CASHIT | MAFIA ATEEZ | TEMP I

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Capítulo 46 — Yunho

[...] A família Jeong do distrito de Sudogwon era muito rica e prestigiada.

Quando Jonggu morreu, uma multidão de pessoas se comoveu e todos seguiram prestando condolências e levando notas de dinheiro para serem queimadas, acendendo velas e incensos para iluminar o caminho da alma daquele jovem garoto que se foi muito cedo. No funeral, estavam seus amigos mais próximos, aqueles outros que o conheciam por causa da fama por ter jogado em um time de futebol grande e se destacado bastante. A família dele não era muito grande; consistia em seus pais e seu irmão mais novo, Jongho. Ele era filho do presidente da república na época.

Era o dia mais triste que Jongho tinha na memória. Ele não hesitaria em responder que o pior dia de sua vida até então foi aquele o qual seu irmão gêmeo morreu, e teve que encarar a verdade: que Jonggu jamais voltaria. Foi como ter uma parte sua morta. A ficha somente caiu em seu velório, quando ouvia pessoas chorando e se lamentando. A sua mãe estava devastada em um canto, o seu pai sério e em outro, e ele sozinho no meio daquelas muitas pessoas que não podia reconhecer o rosto.

Na entrada do salão religioso onde ocorreu o funeral, havia uma fotografia de Jonggu sorrindo, suas aparências eram iguais, com a mesma energia e alegria que somente ele tinha.

A morte dele foi um golpe muito duro. A separação entre os gêmeos chegou ao seu pico extremo de dificuldade. Por nascerem e crescerem tão juntos, eles acabam precisando de uma ajuda na hora de se separar e se constituir enquanto indivíduos. Os gêmeos têm uma diferença em relação aos irmãos, pois, desde o início, se constituem como uma dupla. Jonggu era o seu parceiro desde que se entendia como ser vivo. Eram a companhia um do outro em um mundo tão solitário.

Os gêmeos, muitas vezes, suprem uma carência do outro, e é nesse sentido que eles se completam. O que um não tem, supõe ou imagina que o outro possa ter para contribuir. Eram o complemento um do outro. Mas Jongho o perdeu; seu irmão e definitivamente a sua outra parte havia lhe deixado. E não considerava que poderia constituir um laço tão estreito, forte e íntimo com alguém.

O impacto foi insuportável. Não passou muito tempo para Jongho sofrer com crises e alucinações e ser internado em uma clínica psiquiátrica ainda quando criança.

Passou-se um ano de puro sofrimento e lamúria para que então, alguém sugerisse uma solução para aquela falta de esperanças em vida.

Embora Jongho ainda fosse muito novo e tivesse voltado de um tratamento psiquiátrico, ele tinha plena consciência de que sua mãe estava doente mentalmente — ela até mesmo se recusava a sair de seu quarto, só sabia chorar e chorar, pedindo por Jonggu de volta, dizendo que ver Jongho era um fardo. Ela era de fato a companheira dele. Os dois estavam juntos o tempo todo, seja em campeonatos, seja em viagens. Harin verdadeiramente amava o seu filho perfeito, e faria o que fosse possível por uma falsa sensação de conforto agora que ele já não estava entre os humanos.

Então, desesperado, Dojeon, o pai de Jongho, ouviu de um parceiro de negócios que era uma boa ideia disfarçar aquela dor substituindo a presença de Jonggu na vida de sua esposa, por outra pessoa. Exatamente isso, uma substituição. Ele ignorou o fato de que familiares não são facilmente substituídos, não são peças quebradas que podem ser jogadas fora, ou funcionários ineficientes que podem ser trocados por outros. Dojeon buscava uma maneira de fazer a sua vida voltar para os trilhos e salvar a sua esposa da escuridão profunda a qual o luto a forçava estar, ou senão logo os outros começariam a perceber. Senão, os outros iriam começar a falar. A imagem impecável de uma família perfeita e influente seria destruída.

Até que Dojeon soube que o seu filho bastardo havia perdido a mãe e estava em um orfanato. Ele possuía o sangue da família presidencial; estava a altura de compor a família e desempenhar o papel outrora impostos ao Jeong Jonggu