Capítulo 59

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Elisabeth acordou mais cedo do que tinha planejado naquela manhã, não porque realmente precisava, já que as malas estavam prontas desde o dia anterior. Estava fugindo, não poderia levar muita coisa além do necessário, e isso excluía até mesmo a sua coleção de facas da lista de prioridades. Mas tinha perdido o sono, e por não querer dormir, ela passou o resto do tempo que lhe sobrava vendo Justine dormir ao seu lado. Era difícil se lembrar o momento que deixou aquela menina entrar no seu coração, mas ela tinha entrado de uma forma que ninguém nunca conseguiu fazer, e se afastar agora parecia a parte mais difícil do que ela deveria fazer. Seu coração doía, e os olhos enchiam de lágrimas toda vez que se pegava imaginando como seria essa distância. Estava realmente tentada a sedar Justine sem ela ver e leva-la escondida na mala, no entanto, sabia que a menina nunca a perdoaria por isso.

-Apaga essa luz...-resmunga Justine, incomodada pela luz do abajur.

-Já está quase na hora...

A menina ficou alguns minutos em silêncio, como se derrepente tivesse ficado tensa demais com a notícia para reagir, e apesar do sono ergueu o tronco da cama e abriu os olhos.

-Você já vai?

-Faltam alguns minutos. -suspirou.

-Está acordada desde que hora? -esfregou os olhos.

-Não dormi direito. -foi sincera.

-Eu queria mesmo ir com você... -falou, triste.

-Eu entendo. -interrompeu.

-Vou sentir a sua falta.

-Será por pouco tempo.

-Anos, você quer dizer.

-Vai passar rápido.

-Não pra mim. -riu, sem graça.

-Se serve de alguma coisa, estou arrependida pela decisão que tomei.

-Eu te conheço, sei que não tomaria aquela decisão se não fosse realmente a melhor opção.

-Mesmo assim, acho que pela primeira vez eu poderia ter deixado todo mundo resolver os próprios problemas.

-E você não viveria em paz. -contesta Justine, rindo. -Para de pensar no que poderia ter feito, porque isso só vai tornar a despedida pior.

-Tudo bem...vamos aos conselhos: mantenha boas notas, evite confusão, não deixe que ninguém te forçar à fazer algo que não quer e lute pelo o que deseja. Você vai estudar, e só trabalhar quando estiver adulta...

-Você trabalhou quando chegou ao país?

-Sim, mas você não vai.- resmunga. -O governo provavelmente vai bloquear a minha conta, o que não é uma grande perca porque não existe muito dinheiro guardado lá. Mas vou providenciar uma conta nesse país, depositar dinheiro, e te enviar os dados. Você precisa administrar esse dinheiro até ser maior de idade, entendeu? Pode continuar morando de graça aqui...e caso ocorra alguma coisa, pôde pedir dinheiro ao general Austen, e em último caso, a máfia.

-A máfia?! -riu. -Está mesmo me aconselhando isso?!

-Peça favores, e eu darei um jeito de pagar por você.

-E como você vai fazer isso?

Lizzie riu.

-Outro detalhe que é melhor você não saber...

-Então, se algum dia eu quiser te encontrar eles conseguem? -insiste.

-Eles conseguem me procurar, e eu consigo saber que eles estão me procurando.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora