Capítulo 18 | Surto

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P.O.V MELANIE RODRÍGUEZ :
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Parece que estou em uma cama de pregos, sinto fincadas por todo meu corpo, minha cabeça lateja e minha garganta está seca, muito seca e com um gosto horrível.
Tento me mexer e a dor pungente se intensifica, fazendo eu grunhir e sentir minha garganta doer.
Sinto um toque soalheiro na testa, abro os olhos e mesmo com a visão turva consigo captar as duas esferas acinzentadas do Giovanni que me observam de maneira estranha, preocupada… eu acho.
Pestanejo para me acostumar com a claridade do quarto e finalmente volto a enxergar nitidamente.

— Água… – Balbucio com dificuldade.

Giovanni se afasta e na fração de segundos que pisco os olhos o mesmo já voltou com um copo d'água.
Ele trás o copo até minha boca e bebo o líquido de forma desesperada, fazendo que algumas gotas caíssem no lençol que me cobre — água não tem gosto, mas nunca senti ela tão gostosa como agora  — à medida que bebo sinto um alívio imensurável na garganta.

— Calma porra, vai se engasgar – Adverte Giovanni.

— Eu sei beber uma água, Giovanni – Profiro com a voz rouca, em seguida deixando escapar um grunhido, senti minhas entranhas revirarem. — O que aconteceu?

— Você foi envenenada. – Responde naturalmente.

— O que? – Franzo o cenho.

— Colocaram veneno na sua bebida, e você nem percebeu. Tava nítido o cheiro diferente, ragazza. – Ele altera a voz e parece bravo comigo.

— O cheiro? – Debato com ceticismo.

— Não reconhece a porra de um cheiro de um champanhe? Quando está alterado o cheiro fica… amargo. – Enuncia assertivo.

— Ah, claro, logo depois de entregar minha vida diante de Cristo para o Diabo eu ia me preocupar com o cheiro amargo do espumante. – Sorri com ironia. — Só queria me embebedar o mais rápido possível para esquecer toda essa merda. – Começo a levantar meu corpo com embaraço.

— Se fosse o mínimo atenta isso não teria acontecido – Impõe pesaroso.

— Ah vá se ferrar, eu lá tenho culpa de estar metida no meio desse inferno? Nunca vivi em constante perigo Giovanni, nunca fui a esposa de um mafioso antes. – Me sento  e pego ao lado da cama um hobbie que estava pendurado sobre o abajur. Estou apenas de lingerie, então ignorando a dor no corpo, visto o hobbie. — Quem fez isso? – Indago.

— Estou procurando o culpado.

— Você não gosta de matar todo mundo? Faça isso por um motivo aceitável dessa vez. – Me levanto.
Minhas pernas falham, Giovanni que estava de braços cruzados rapidamente agarra minha cintura me sustentando.

— Não preciso da sua ajuda, já fez demais não acha? – O empurro.

Cazzo – Ele rosna e me olha com raiva.

Ignoro-o e caminho com dificuldade para fora do quarto — totalmente justificável — mas não preciso que ele me ajude, caminho me escorando nas paredes se necessário — e foi.
Entro na sala de dança e finalmente me aquiesço a respirar fundo se escorando sobre a porta, permitindo que minhas pernas ainda fracas, desçam até o chão.
Não sei o que sinto, se é raiva ou tristeza, apenas tento normalizar minha respiração que está ofegante, e brinco com o pingente da minha pulseira enquanto olho para o teto.

Me levanto, ligo a led vermelha da sala e vou até o som, ironicamente a primeira música a tocar é a trilha sonora do Lago Dos Cisnes.
Encosto minha cabeça na parede, apertando os olhos finalmente liberando as lágrimas que estavam presas.
Cravo as unhas na palma das mãos, que estão tremendo.

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