Capítulo 33

560 93 103
                                    

Justine Becker começava a ver a claridade da luz invadindo a sala pela janela redonda do local. Ela e Leopoldo até tentaram encontrar uma saída durante a noite, mas a falta de claridade obviamente impossibilitou que eles tivessem uma boa noção do espaço que estavam, e só agora no amanhecer que eles conseguiram enxergar que havia uma porta à direita da janela.

-Meu pai nunca demorou tanto assim pra me achar...-murmura Leo.

    Tine franziu a testa.

-Falando assim parece que essa não é a sua primeira vez...

-Já fui sequestrado duas vezes. -ele deu de ombros. -Meu pai é um general...tem inimigos.

-E o que aconteceu das outras vezes?-indaga, curiosa.

-Na primeira vez meu irmão mais velho foi torturado até a morte. Na segunda tive que esperar duas horas...-fala, sem restar importância.

       A garota engasgou com a saliva.

-Não precisa me olhar desse jeito, Becker. Eu era pequeno demais pra lembrar.

-Você faz tudo parecer simples demais. Quase como passar o verão na praia.

-Esperava o que? Lágrimas?

    Os dois trocaram olhares silenciosos, e Justine achou melhor nem responder às perguntas.

-Está amanhecendo. -sussurra, mais pra si mesma do que pra ele. -Precisamos encontrar uma saída, ou uma forma de nos defender.

-Seria prudente descobrir onde estamos primeiro. O que acha de ignorarmos as nossas diferenças por algumas horas?

-Boa idéia. Acha que consegue me erguer até a janela? Ela é pequena demais pra conseguirmos escapar, mas talvez dê pra ver o que tem lá fora.

-Sim. -responde. -Passei a noite tentando escutar algum ruído. Estou começando à achar que estamos num porão...isso explicaria o motivo da janela ser tão alta.

-O porão de onde? -ela estava pensando. -Ouvi algo essa manhã...nos primeiros raios do sol...

-Algo que possa identificar onde estamos?

-Não tenho certeza. Mas acho que ouvi som de gaivotas.

-E? -ele enrrugou a testa. -Ouviu um pássaro? Só?

-Gaivotas são típicas da zona costeira.

-Perto do mar...-concluiu.

-Não tanto...-fala. -Ouvi só uma ave...se estivessemos realmente na costa, estaria ouvindo elas até agora.

-Então nem muito longe, e nem muito perto. Não ajudou muita coisa.

-Vamos olhar pela janela e tirar a dúvida. -deu de ombros.

(...)

Elisabeth inspirou profundamente o ar do porto, inalando o cheiro enjoativo de peixe, mas com certo prazer por finalmente estar de volta à casa. Tudo parecia da mesma forma desde que eles sairam à mais de duas semana, homens correndo de um lado à outro, levando barris, alguns bebendo, gritando e outros engatando numa briga. Ela jogou o bolso militar nas costas, onde estava carregando a sua bagagem e desceu do navio para se juntar ao grupo de pessoas lá embaixo.
     Black Rose, Carnegie, Oliver e alguns soldados estavam lá, e Julie começou a imaginar se ainda deveria prender a soviética, mesmo sabendo que ela estava ali para falar com os seus superiores. O plano inicial era reunir o máximo de informações sobre eles, e a francesa tinha de admitir que tinha conseguido bons resultados nisso, mas não parecia uma boa idéia compartilhar tudo o que descobriu. Essa história dos dons, de um "povo" que sua mãe supostamente liderava? Quem acreditaria nisso? E ainda tinha a história do General Clarke estar tramando alguma coisa. Ela precisava mesmo era descançar, talvez treinar e colocar a cabeça no lugar antes de tomar qualquer atitude.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora