Elisabeth alternou os olhar sério entre Carnegie e Reyza, esperando que alguma das duas dissesse que aquilo apenas uma piada. Sua mãe? Isso era o que? Um filme? Um livro? Onde derrepente o personagem descobre uma verdade bombástica sobre si? Lizzie não era burra, tinha visto nos olhos daquela mulher uma copia igual aos seus. Todos sempre comentaram sobre os seus olhos, que não era nada semelhante ao azul bebê que o seu pai tinha, mas jamais desconfiou que os seus não fossem herança genética dele, e sim de sua mãe. Mas algo nessa história não se encaixava: Olga Margaret Austen, sua mãe, morrerá de câncer no pulmão quando Lizzie ainda era pequena, e ela se lembrava bem do rosto dela.
-Minha mãe morreu. -diz. -E tenho certeza que ela não é você.
-A pessoa que te criou morreu. -corrige Reyza -Olha, conheci seu pai 1925...no meio de um cenário pós guerra...ele ainda não era casado, admito que no começo Aneurin era somente uma forma de me manter em segurança das pessoas que me perceguiam. Afinal quem imaginaria que estaria na casa de um Tenente Francês? Ele me aceitou...nos envolvemos e...quando você nasceu...finalmente entendi que havia a necessidade de me afastar porque a minha presença era sinônimo de perigo e...
-A velha história do fiz, para te proteger. -interrompe Lizzie, sarcastica.-Mesmo que essa história seja verdadeira, o que certamente duvido que seja, quando foi que passou de "mãe amorosa" pra criminosa internacional? É um salto que poucas conseguem dar...
-Elisabeth...
-Não terminei. -murmura, seca. -Nada do que você disser vai me fazer acreditar nessa história maluca, então poupe a sua saliva. Se ela é verdadeira ou não, pretendo descobrir sozinha.
Becker entendia que ter saido viva todo esse tempo das mãos dos russos poderia ter essa resposta como explicação, por isso, mesmo que achasse um absurdo, ainda não queria descartar as palavra de Black Rose.
-Estou falando a verdade.-diz Reyza.
-Ta, e se estiver? Me contou tudo isso pra quê?
-Você é uma Romanov!
-Herdeira de uma dinastia interrada.
-Não por muito tempo! -murmura. -Sou a sua mãe...ainda não posso dizer muita coisa...mas preciso que confie em mim e saiba que estou falando a verdade!
Becker descruzou os braços e deu alguns passos à frente.
-Acho que você ainda não entendeu, então vou explicar: minha mãe morreu de câncer, à anos. Você? Eu mal te conheço! É uma estranha! Esperava o que? Que chorasse aos seus pés? Triste porque mentiram pra mim e feliz porque agora tenho uma mãe? Aí vai a novidade: já tive uma, e você não passa de uma mulher que compartilha a mesma cor de olhos que eu! Se te odeio? Ainda não tenho motivos pra isso...-deu de ombros. -Mas também não espere um reencontro emotivo entre mãe e filha. Passou tanto tempo longe e agora volta querendo intimidade?
-Nunca estive longe! -intervém Reyza, como se buscasse provar o seu ponto.
A francesa semicerrou os olhos, como se algo dentro do seu cérebro acabasse de finalmente juntar a última peça do quebra-cabeça.
-Claro...-suspirou. -Oliver...colocou um dos seus capangas pra me vigiar.
-Pra te ajudar. -corrige Reyza. -Ele garantiu a sua entrada no exército! Quem você acha que garantiu a sua chegada aos Estados Unidos em segurança? E despistou o seu pai de encontra-la todos esses anos?! Ah! Por favor! Ele é um general! Acha mesmo que não teria te achado?! Uma hora ou outra vocês teriam se cruzado!
-Então agora devo te agradecer por me fazer de trouxa? -riu, debochada. -Por manipular a minha vida? Infiltrou Carnegie também, não é? E aposto que não foi só pela Maré Vermelha...porque existiam outras formas de fazer aquilo...-pausou, pensativa. -Você queria que eu ficasse com os créditos da missão? Claro que queria!
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Agent Becker 2
RastgeleElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...