Capítulo 3

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Elisabeth mastigava um pedaço de folha de hortelã que pegara da plantinha no meio do caminho, ela tinha seguido até a direção que o homem misterioso deu de apé, não se dando ao luxo de pegar um táxi porque sabia que provavelmente essa localização deveria ser secreta. E infelizmente, a escolha de roupa dela não estava preparada para a ocasião, caminhar quadras e quadras de salto não fez muito bem aos seus pés, por mais que a calça que usar equilibrasse bem a balança. Conforme se aproximava do local, com as mãos dentro dos bolsos frontais da calça e cantarolando uma música antiga da época dos seus pais, ela se dispôs à analisar bem o ambiente escuro.
Aquilo era muito diferente do que ela imaginara, esperava encontra algum prédio, residência, ou algo do tipo, mas em vez disso tinha se deparado com un terreno baldio. Conferiu o endereço no cartão que guardara no bolso, e voltou o olhar para o terreno, percebendo que não era a única pessoa ali. Havia mais quatro homens no local, e ve-los só era possível por causa da luminosidade da lua.
Se aproximou deles com passadas largas, agradecendo mentalmente pelo chão ser pelo menos asfaltado. Tomou lugar ao lado de um dos brutamontes, e ignorou os olhares sobre si, sabendo exatamente o que se passava na mente deles.

-Você é o que?-indaga um deles.

-É tão difícil assim reconhecer uma mulher? -debocha outro cara.

Lizzie engoliu a folhinha que estava mastigando, e prendeu os cabelos num coque mal feito. Ou a noite estava muito quente, ou seus sentidos estavam detectando que alguma coisa aconteceria naquele espaço, porque seus poros pareciam querer derreter de tanto calor que saia por eles.

-Ela é uma participante. -murmura um careca, quando terminou de analisar Lizzie.

Antes que mais algum deles pudesse dizer alguma coisa, luzes fortes invadiram os olhos dos presentes, que apertaram as pálpebras por não estarem acostumados à isso. Demorou um tempo, até os cinco conseguirem se acostumar a nova claridade do ambiente, piscaram diversas vezes, forçando as pupilas à absorverem a luz. Lizzie forçou-se à enchergar nessas novas condições, rodando nos calcanhares para ter noção do espaço ao redor, que agora estava perfeitamente iluminado pelos holofortes espalhados por cada um dos cantos e franziu a testa quando uma sexta voz se fez presente:

-Sejam bem vindos!

Eles procuravam pela origem do som, mas não encontravam.

-Vocês estão aqui por serem considerados bons no que fazem, mas só o melhor vai conseguir a oportunidade que veio buscar.

Agora Elisabeth entendia o que o sujeito das espadas quis dizer a respeito das habilidades dela: "se elas forem verdadeiras, você está dentro". Eles estavam ali para passar por um teste, e Becker já tinha uma idéia sobre o tipo de prova que precisaria passar.

-Como já devem ter imaginado, lutarão um contra o outro...-os participantes se afastaram um do outro. -Quem tocar o chão, perde. Sejam rápidos, vocês tem dez minutos para vencer e se não conseguirem, vou considerar que ninguém é apto o suficiente para sentar na cadeira que estou oferecendo.

Lizzie tomou uma certa distância dos quatro brutamontes, um pouco surpresa por ter tão pouco tempo para lidar com aquelas muralhas de carne e osso. O problema não estava nela, mas sim neles, porque Lizzie sabia que alguns gastariam muito tempo lutando entre si. Dez minutos era pouco ao considerar que ninguém ali queria perder.
Suspirou irritada, odiando o fato de precisar ser testada para entrar naquela porcaria de agência. Pensou até em retroceder os passos e voltar pra casa, mas sabia que Justine provavelmente à mataria se fizesse isso. Ela não estava com medo, só realmente incomodada porque sabia que pra vencer teria de usar uma técnica que odiava usar com gente que não conhecia meios de se defender dela. Raramente lutava usando pontos de pressão, isso acontecia em casos de vida ou morte, onde não havia outra alternativa. Fora isso, apenas as técnicas menos fatais eram utilizadas no seu dia a dia.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora