Capítulo 9

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       As duas caminhavam pelos túneis subterrâneos debaixo da baía de São Francisco, ouvindo o ecoar das passadas demarcadas pelos saltos, que se misturavam ao som de gotas que se infiltravam pelo teto. Lizzie olhou pela décima vez para o alto, imaginando que se aquele túnel sedesse elas estariam mortas no mesmo instante. Quantos anos tinha aquela construção? quase um século?
      Aquele túnel ligava as margens do porto até Alcatraz, sim, uma antiga passagem quase nunca ultilizada pelas condições precarias que se encontrava. Tão antiga, que nem mesmo os agentes da OSCU sabiam da existência dela. Pensavam que tinham parado os russos ao destruir os barcos, quando na verdade aquele nunca foi o plano.

-Então era por isso que precisavam de Petrov? -indaga.

-Dos conhecimentos dele. -corrige Carnegie. -Ele era colega de sela de um dos prisioneiros mais antigos de Alcatraz, o famoso homem que conhece todos os segredos.

-Tem um mapa da prisão?

-Você já sabe a resposta.

-E está me respondendo tudo sem mentir...-analisa Lizzie. -Se não soubesse das intenções da sua chefe, pensaria que Alcatraz seria uma boa oportunidade pra me matar.

-Estou respondendo porque...-ela pausou, suspirando. -São ordens superiores.

-E porque a sua chefe me quer viva?

-Você vai descobrir.

-E voltamos aos mistérios. -reclama Lizzie.

-O que posso dizer é que...-bufou. -Você é mais especial do que imagina, Becker...

         As duas voltaram a ficam em silêncio, como se juntas concordassem que não havia mais nada à ser dito. Rostova não estava disposta a dizer mais nada, e Lizzie sabia que não conseguiria arrancar mais informações. O que restava era continuar percorrendo o túnel com a lanterna quase sem pilhas de Carnegie, torcendo pra não ficar no escuro antes de chegarem ao destino.
     As duas quase deram um pulo para atrás quando a luz focalizou dois corpos jogados no chão sujo, reconheciveis como seres humanos só porque ainda havia alguns ossos do tronco intactos.

-Pensei que ninguém soubesse desse lugar...-murmura Lizzie, enquanto passavam pelos esqueletos.

-Algum prisioneiro deve ter descoberto a passagem...mas parece que ficaram presos. -diz a russa.

-E nada garante que não vamos repetir a história...-sussurra.

-À dois meses infiltramos um dos nossos soldados lá dentro, ele vai abrir a porta pra gente.

-Se tinham alguém la dentro, porque estamos indo? -resmunga Lizzie.

-Um homem para resgatar uma pessoa na prisão de Alcatraz? -debocha. -Vamos precisar ser muito boas para passar desapercebida e cumprir o que viemos fazer.

-Existem crianças em Alcatraz...as familias dos guardas vivem lá...-alerta.

-E vão continuar vivendo.

-Não quero deixar nenhuma criança órfã. -murmura, séria. -Então, balas só em último caso.

-Quer invadir uma prisão sem balas? É uma missão silenciosa, mas em algum momento vamos precisar usa-las!

-Atire na perna, braço, ou qualquer outro órgão não vital.

-É assim que trabalha? -questiona Carnegie, curiosa.

-É assim que tento trabalhar. -responde Liz. -Você me chamou aqui...Então por enquanto esses são os meus termos.

-Achei que tinha vindo pela companhia! -ironiza, fazendo beicinho.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora