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Capítulo 3: O golpista

— O meu projeto é o seguinte — San se ergueu de seu lugar assim que seu nome foi chamado pela professora, para que se apresentasse na frente da sala. Todos os olhares foram em sua direção, o uniforme estava vestido inadequadamente, a camisa social meio aberta, o tecido amassado como se não visse um ferro de passar roupa há anos, a gravata folgada e o nó mal feito. Ele não se intimidou com a discriminação presente no fitar de algumas pessoas dentro daquela sala, e se dirigiu até a frente com o celular em mãos. — Estão vendo isso aqui? — sacudiu o aparelho. — É tudo o que eu preciso. Após horas e horas de trabalho, eu criei um sistema que é capaz de roubar os dados armazenados dentro dessa belezinha aqui. Ele quebra qualquer código ou senha, proteções adicionais e etc, promovidas pelo seguro. Pela cara de imbecil de vocês, provavelmente não deve ter ficado claro, então — estendeu a mão em direção a um dos alunos que sentavam na primeira fileira. — Pode me emprestar o seu celular? — o colega acabou cedendo, entregando o aparelho. San esperou que o celular fosse desbloqueado por via facial por seu dono, e em seguida o aproximou de seu próprio aparelho. — Com uma leve aproximação do meu celular, eu mando um comando para o celular dele. Assim que eles estiverem pareados, eu envio uma solicitação de atualização do software, como se o próprio aparelho estivesse pedindo para atualizar. Assim que o dono desse celular aceitar — demonstrou em um clique na tela. — Todas as informações, fotos, arquivos, dados bancários principalmente... vão parar no meu celular.

Finalizando a demonstração, ele jogou o celular de volta para o seu colega de classe e checou os arquivos armazenados em seu celular. Ele sorriu presunçoso ao ver os resultados de seu esforço, o seu programa funcionava perfeitamente.

— Sua namorada é muito bonita. Será que ela poderia mandar uma foto dessas pra mim também? — brincou enquanto encarava o próprio celular, analisando o conteúdo roubado. — E o seu banco é o Industrial Bank? Eu não gosto muito dele. O sistema de segurança deles é muito refinado e difícil de invadir.

— Choi! — a professora chamou sua atenção, completamente fula. — Como pode me apresentar o projeto de um sistema ilegal de roubo de dados? Sabia que poderia ser preso?

— Qual é o problema? Você pediu para que cada um de nós criássemos um programa útil, e eu criei o meu — ergueu o semblante confuso. — Imagina quanto dinheiro eu não vou ganhar se eu conseguir vendê-lo? Ou melhor... quanto dinheiro eu não vou ganhar tendo as informações bancárias de todo mundo dessa sala — ele riu com o próprio blefe, entusiasmado. — Eu sou um gênio, modéstia à parte... é claro.

— Já chega! Delete isso agora mesmo. Eu vou te dar mais uma semana para que me apresente um projeto decente, e dentro da lei, ou você vai reprovar o semestre — ela checou o relógio, constatando que já era o fim da aula. — Francamente... se usasse essa sua inteligência para boas coisas, o mundo poderia ser um lugar melhor.

Os alunos foram dispensados. San continuava com uma expressão bastante desgostosa marcando seu rosto bonito. Ele passou as mãos pelos cabelos pretos e desgrenhados e revirou os olhos, em completa indiferença.

— Claro, professora — exprimiu um sorriso que continha certa raiva, andando desleixadamente até o seu lugar a fim de buscar sua bolsa. — Como quiser.

Ele estava muito furioso, mas não iria deixar isso transparecer. Ao invés disso, continuou sorrindo enquanto trilhava o caminho até a porta da sala de aula. San pensava que as pessoas ao seu redor não sabiam dar o devido prestígio às suas criações, não o vangloriava por ter uma mente tão avançada e estar a frente de sua turma. Ele não tinha as melhores notas por simplesmente não se importar, porém, acreditava ser o melhor da turma. Sem muito esforço, ele podia criar o que bem quisesse. Era extremamente hábil quando o assunto era sistemas e afins, ele sabia como manejar, entendia de todos os tipos de software que existiam. Nada relacionado àquele assunto, San já não tinha um vasto conhecimento.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora