Capítulo 14

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    Funeral. Elisabeth odiava funerais desde a morte de sua mãe quando ainda era criança. Lembrava bem do choro de sua irmã pequena, do semblante sério do pai e das inúmeras  palavras de consolo das pessoas que mal à conheciam. Ninguém parecia perceber que palavras não diminuiria a dor.
    Mas mesmo odiando tudo isso, nunca deixou de faltar ao enterro de algum conhecido, e com Moore não seria diferente. Ergueu os olhos dos pés e encarou Jane Scott, desconsolada no ombro de um sujeito que Becker não conhecia. Já fazia muito tempo desde a última vez que as duas se viram, e sabia que estava usando isso como desculpa para não levantar dali e prestar suas condolências, até porquê sabia que Jane se lembrava muito bem dela.
   O plano tinha dado parcialmente certo, o Capitão estava morto, mas todos os prisioneiros foram devolvidos as suas selas assim que o exército invadiu a ilha. Michael explicou que a demora se atribuiu ao fato de que Clarke e Peterson divergiam sobre o que fazer com os prisioneiros. Criminosos controlados, e o caminho ficou livre para entrarem e sairem da cidade. A missão tinha acabado, porque tudo o que poderiam fazer foi feito e não havia mais ameaças aos cidadãos. O problema das minas estava mas mãos do exército, e as duas equipe foram imediatamente enviadas de volta à capital.
    Agora estavam ali, prestando as devidas homenagens à um homem que nem mesmo podia ser velado de uma forma mais descente. O caixão estava lacrado, para evitar que os parentes tivessem uma cena muito difícil de se esquecer. Os policiais que acharam o corpo, disseram que o capitão estava quase irreconhecível, e não quiseram dar muitos detalhes acerca da aparência.
     Uma bandeira foi estendia sob o caixão escuro, e o general Clarke finalmente terminou o seu discurso como superior e companheiro do falecido militar. Lizzie, que estava sentada numa das últimas fileiras levantou do assento e começou a caminhar pelo gramado do cemitério, certa de que a cerimônia tinha acabado ali.
     Ela e Moore tiveram uma aproximação rapida e um pouco íntima. Mas mal tiveram tempo de explorar mais o que havia entre os dois, talvez por falta de interesse de uma das partes, ou simplesmente porque a vida de cada um seguiu rumos diferentes. No entato uma coisa era fato: tinha sido um bom homem, honesto, honrado...e com certeza era o tipo cabeça limpa que completava a equipe OSCU com perfeição. Ela lamentava a morte dele, principalmente porque sabia que nada disso teria acontecido se tudo tivesse seguido o curso natural das coisas, exatamente como planejara. Moore deu uma de herói e morreu. E Lizzie só conseguia ficar brava e ao mesmo tempo grata por ele ter feito isso. Havia um misto de sentimentos dentro de si, e o principal deles, mesmo que tentasse convencer a si mesma do contrário era a culpa. Afinal o capitão também estava sobre as ordens dela, e foi assim que morreu. Esse era o motivo de Elisabeth odiar estar no comando, porque de uma forma ou outra as pessoas sempre morriam e as suas decisões eram o ponta-pé pra que isso acontecesse.
     De longe, observou o caixão ser colocado dentro do espaço cavado no chão e cruzou os braços abaixo do peito. Ela queria ficar mais um tempo, mas ao contrário do capitão ainda não havia chegado a sua hora de descançar e precisava se apressar em chegar ao colégio de Justine o quanto antes.
    Retomou sua caminhada e tomou o primeiro táxi que encontrou ali perto, certa de que chegaria atrasada à "reunião". Pelo menos era esse o nome que os figurões das maiores agências tinham dado para a pequena festa que fariam naquele dia. Sim, festa. Porque parece que a morte de um membro da equipe com um cargo renomado no exército, não foi o suficiente para denominarem a recente missão como um total fracasso. Alguns diziam que havia sido um sucesso, que vidas foram salvas, que uma equipe sozinha conseguiu manipular milhares de prisioneiros como cachorrinhos adestrados, mas Elisabeth sabia que não havia vitória alguma à ser comemorada. E ela e os membros da equipe foram os primeiros a protestar sobre isso. Mas adivinha? Seus superiores disseram que era um baile de homenagem ao Capitão.
    Um baile disfarçado era tudo o que Becker não precisava naquele momento. Ainda mais sabendo que haveria jornalistas, fotógrafos, e muita gente fingindo conhecer o falecido. Ela odiava bailes.

Agent Becker 2Onde histórias criam vida. Descubra agora