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Capítulo 15: Sujo

Jung Wooyoung estava pálido. Ele demorou muito tempo para encontrar a chave dentro de sua bolsa enquanto suas mãos estavam geladas e ele mal podia sentir os membros colados ao corpo. Assim que Yeosang abriu a porta, estranhando a dificuldade de seu irmão de o fazer, encontrou-o esboçando extremo desnorteio; o nariz escorria, os olhos estavam molhados e os lábios sem cor.

Salut, Woo! Commentaire vous vain? — saudou animado. — Adivinha o que eu comprei para o jantar? Frango frito! Apesar de ter me arrependido um pouco por não ter trazido o molho béchamel para incrementar — não era nenhuma surpresa, ele sempre comprava a mesma coisa porque sabia que não havia erro. Mas, Wooyoung não expressou felicidade.

Seus ombros permaneceram caídos, ele usava o grande casaco de San, mas era como se ainda sentisse frio.

— Yeosang... — balbuciou, tentando engolir o nó em sua garganta.

— O que aconteceu? Por que você está assim? — perguntou afetuosamente, abrindo os braços para abraçá-lo.

Wooyoung se pôs a chorar copiosamente, contra o peito de seu irmão. A dor que sentia em seu coração era incalculável, profunda, como se nele houvesse uma adaga enfincada. E ela era usada dezenas de vezes contra o seu coração indefeso e que pulsava cheio de mágoa.

— Não se preocupe, pode chorar. Eu estou aqui, estou aqui — disse Yeosang em uma medida de tranquilizá-lo enquanto o trazia para dentro, fechando a porta. Não abandonava Wooyoung por um segundo, lágrimas e mais lágrimas escorriam e ele soluçava. — Fique o quanto quiser, eu não me importo. Fico triste em te ver assim porque eu te adoro, Woo... Mas, não tem problema ficar triste de vez em quando. Eu sempre vou estar aqui para abraçar e confortar você. Je suis là, tout va bien.

Ao ouvir aquelas palavras de natureza tão amorosa e doce, Wooyoung se pôs a chorar ainda mais, em maior intensidade, agarrando o seu irmão com toda a força como se nele pudesse encontrar algum refúgio. Ele não entendia o avançado de francês, mas sabia que vindo de Yeosang, era algo bom.

— Eu estraguei tudo, a culpa é minha... — disse entre um soluço e outro, o rosto corado e quente. — Seonghwa não me quer mais perto dele... Por que, Yeosang? Por quê?

Yeosang engoliu em seco, sentindo uma pressão na garganta. Os olhos queimaram, seu peito se tornou pequeno. Era terrível ver Wooyoung mergulhado numa melancolia tão grande, se afogando no próprio sofrimento.

— Eu não sei, Woo. Eu não sei, mas eu não quero que você sofra mais — pediu, fungando, se controlando para não chorar também. — Meu irmão merece ser feliz, ter uma vida confortável e sorrir o tempo todo. Desculpe por ver você dessa forma e não poder ajudar você. Essa dor vai passar, isso não vai doer pra sempre. Nenhuma dor dura para sempre, acredite em mim e aguente firme.

Yeosang era muito sentimental. Ele não podia ver Wooyoung chorando que acabava chorando junto — isso desde que eram crianças. Não foi diferente naquele momento, embora o seu pranto fosse controlado e mudo.

[...]

Park Seonghwa estava em seu trigésimo cigarro. Ele estava na sacada de seu quarto, apoiado sobre o parapeito e encarando as estrelas no céu que brilhavam feito lamparinas acesas no escuro.

Aquela noite em especial era mais triste para ele.

Quanto mais tragava, mais vazio se sentia. O efeito que aquilo deveria causar era o contrário, ele só conseguia ficar mais ansioso e estressado.

Seu coração estava em destroços. Não conseguia lembrar de nenhuma poesia para confortá-lo em um momento de tão grande inconformidade e sofrimento. Sua cabeça era um breu completo e tudo externo à Jung Wooyoung era completamente ignorado por seu cérebro, que tentava apenas manter as capacidades básicas enquanto Seonghwa se assemelhava a um morto-vivo para quem o olhasse.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora