Capítulo 32 | Velório

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P.O.V MELANIE RODRÍGUEZ:
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Acordei sentindo um peso na minha cintura. Abri os olhos e pestanejei. Tendo a visão de Giovanni dormindo, as feições tranquilas, a boca rosada parcialmente aberta, perfeitamente desenhada — nem dormindo consegue ser feio.

Eu já não estou mais com raiva do Giovanni — não depois dele ter salvado minha mãe — ele parece estar tentando se redimir pelas coisas ruins que fez — a sua maneira — e eu estou gostando disso.

Talvez esteja indo rápido demais — apesar de já estarmos casados — talvez eu esteja me precipitando com meus sentimentos — nunca me imaginei gostando de ninguém — e não entendo nada sobre sentimentos.
Entretanto, acho que quando acontece de gostarmos de alguém, apenas sabemos, e eu sei que não o odeio, sei que o que sinto por ele está longe de ódio.

O que me deixa com certas dúvidas, pois diante de tudo que passei, devia odiá-lo.
Mas apenas não consigo.

— O que está fazendo? – Indaga Giovanni.
Me sobressalto na cama.

— A quanto tempo está acordado? Como sabe que estou te olhando se está de olhos fechados? – Questiono.

— Senti. Não responda minha pergunta com outra pergunta. O que está fazendo,  me encarando? – Ele sonda novamente, e finalmente abre os olhos.
Seu olhar está descontraído — o que é estranho — normalmente é muito frio.

— Acho que a palavra que procura é admirando. – Admito.

— Eu sei que sou bonito. – Ele se levanta.

— E não esqueça do humilde. – Ironizo.

— Isso ainda mais. – Me fita de rabo de olho, sarcástico. — Levante-se, temos que ir para o enterro do seu pai. – Avisa.

— Obrigada por me lembrar. – Reviro os olhos.

— Não há de que. – Responde.
Ok, o Giovanni sarcástico é algo novo por aqui.

Me levanto, observando-o se servir de whisky, enquanto caminho para o banheiro.

— Vai beber whisky às 07:00h da manhã? – Indago.

— Qual o problema? – Sonda ele, erguendo a sobrancelha.

— Nenhum. – Balanço a cabeça negativamente.
Entro no banheiro e o deixo com o seu café da manhã diferenciado.

Depois de tomar banho e me arrumar no banheiro mesmo — vesti um vestido preto que vai até os joelhos estilo bailarina, liso com mangas e um decote comportado, com um salto preto também — sai para a sala, onde tinha uma mesa de café da manhã posta.

— Pedi comida, coma enquanto eu vou me arrumar. – Avisa ele antes de seguir para o banheiro, sem me dar tempo de responder.

Passeio os olhos pela mesa, repleta de coisas gostosas, mas não sinto fome.
Está caindo a ficha de que irei enterrar o meu pai — mesmo fazendo tudo que fez — ele me criou e conviveu comigo durante toda minha vida.
Caminho até frente da imensa parede de vidro que dá a visão de L.A e fico ali observando a vista.
Passando em mente vários dos momentos bons que tive com o Adam — se excluir todos os últimos acontecimentos — ele foi um bom pai.

— No que tanto pensa? – A voz do Giovanni me tira dos meus enleios.
Limpo rapidamente uma lágrima solitária que escapou dos meus olhos.

— Só pensando no… quanto esse lugar está estranho pra mim, não me sinto mais em casa… – Desconverso.

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