Capítulo 61

412 77 97
                                    

    Elisabeth saiu do banco da mesma forma que entrou, com a típica postura de mulher rica e mimada, evitando dizer adeus à qualquer funcionário pra que o seu rosto não fosse mais gravado do que já foi. Caminhou pelas ruas da cidade de Londres com passadas mais tranquilas, temendo andar rápido demais e fazer com que a bomba que estava dentro da pasta explodisse em suas mãos. Ela tinha um plano, e esse plano incluía encontrar um lugar calmo e tranquilo para tentar desativar aquela coisa, afinal não poderia levar uma coisa tão perigosa ao apartamento que tinha alugado e arriscar derrubar um prédio inteiro. O ideal seria encontrar um lugar deserto, mas como não havia muitos desses locais naquela cidade, escolheu a primeira padaria longe do banco e vazia o suficiente para não ser responsável por um massacre, caso aquilo explodisse.
    Sentou na última mesa, aquela mais afastada de tudo e de todos, e depositou a mala sobre a mesa. A atendente logo veio fazer o seu pedido, e ela descidiu que já estava na hora de colocar algo no seu estômago, mesmo que não fosse realmente um almoço e pediu por um pedaço de bolo.

-Como se destrói uma bomba? -resmunga. -Allan...vou te matar...

     Abriu o documento com as informações, e vasculhou em busca de alguma instrução à ser seguida.

-Muito sábio explicar como construiu, mas não como se destrói. -sussurra, fechando o arquivo.

-Senhorita, aqui está o seu bolo e...- depositou sobre a mesa o que ela tinha pedido, ao lado de uma xícara de café.

-Eu não pedi café...-Lizzie franziu a testa.

-É...eu sei...me desculpe, mas...aquele cavalheiro alí perto da porta, pediu que lhe enviasse isso por conta dele.

-Mas quê...-Lizzie ergueu o olhar, olhando na direção que a garçonete apontava.

      Seu coração quase errou uma batida. Ele estava de costas, mas aquelas costas eram inconfundíveis.

-Pode pedir que ele venha até aqui? E diga que não gosto de café...

-Claro! Posso levar a xícara?

-Não, pode deixar aqui.

-Mas à senhorita disse que...

-Não costumo desperdíçar as coisas.-explicou.

-Ah, sim...claro...com licença...

      As mãos de Elisabeth começaram a suar quando a mulher caminhou até o sujeito que ainda estava parado próximo a porta e cochichou muito perto do rosto dele. Seu coração parecia querer sair do peito, havia uma empolgação dentro de si que fazia ele bater cada vez mais rápido, mas também havia o seu lado racional tratando de lembra-la de que aquilo poderia não ser um bom sinal.
    O sujeito virou na direção dela e caminhou com cautela e seriedade no rosto, até parar exatamente ao lado de Elisabeth, à essa altura um pequeno sorriso conseguiu tomar o rosto dele.

-Confesso que cheguei a ficar decepcionado quando a garçonete disse que a senhorita não gostava de Café.

-Quer me fazer companhia, cavalheiro?

-Claro...-ele apoiou a mão na mesa e sentou. -Se não for atrevimento da minha parte, gostaria de perguntar qual perfume está usando...?

-Sim, é bem atrevido da sua parte. -sorriu-Mas se quer mesmo saber, já me disseram que cheira a Jasmins... -deu de ombros.

     Ela fechou a mala e colocou tudo de lado.

-Então cavalheiro, pode me dizer com quais intenções me enviou uma xícara de café?

-É uma xícara de café...-deu de ombros. -Foi um gesto solidário.

-Solidário? -riu.

-Solidariedade à uma mulher que não bebe isso à muito tempo. Deve ser difícil desapegar dos vícios.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora