-Sabe qual é a pior parte de fingir ser outra pessoa? -sussurra Carnegie.
Lizzie lançou um olhar irritado na direção dela, pedindo por silêncio.
-Quer matar nós duas?!
-Ninguém está ouvindo.- a soviética revirou os olhos. -Estamos sozinhas nessa sala à quase meia hora. E no máximo descobrimos o quanto é irritante estar no escuro.
-Irritante estar no escuro com você. -corrige Lizzie. -Será que dá pra levantar e vir ajudar?!
-Como sabe que estou sentada?
-Escutando. Você parou de fazer ruidos com os pés à dez minutos e está à minha esquerda.
A outra riu.
-Tem mais algum truque oculto que ainda não saiba?
Julie bufou impaciente, cansada de ouvir as piadinhas e as falas sem sentindo da criminosa. As duas tinham sido sequestradas, provavelmente da mesma forma que Justine e Leopoldo foram, e desde então Rostova não parou de tagarelar. Becker não tinha exatamente um plano formado, e mentiu quando Michael perguntou se ela sabia como sair dali. Tudo porque já tinha sido dificil demais deixar o ego de lado e pedir dinheiro ao general, o que menos precisava agora era que o líder da equipe voltasse à ficar contra a idéia.
-Essa porta não abre por dentro. -diz Carnegie, ouvindo a outra mexer na maçaneta pela quinta vez. -Se quer sair daqui, alguém vai precisar ouvir.-Acha que alguém consegue nos ouvir? -indaga, encostando o ouvido na porta. -A porta não parece muito grossa...-passou os dedos na parede descascada. -A parede é velha...
-Se estivessem ouvindo, nós já teriamos sido descobertas. -responde.
-Sim...-se afastou. -Mas porque estamos falando num tom normal...-sorriu de lado.
-Você ficou em silêncio...-aponta Carnegie. -Tem um plano?
-Ninguém vende uma mercadoria com defeito...
-Depende do vendedor. Para de mistério e vai direto ao ponto.
-Consegue vir até mim?
Rostova franziu a testa e se apoiou na parede pra se levantar. Calculou mentalmente a posição que a francesa poderia estar e iniciou as passadas curtas e cuidadosas.
Por outro lado, mesmo estando no escuro a agente fechou os olhos e se concentrou, não houve dificuldade de sentir a presença dela e só precisou fechar o punho e esperar o momento certo. Rostova perdeu o ar quando sentiu um soco potente atingir a sua bochecha esquerda e cambaleou para atrás surpresa.-Mais que porcaria! -esbraveja, socando os ar em busca de Elisabeth. -Francesinha barata! Perdeu o juízo?!
-É parte do plano. -avisa Lizzie. -Se houver briga, eles vão precisar abrir a sala para intervir. Ninguém compraria um "produto" com "defeito", lembra? O que significa que o nosso corpo precisa estar em bom estado.
-Não é mais fácil só gritar?!
-Ah...sim...claro...-coçou a nuca. -É acho que isso também funciona. Mas precisa ser uma boa encenação. Acha que consegue?
-Essa pergunta me ofende!
Carnegie finalmente conseguiu encontrar o corpo de Elisabeth em meio à falta de luz, segurou o tescido da blusa dela e empurrou o tronco contra a porta de forma abrupta. Becker soltou um gemido baixo de dor.
-Minhas costas...-sussurra. -Isso não faz parte do plano!
-Precisamos fazer barulho. -murmura, inocente. -Fingir uma luta faz parte.
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Agent Becker 2
RandomElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...