Capítulo 8

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      Andar sozinha pela cidade repleta de homens armados pelas ruas escuras da madrugada não foi exatamente um problema para Becker. O maior desafio foi conseguir sair do local onde a equipe estava sem chamar a atenção de alguém, e será ainda pior se não voltar antes do seu próximo turno como vigia começar.
       Quantos aos homens armados que ela deveria enfrentar? Já tinha perdido o receio de ser vista à muito tempo, quando duas esquinas depois de ter "fugido" esbarrou com um grupo deles, que ignoraram totalmente a presença dela e continuaram caminhando. Eles provavelmente tinha recebido ordens para não se aproximar de Elisabeth, pois a única ação deles era sempre procurar se afastar o máximo possível dela.
    Franziu a testa, parando numa esquina iluminada, e trilhando mentalmente uma trajetória até o tribunal, a partir do mapa da cidade que tinha feito questão de decorar o principais pontos antes. Ela aproveitava a caminhada livre para decorrar as possíveis vielas que em algum momento poderiam servir de escape.
    Se desconcentrou no que fazia, olhando para atrás pela nona vez desde que saiu do restaurante, com a sensação estranha de que estava sendo seguida. No começo ela tinha imaginado que fosse alguns capangas de Carnegie, mas já tinha notado que nenhum deles tinha permissão para ataca-la no percurso, e por isso nesse momento descartou essa opção.
      Apressou os passos para atravessar a rua,  se escondeu na primeira viela que encontrou, e balançando o corpo nas barras de uma escada de saida de incêndio alçou o corpo para cima e aterrissou na placa de prédio que levava ao primeiro andar. Seus olhos encaram curiosos a entrada do beco, esperando que perseguidor entrasse por ali e que a luz do poste da esquina fizesse o seu trabalho de iluminar o rosto do sujeito.
   Não demorou muito e depois rosto conhecidos espiaram a escuridão do beco com receio, tentando encontra-la.

-Vocês horríveis seguindo uma pessoa.- Murmura Lizzie, audivelmente.

     Ambos ergueram a cabeça, enxergando Elisabeth balançar as pernas no ar, e apoiar a cabeça na parede ao lado de onde estava sentada.

-Merda...-sussurra Allan, colocando a mão no coração. -Você me assustou!

-Desde quando percebeu? -indaga Richard, apoiando o corpo na parede.-Nós seguirmos de longe!

-Longe? Senti a respiração de vocês no meu pescoço. -debocha Lizzie, descendo de onde estava. -O que estão fazendo aqui?

-Eu? Fazendo um favor ao seu amigo de não deixa-lo morrer antes do tempo. -Responde Rick, dando de ombros.

-E você, Allan? -resmunga Lizzie. -Não percebe que se você morrer a culpa vai ser minha?

-Está preocupada com a culpa, ou com a minha morte? -semicerrou os olhos.

-Com a culpa. -provoca.

-Oh...essa doeu... -dramatiza.

-Por que estão me seguindo?- retoma Becker.

-Eu sei onde você vai...-Matte sorriu de lado.

-Tomar um ar?

-Um ar à duas quadras do restaurante?-debocha. -Se você vai atrás da Rostova, também quero ir!

-Pêra, você vai onde?! -branda Richard, se equilibrando na perna boa. -Não pensou em compartilhar isso com a equipe?! Que merda tinha na cabeça pra sair sozinha nesse lugar, procurar um maluca?

-Ah...esqueci de pedir permissão...?-ironiza Lizzie, odiando o tom que ele estava usando com ela. -Acha que sou o que? Uma criança pra falae assim comigo?!

-Gente...-tenta Allan.

-É o que parece! Se não quer ser tratada como uma deveria ter dito onde iria e pedie por apoio!

-Não preciso de apoio!

-Você tem uma equipe! Nós vamos voltar! Pedir ajuda e...

-E o que? -intervém. -Não vou voltar! Você faz isso se quiser!

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora