Justine Becker começava a ver a claridade da luz invadindo a sala pela janela redonda do local. Ela e Leopoldo até tentaram encontrar uma saída durante a noite, mas a falta de claridade obviamente impossibilitou que eles tivessem uma boa noção do espaço que estavam, e só agora no amanhecer que eles conseguiram enxergar que havia uma porta à direita da janela.
-Meu pai nunca demorou tanto assim pra me achar...-murmura Leo.
Tine franziu a testa.
-Falando assim parece que essa não é a sua primeira vez...
-Já fui sequestrado duas vezes. -ele deu de ombros. -Meu pai é um general...tem inimigos.
-E o que aconteceu das outras vezes?-indaga, curiosa.
-Na primeira vez meu irmão mais velho foi torturado até a morte. Na segunda tive que esperar duas horas...-fala, sem restar importância.
A garota engasgou com a saliva.
-Não precisa me olhar desse jeito, Becker. Eu era pequeno demais pra lembrar.
-Você faz tudo parecer simples demais. Quase como passar o verão na praia.
-Esperava o que? Lágrimas?
Os dois trocaram olhares silenciosos, e Justine achou melhor nem responder às perguntas.
-Está amanhecendo. -sussurra, mais pra si mesma do que pra ele. -Precisamos encontrar uma saída, ou uma forma de nos defender.
-Seria prudente descobrir onde estamos primeiro. O que acha de ignorarmos as nossas diferenças por algumas horas?
-Boa idéia. Acha que consegue me erguer até a janela? Ela é pequena demais pra conseguirmos escapar, mas talvez dê pra ver o que tem lá fora.
-Sim. -responde. -Passei a noite tentando escutar algum ruído. Estou começando à achar que estamos num porão...isso explicaria o motivo da janela ser tão alta.
-O porão de onde? -ela estava pensando. -Ouvi algo essa manhã...nos primeiros raios do sol...
-Algo que possa identificar onde estamos?
-Não tenho certeza. Mas acho que ouvi som de gaivotas.
-E? -ele enrrugou a testa. -Ouviu um pássaro? Só?
-Gaivotas são típicas da zona costeira.
-Perto do mar...-concluiu.
-Não tanto...-fala. -Ouvi só uma ave...se estivessemos realmente na costa, estaria ouvindo elas até agora.
-Então nem muito longe, e nem muito perto. Não ajudou muita coisa.
-Vamos olhar pela janela e tirar a dúvida. -deu de ombros.
(...)
Elisabeth inspirou profundamente o ar do porto, inalando o cheiro enjoativo de peixe, mas com certo prazer por finalmente estar de volta à casa. Tudo parecia da mesma forma desde que eles sairam à mais de duas semana, homens correndo de um lado à outro, levando barris, alguns bebendo, gritando e outros engatando numa briga. Ela jogou o bolso militar nas costas, onde estava carregando a sua bagagem e desceu do navio para se juntar ao grupo de pessoas lá embaixo.
Black Rose, Carnegie, Oliver e alguns soldados estavam lá, e Julie começou a imaginar se ainda deveria prender a soviética, mesmo sabendo que ela estava ali para falar com os seus superiores. O plano inicial era reunir o máximo de informações sobre eles, e a francesa tinha de admitir que tinha conseguido bons resultados nisso, mas não parecia uma boa idéia compartilhar tudo o que descobriu. Essa história dos dons, de um "povo" que sua mãe supostamente liderava? Quem acreditaria nisso? E ainda tinha a história do General Clarke estar tramando alguma coisa. Ela precisava mesmo era descançar, talvez treinar e colocar a cabeça no lugar antes de tomar qualquer atitude.
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Agent Becker 2
RandomElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...