Capítulo 26: Lascivo
A atmosfera estava enevoada. Era como se várias nuvens tivessem caído, formando um nevoeiro traiçoeiro banhado por melancolia. O céu era cinza nos tons mais escuros. Embora fosse o fim da tarde, parecia mais com o fim da noite. As lápides espalhadas pelo espaço demarcavam o começo e o final da vida de cada um daqueles sujeitos que ali jaziam, e mais alguns passos atrás, companheiros carregavam mais um caixão para preencher o centro do crematório, onde o tal seria posto.
Coroas de flores o circundavam, em conjunto de fotos que comemoravam momentos felizes. As pessoas choravam e se lamentavam, grande parte delas mantinha uma postura suspeita. O preto fazia parte da maior lembrança que seria deixada por aquele infeliz dia.
San não se sentia confortável para estar próximo aos outros. Enquanto isso, observava Seonghwa cumprimentar os familiares da parte paterna de Changgu e outros indivíduos que cumpriam papéis em sua organização. Naquela hora, todos compunham o mesmo sofrimento, mas os olhos de San suspeitavam de cada uma daquelas máscaras postas nos rostos que, no geral, lhe eram conhecidos.
O abraço de Seonghwa era como um porto seguro. Ele se assemelhava a um médico; uma figura de respeito a qual as pessoas recorriam quando estavam com dor e necessitavam de uma mártir. Ele sabia o que dizer, sabia a maneira a qual o tom de sua voz devia ser modulado, porém, não precisava se esforçar muito para trazer conforto e paz para os corações mais desesperados. O fato de Park Seonghwa estar ali, naquele salão, o marcava como um evento de grande preponderância.
Sua roupa se resumia a um conjunto social de tecido nobre. Sua capacidade para esconder a ferida profunda aberta em seu interior, que jamais iria cicatrizar, era impressionante. Ele queria sentar e sofrer como os outros, chorar e pedir para que lhe dissesse que aquele não era um momento real, que não passava de um pesado, mas não podia. Precisava se manter forte, e mostrar ser a figura de autoridade que as pessoas recorriam quando necessitavam de socorro, sustentá-las firmemente para que as colunas daquele pilar gerado por uma relação de hierarquia não ruíssem.
A pior cena foi a chegada abrupta de um senhor Yeo desolado por ter perdidoo seu único filho.
Todos, sem exceção, conheciam os riscos, porém, poucos realmente se importavam, pois o crime compensa. Se trabalhassem formalmente, jamais teriam uma vida digna, porém, na casa dos Park, encontravam uma identidade e uma família. Entretanto, lidar com o choque da perda de um ente, excluía todas as noções pré-dispostas. Ninguém nunca está preparado.
Ele se aproximou de Seonghwa e se jogou em seus braços. Ele tentava consolá-lo, sobretudo, de longe San notou que seu irmão jurado sibilou baixinho, jurando vingança. Sobre qualquer circunstância, iria vingar a morte de seu irmão custe o que custasse. Estava cego para consequências, para meios e fins, e infelizmente, essa promessa confortou a mente e coração perturbados do mais jovem.
Internamente, ele reconhecia esse desejo. O odiava, mas estava ali, vivo e flamejante, o último fio de sua esperança.
— Não achei que você fosse vir — Juyeon chegou até San usando um óculos escuro, sua voz era rouca e baixa.
Assim que San lhe notou arvorado ao seu lado, no fundo do auditório, ele estancou no lugar. Algo em Juyeon não lhe trazia bons sentimentos; ele era intensamente despreocupado do tipo que atiraria em si mesmo sem pestanejar, suas motivações eram desconhecidas e suas capacidades eram mais do que claras. Ele era eficiente em qualquer tarefa que Seonghwa o designasse, inclusive a de melhor amigo.
— Juyeon... — cumprimentou educadamente, em um respeito fingido. — Por que eu não estaria?
— Você não é da Quincy — indicou o arredor. — E todos que estão aqui são da Göbekli ou Quincy ou são familiares do Changgu.

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CASHIT | MAFIA ATEEZ | TEMP I
FanfictionEm um mundo de poder e ganância, Seonghwa busca incansavelmente elevar seu grupo ao topo da hierarquia na Coréia. Choi San, especializado em negócios ilícitos, cruza caminhos com Mingi, Jongho e Hongjoong, formando uma teia mortal de rivalidade e in...