São Petersburgo era exatamente como Elisabeth imaginou que seria: puro gelo. Aquele país parecia um grande cubo gelado ambulante, e mesmo sabendo disso antes de desembarcar ali, Julie realmente tinha se esquecido do quão baixo a temperatura poderia chegar. A última vez que tinha estado ali era muito pequena, mas olhando pela janela conseguia se lembrar de passear por aquela ruas com sua mãe e Nicolette, brincando com a paz que somente uma criança tinha. Aquela era uma das últimas lembranças que conseguia recordar de Olga.
Ela escondeu o sorriso no rosto, porque sentia o olhar de Reyza sobre si desde que entraram naquele carro. Era como se a soviética estivesse atenta à todas as reações da outra sobre o país de onde ela descendia, buscando interpretar cada ruga que vez ou outra surgia.
-Estamos chegando? -indaga Rick, cansado.-É a décima vez que você pergunta isso. -resmunga Mike.
-Estou sendo esmagado por dois homens, tudo bem que está frio, mas prefiro casacos do que o calor de vocês pra me esquentar!
-Não deveria estar reclamando...-murmura Lizzie, apontando para Allan e Carnegie ao seu lado. -Estou no meio do traidor e da criminosa.
Allan suspirou, e o carro novamente se afundou no silêncio, o comentário da francesa tirou as palavras da boca de todo mundo e uma risada nasalada de Reyza.
Poucos minutos e algumas reclamações depois o veículo finalmente estacionou em frente à um edificio na saída da cidade. Estava velho, e eles nem precisaram entrar pra concluir que também era abandonado. Mas existia uma vantagem, porque ficava à poucos quilômetros da Prisão mais conhecida da cidade: Kresti. E era lá que Black Rose alegou que o seu povo poderia estar, pois segundo suas informações Stalin já tinha excedido no número de prisões no suporte do local, e a poucos meses atrás mais um carregamento de prisioneiros chegou. Sem contar que Kresti era a prisão mais bem planejada e segura do país.
Mais quatro carros param atrás dos veículos deles, de onde desceram os soldados que seguiam fielmente Black Rose, e Carnegie sinalizou com a cabeça pra eles carregassem as malas. Havia pouca coisa à ser guardada, mas a soviética sabia que o tempo era precioso demais pra eles perderem com isso.
Os agentes seguiram os passos das duas, analisando cada detalhe no interior do prédio de poucos andares, se atentando principalmente ao fato de que por dentro ele parecia ter sido muito bem cuidado.-Bom, estamos à exatamente 15 kilometros da Prisão. Planejem e executem...-diz Black Rose.
-Espera, não vamos fazer isso juntos? -indaga Benn.
-Que eu saiba Kresti é uma prisão perigosa! Vamos entrar sozinhos?-reclama Campbell.
-O motivo de vocês estarem aqui, e a razão do nosso acordo é exatamente esse. Não vou arriscar o meu pessoal, no máximo terão Carnegie e mais algum soldado, só como garantia pra saber se não estão agindo pelas minhas costas. -diz Reyza. -Não me importo com a forma que vocês vão fazer, façam e entrego a localização. Enquanto isso, tenho assuntos mais importantes à tratar...
Carnegie sinalizou para o soldado que tinha acabado de adentrar pela porta, pedindo que ele se aproximasse, e Black Rose simplesmente saiu da sala com toda a sua pose autoritária, e deixou a bomba nas mãos dos agentes. Era aí onde morava as desconfianças de Elisabeth, já que o mais sensato era ficar colada na chefe daquele bando para evitar que ela planejasse algo por suas costas. A pouca importância que a criminosa deu ao assunto só confirmou que ela não estava mentindo quando disse que existia algo mais urgente à se resolver.
-Esse aqui é o Oliver. -apresenta Rostova, batendo no ombro do homem parado ao seu lado.
-Podemos começar? -branda Mike. -Temos muita coisa pra pensar!
-Fez o que te pedi? -questiona a russa, se dirigindo ao colega.
Ele movimentou a cabeça concordando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Agent Becker 2
De TodoElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...