Capítulo 30

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-"Familiar"? -repete Michael, vendo que ninguém se manifestou a respeito.

   Julie saiu do transe.

-Claro! Viajamos juntos, dormindo e comendo sobre o mesmo tempo. Pensei que Black Rose já tivesse criado um carinho pela nossa prenseça! -fala com ironia.

    Ela tinha dado um tremendo de um "furo".

-Francesa, não é porque te emprestei a minha calça, que já somos familia. -ajuda Carnegie, mesmo sem saber porque estava fazendo isso.

     As duas soltaram sorrisos, seguido de gargalhadas contidas e os ombros do lider da equipe alfa do Distrito pareceu relaxar a postura, aparentemente convencido com as palavras irônicas das duas.

-Becker?! -grita Benn, tentando trazer a mulher de volta à terra.

       Julie olhou pra ele um pouco confusa e piscou duas vezes antes de voltar a realidade.

-O que foi?! -indaga.

     Era melhor afastar essas lembranças, principalmente porque lembrar delas fazia Elisabeth simpatizar com a soviética, e não era bom que isso acontecesse.

-Estamos parados à quase meia hora nessa bifurcação.

-Quinze minutos. -corrige Muan.

-Vamos pela direita. -ela deu de ombros e voltou a caminhar.

     A água gelada e imunda, apesar de bater no joelho, estava fazendo eles começarem a ranger os dentes. Até agora nenhum guarda tinha vindo atrás deles, e por mais que eles achassem os corpos desmaiados na sala das caldeiras, Julie sabia que era mínima a possibilidade deles calcularem que os três tinham saido pelo esgoto. E mesmo se isso acontecesse, havia milhares de caminhos à serem tomados.

-Agora que estamos aqui...-sonda Benn. -Pode explicar o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas?

-Nós fugimos, salvamos os reféns, e voltamos pra te buscar. -resume.

-"Voltamos"? Só vejo você aqui...-ele não estava acreditando.

    Ela bufou.

-Benn só fique feliz por estar bem. Vamos sair daqui, e voltar pra casa...

    Pensou em Justine, e seu coração apertou.

-O mais rápido possível...-completa.

-Obrigada...-ele suspirou, e recebeu um olhar confuso. -Não sou burro. Só você está aqui...numa missão normal todo mundo viria...conheço o protocolo e sei que Michael estaria no comando, e que a ordem mais óbvias seria sair do país.

-Você sabe que não sou boa em seguir ordens.

-Nunca apreciei tanto esse aspecto em você.

   Ambos soltaram um riso abafado.

-Sabe...-pausou indeciso. -Vim de uma familia tradicional...a vida toda meu pai ensinou a mim e aos meus irmãos qual era o papel das mulheres no mundo. Provavelmente sou a pessoa que você mais odeia na equipe...não estou me justificando e nem nada do tipo, só estou dizendo os fatos: fui ensinado que o seu lugar era atrás de panelas. E derrepente viu apareceu...-riu. -Com idéias próprias... e opiniões que batiam contra tudo o que acreditava...bom não estou dizendo que mudei de posição...só quê...todos os dias você me faz mudar de idéia, e todos os dias uma parte de mim luta pra que isso não aconteça...é dificil desapegar das coisas que se aprende...que acredita...

-Tudo bem, John. Estou começando a acreditar que trouxemos o homem errado. -graceja, estranhando a fala dele.

-Eu até tento Becker, mas você não facilita.-resmunga.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora