Prólogo | Dívida Quitada

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P.O.V ADAM RODRÍGUEZ:
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Tranco a porta do escritório e pego no bolso interno do blazer o pequeno saquinho plástico com cocaína.
Um sorriso se forma em meus lábios automaticamente.

Faço três linhas retas em cima da mesa, em seguida enrolo uma uma nota de dois dólares formando um pequeno tubo, posiciono no nariz e aspiro todo o pó que continha ali, linha por linha.

Sinto o êxtase percorrer meu corpo — embora o uso constante da droga não me cause mais o mesmo efeito das primeiras vezes — quando uso  ainda me sinto relaxado, necessito disso para ficar bem, admito que quando fico mais de um dia sem usar tenho sintomas negativos da abstinência, e a necessidade do uso me faz agir irracionalmente para conseguir mais.

Estou relaxado aproveitando a sensação, quando a Vivian bate na porta do escritório.

— Querido? O Vincenzo está aqui, deseja vê-lo. – Franzi o cenho.

Vincenzo é o Capo di tutti capi da máfia siciliana Cosa Nostra, que a alguns anos se expandiu aqui para os Estados Unidos.
Compro cocaína na mão deles a algum tempo, normalmente resolvo tudo com o Don da famiglia Americana, mas já negociei diretamente com o Vincenzo quando ele viajou para cá algumas vezes, — já até bebemos juntos — e sabia que ele viria para os Estados Unidos para resolver negócios, mas não achei que viria até minha casa, dessa vez.

Me levanto rapidamente, arrumo o terno e saio do escritório passando por Vivian
Avisto o Vincenzo em frente a porta, alto, careca, e com óculos de grau redondos, usa um impecável terno e segura um chapéu à frente do peito, mantendo postura.
Me aproximo e estendo a mão para lhe cumprimentar.

— Grande Vincenzo Cassano, a que devo a honra? – Ele aperta minha mão.

— Adam Rodríguez, estava passando pelas redondezas e resolvi vir conversar pessoalmente. – Olha brevemente para Vivian atrás de nós, e volta a olhar pra mim. — Podemos trocar algumas palavras? – Ergue uma sobrancelha.

— Claro, entre – Dou espaço para ele passar. Ele faz uma breve reverência com a cabeça e passa por mim. — Meu escritório é por aqui – O guio.

— Vejo que estava se divertindo – Ele passa os dedos em cima dos farelos brancos que sobraram em cima da mesa.

— Da melhor, não é mesmo? – Sorri me sentando.

— Vou direto ao ponto, é exatamente sobre isso que vim tratar com você, Adam. – Ele cruza os braços, me avaliando com o olhar e engulo o seco.

— Se for sobre o dinheiro, já conversei com o Don, estou juntando a quantia meu amigo, não demorarei a pagar – Me explico rapidamente.

— Acontece que já fomos muito tolerantes Adam, meus homens estão cobrando, te demos um prazo maior por você ser nosso cliente de longa data, mas tudo tem um limite. – Ele dá uma pausa, e cruza as mãos em cima da mesa. — Você sabe que não costumo ser paciente, considero você um amigo, dei uma chance... Se fosse outro já teria matado toda a sua família. Você recebeu uma chance e está me enrolando. – Ele tomba a cabeça levemente para o lado.

— Não estou enrolando, amigo, só estou com um pouco de dificuldade para conseguir o dinheiro. – Sinto a minha espinha gelar.
Mesmo que indiretamente, isso não deixou de ser um aviso.

Vincenzo não é o tipo de pessoa muito tolerante, já vi várias histórias sobre famílias que desapareceram magicamente do mapa após apenas um membro da mesma dever dinheiro para ele, ou atravessar seu caminho de qualquer outra forma.

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