostrou uma espiã habilidosa e teve sucesso em várias tarefas, incluindo na de se aproximar de Becker. Agora ali estava ele, rebaixado, recebendo ordens de uma mulher mais jovem que ele e observando o rosto da única missão que não pode cumprir. Mas havia uma luz, porque sabia do interesse de Reyza em trazer Becker para o seu lado, para que mudassem pelas mesma coisas, e tudo isso foi a chance que ele precisava para conseguir o respeito de volta. Rostova tinha feito Allan mudar de lado quando o cientista se apaixonou por ela, se ele fizesse isso com Elisabeth teria a gratidão eterna da chefe, o respeito e o posto de volta, sem contar que a mulher tinha realmente se tornado um monumento, então não seria nenhum sacrifício. 

 Se aproximou dela com passos lentos e as mãos no bolso, fazendo o melhor olhar que conseguia para esconder suas intenções e segurou o saco de areia pra que ela continuasse socando. Lizzie passou os olhos por ele com descaso e continuou  o que fazia. 

- Fiquei me perguntando quanto tempo você demoraria naquela porta me observando...-fala ofegante.

-Queria conversar com você...

-Não temos nada pra conversar Oliver.

-Não vai nem me dar a chance de explicar? Não tem perguntas?

-Não.- responde, saltando no ar e chutando o saco de areia, quase desequilibrado o sujeito.

-Olha...

-Não estou brava Oliver. -intervém.-Pelo menos não mais, porque entendo que era a sua missão. Mas não significa que somos alguma coisa, não quero ouvir as suas explicações simplesmente porque não me importo com  você. -riu.- O Oliver que conheci tinha tanto senso de justiça que é até engraçado te ver agora...acho que a única coisa verdadeira foi o seu nome...bom, isso contando com o fato de que você realmente se chama Oliver.

-Esse é o meu nome. -confirma. -Eu me importei de verdade com você Lizzie, só queria que soubesse que não foi idéia minha aquela história de morte.

      Ela parou o que fazia e encarou os olhos dele.

-O que exatamente veio fazer aqui?

-Sinceramente...Não sei...-suspirou. -Eu só...ainda me importo...então tome cuidado naquela prisão...

      Oliver queria colocar a mão no ombro dela para reforçar as suas palavras, mas sabia que se forçar demais ela suspeitaria, então simplesmente colocou as mãos no bolso e saiu dali da mesma forma que entrou.

(...)

 Tudo tinha funcionado como o planejado, Elisabeth lembrava pouca coisa do que houve, até porquê tudo aconteceu muito rápido, mas por sentir os seus braços amarrados pode concluir que as coisas estavam fluindo bem. Não foi fácil armar toda uma situação que permitisse que o infiltrado tivesse uma chance boa o suficiente para fugir e se revelar no processo, mas foi simples se manter no caminho dele e virar um alvo mais fácil de ser tomado como refém. Agora ali estava ela, sendo carregada por um sujeito ofegante como um saco de batatas em meio a mata que cercava a prisão, o único consolo é que não tinha precisado andar o percurso todo.