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— Estou indo embora

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— Estou indo embora. – ouvira Max avisar, mas não se moveu.

Queria ser sortuda e dizer que a sombra não ficou tanto tempo sendo capaz de ser vista pela fresta da porta, porém Max não era conhecido por render-se fácil. Provavelmente lutava contra os próprios impulsos de abrir a porta para roubar de Aspen toda a verdade, mesmo que ela lutasse contra, sabia que cederia.

Manteve o silêncio até desistir e ir embora.

Aspen havia deixado os sapatos ao lado da pequena pilha de livros perto da cama.

Gostava de se esticar e pegar um dos exemplares para ler um pequeno paragrafo antes de despertar completamente. Os livros salvaram sua vida. Sem eles estaria perdida pelo mundo tenebroso. Nunca criticava pela capa, amava conhecer uma trama impressionante daqueles que poucos ganhavam importância. Lia fantasia, suspense, romance e terror.

Considerava-se muito simples, apesar da alta expectativa, porque vivia em mundos completamente diferentes. Sofria bastante pela ficção. Chorava escondido quando um personagem favorito morria, ou percebia que jamais conseguiria um amor tão bonito quanto aquele que descrevia. A leitura lhe preenchia, mas matava.

Lia desde pequena quando encontrou diversos livros antigos jogados no lixo. As páginas repletas de mofo não a fizeram diminuir sua animação.

Infelizmente Aspen não tivera uma imagem feminina para se inspirar, pois nunca conheceu a mãe, no entanto usou suas heroínas como espelho. Pensar que podia combater o mundo com palavras e ações, quase a fez acreditar que conseguiria enfrentar seus maiores demônios. Ela leu durante a gravidez para Maxine, porque se sentia sozinha. Tivera medo que a filha também se sentisse só pela falta de um pai, como a pequena Aspen se sentia ao ver os colegas de classe tendo uma mãe para cuidar quando sofriam e sorriam. Os livros também salvaram Maxine.

Nunca confessaria, mas visitava a igreja todos os dias para pedir que sua filha não nascesse com olhos iguais aos dela. Aspen os odiava, porque lembrava a mãe, era o motivo de todas as punições. Jamais reclamava sobre como seus coleguinhas de turma lhe apontava, pelos olhos, roupas velhas e falta de cuidados. Chorava ao ponto de molhar as páginas.

Tivera que aprender como se virar sozinha. Amadureceu tão depressa, que não saberia explicar o significado de infância. Aprendeu da pior maneira possível que estava sozinha naquele grande mundo, sem alguém para amar ou confiar. As noites eram solitárias quando não imaginava outra realidade com monstros para derrotar. 

Diria que conheceu Max no melhor momento, mas seria mentira. A falta de afeto a tornou dependente, e ele mais ainda. Não houve equilíbrio para o que chamavam de amor. O sentimento reprimido explodiu entre eles. Ele partiu e ela quis arrancar o próprio coração. Achou que fosse morrer sem Max. Não sabia o que fazer com aquele estranho sentimento de perda. Quase um luto esmagador. 

Maxine a manteve sã até o fim.

Todos os sacrifícios foram por ela. O medo já não era sentido, porque ela estava ao seu lado. Os mesmos olhos de Max. As atitudes o lembravam, então dormia em paz porque nem tudo era uma mentira.

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