Capítulo 39 | Desculpa

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P.O.V GIOVANNI CASSANO:
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Eu nunca pedi desculpa pra ninguém, por seja lá o que eu fizesse.
Mas Melanie sempre parece merecer essas atitudes vindas de mim — o que é desprezível, por que de que porra serve uma desculpa? — desculpas não voltam no tempo.

Estamos no carro de volta pra casa.
Ela decidiu que a Donatella seria internada e resolvi tudo antes de voltarmos, os machucados serão tratados no avião enquanto ela é encaminhada para um hospício no Chile.

Desde então a Melanie parece pensativa, está calada desde que entrou no carro, olhando as ruas inerte nos próprios pensamentos e brincando com a sua pulseira no pulso.

— Por que está assim? – Perguntei finalmente, não suportando mais o silêncio.
Estou acostumado com a Melanie falante e ousada. Ela suspirou e me encarou em seguida.

— Me lembrei do Pietro. – Respondeu franca.

— Não foi sua culpa, Melanie. Quantas vezes terei que repetir? – Disse retórico.

— Ok. – Ela abaixou a cabeça e tornou a brincar com sua pulseira.

— Nada do que aconteceu nesses quase dois meses foi culpa sua. – Ponderei. Ela me encarou de soslaio. — Desculpa, Melanie. – Pedi.

— Por? – Sondou.
Ri sem humor.
Ela ia mesmo me fazer falar ainda mais.

— Por não acreditar em você quando me alertou sobre a Donatella. Por sua amiga, por sua vida… tem inúmeros motivos. – Resumo.
Ela ponderou por alguns segundos e mais pareciam décadas.

— Tá tudo bem. – Disse por fim.

— Aquilo que disse…

— Esqueça aquilo. Eu falei porquê… porquê… só, esqueça aquilo. – Me interrompeu nervosa.
Suas bochechas assumem um tom avermelhado que não é do seu feitio.

Rio internamente com sua reação.
Ela disse que me amava, ela deixou escapar as palavras da boca e paralisamos os dois. Paralisei por suas palavras, e ela por ter as dito.

Parecia errado, tanto pra mim, por não merecer o seu amor, quanto pra ela, por me amar. Talvez não esteja pronta para aceitar o fato ainda — com certeza não está.

Ninguém em anos disse que me amava — hipoteticamente já, entretanto, nada que me afetasse, como Donatella — eu não ligava pro amor de Donatella — ainda mais um amor doentio como aquele, mas o da Melanie… me importo com o fato que a Melanie me ame, porquê…

Não sei ao certo o que sinto por ela, todavia é mais do que já senti em toda minha vida por alguém.
Aprecio o fato de que ela me ame, mesmo que eu não mereça seu amor.
A Melanie merece mais, e não sei ao certo se consigo ser mais para ela — e é isso que irá me atormentar daqui em diante — tenho demônios que ela não devia presenciar, nem sequer saber que existe.

Mas será inevitável, eles virão à tona, junto com perguntas, perguntas que nunca respondi a ninguém.
Podia simplesmente deixá-la ir e ser feliz levando a vida que sempre quis — assim ela estaria segura dos perigos que eu a coloco mesmo sem querer — e livre, livre de mim.

Chegamos em casa e saímos do carro.
Melanie parecia tranquila, mas ainda estava quieta com seus pensamentos.
Subimos para os nossos quartos, tomei um banho frio e troquei o curativo da perna. Não estava doendo por conta dos analgésicos e o médico disse que ficaria bom rápido.

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