Elisabeth acordou mais cedo do que tinha planejado naquela manhã, não porque realmente precisava, já que as malas estavam prontas desde o dia anterior. Estava fugindo, não poderia levar muita coisa além do necessário, e isso excluía até mesmo a sua coleção de facas da lista de prioridades. Mas tinha perdido o sono, e por não querer dormir, ela passou o resto do tempo que lhe sobrava vendo Justine dormir ao seu lado. Era difícil se lembrar o momento que deixou aquela menina entrar no seu coração, mas ela tinha entrado de uma forma que ninguém nunca conseguiu fazer, e se afastar agora parecia a parte mais difícil do que ela deveria fazer. Seu coração doía, e os olhos enchiam de lágrimas toda vez que se pegava imaginando como seria essa distância. Estava realmente tentada a sedar Justine sem ela ver e leva-la escondida na mala, no entanto, sabia que a menina nunca a perdoaria por isso.
-Apaga essa luz...-resmunga Justine, incomodada pela luz do abajur.
-Já está quase na hora...
A menina ficou alguns minutos em silêncio, como se derrepente tivesse ficado tensa demais com a notícia para reagir, e apesar do sono ergueu o tronco da cama e abriu os olhos.
-Você já vai?
-Faltam alguns minutos. -suspirou.
-Está acordada desde que hora? -esfregou os olhos.
-Não dormi direito. -foi sincera.
-Eu queria mesmo ir com você... -falou, triste.
-Eu entendo. -interrompeu.
-Vou sentir a sua falta.
-Será por pouco tempo.
-Anos, você quer dizer.
-Vai passar rápido.
-Não pra mim. -riu, sem graça.
-Se serve de alguma coisa, estou arrependida pela decisão que tomei.
-Eu te conheço, sei que não tomaria aquela decisão se não fosse realmente a melhor opção.
-Mesmo assim, acho que pela primeira vez eu poderia ter deixado todo mundo resolver os próprios problemas.
-E você não viveria em paz. -contesta Justine, rindo. -Para de pensar no que poderia ter feito, porque isso só vai tornar a despedida pior.
-Tudo bem...vamos aos conselhos: mantenha boas notas, evite confusão, não deixe que ninguém te forçar à fazer algo que não quer e lute pelo o que deseja. Você vai estudar, e só trabalhar quando estiver adulta...
-Você trabalhou quando chegou ao país?
-Sim, mas você não vai.- resmunga. -O governo provavelmente vai bloquear a minha conta, o que não é uma grande perca porque não existe muito dinheiro guardado lá. Mas vou providenciar uma conta nesse país, depositar dinheiro, e te enviar os dados. Você precisa administrar esse dinheiro até ser maior de idade, entendeu? Pode continuar morando de graça aqui...e caso ocorra alguma coisa, pôde pedir dinheiro ao general Austen, e em último caso, a máfia.
-A máfia?! -riu. -Está mesmo me aconselhando isso?!
-Peça favores, e eu darei um jeito de pagar por você.
-E como você vai fazer isso?
Lizzie riu.
-Outro detalhe que é melhor você não saber...
-Então, se algum dia eu quiser te encontrar eles conseguem? -insiste.
-Eles conseguem me procurar, e eu consigo saber que eles estão me procurando.
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Agent Becker 2
RandomElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...