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Capítulo 20: Mira falha

Jeong Yunho mentia feito um exímio político. Ele podia estruturar um ótimo discurso o introduzindo de maneira estrategicamente pragmática, seguindo passos numerados de uma manipuladora manobra de marketing e publicidade. Era isso o que ele era... uma boa estratégia de marketing. Podia fazer as pessoas darem risada e desviarem o foco delas do que realmente importava, capaz de levá-las à tópicos completamente irrelevantes sem que percebessem e tornar o assunto principal algo tão minúsculo e insignificante, que se tornava facilmente uma memória esquecida. O parlamentar era expressivamente diligente em suas palavras tão bem selecionadas e ditas em um timbre de voz suave; a máscara que vestia em sua face ocultava tudo o que ele não queria que ninguém visse, seus olhos partiram de finas cascatas de gelo para faiscas de fogo conforme a situação pedia, interpretava perfeitamente as emoções das pessoas, sabia exatamente o que dizer para deixá-las contentes ou confortadas.

Yunho construiu um personagem estritamente confiável. As pessoas lhe contavam segredos, murmuravam sobre o que não desejavam o que mais ninguém descobrisse. Ele mentia com a mesma facilidade que respirava, fingia empatia, atuava disfarçando sua indiferença em compreensão e confidência. Ele era alguém de figura irreverente, incontestável, austero que agia como se não fosse autocrático; realizava lavagens cerebrais, tinha uma lábia invejável, se portava com maestria e superioridade. Mas, Yunho parecia com alguém humilde por fora.

De fato, nenhuma outra pessoa era tão intrigante e complexa aos olhos de Song Mingi quanto o político que trocava favores com a sua mãe, uma poderosa magnata que possuía uma massiva influência em diversos campos de interesse naquele país. Estavam no topo de uma hierarquia imutável, suas peles reluziam à ouro, eram intocáveis. No entanto, o garoto era incapaz de nutrir qualquer tipo de simpatia ou admiração por Yunho; enquanto o observava conversar com outros homens e mulheres donos de monopólios e impérios, em vestes pretas enquanto desejava mostrar a qualquer custo que estava em luto, notava como caíam em seu papo facilmente... menos ele, que podia olhar a alma podre de qualquer pessoa assim que olhasse dentro dos olhos dela.

Com exceção do Song, todos seguiam Jeong cegamente.

Estavam no velório de Lee Jaeil, o político que supostamente havia sido assassinado por um civil — ou um legítimo criminoso, ainda estava sob investigação — e comovido todo o continente. Naquele espaço se encontrava a família do candidato à presidência, o qual liderava as pesquisas e era o favorito para assumir o posto; outros inúmeros políticos de grande influência de diversos países, poucos amigos, a maioria apenas desejando tirar um pedaço do bolo que era aquele encontro que poderia facilmente ser confundido com uma reunião de negócios. A cabeça de Mingi girava, doía. Ele pensava sobre, e se morresse no próximo dia, quantos amigos iriam jogar rosas em seu caixão? Não se lembrava de ter nenhum, e o que mais se aproximava disso dormia em uma cama de hospital, em coma. Talvez Hongjoong, mas ele definitivamente não o queria morto tão cedo após passar por todo o sufoco apenas para salvar a sua maldita vida.

Ponderou que, mesmo que apenas duas pessoas fossem à seu velório, pedia para que fossem apenas aqueles que realmente o amavam. Restou sua mãe, somente... Choi San de longe não era uma opção, não seria um convidado muito bem vindo. Porém, imaginou que sua vontade não seria respeitada. Pessoas que mal o conheciam lotariam um salão com lágrimas falsas escorrendo por suas máscaras de luto, falando sobre como era um garoto bom e brilhante, e do quanto sentiriam sua falta. Depois começariam a perguntar sobre com quem ficaria todo o seu dinheiro, os seus carros caros... Todos queriam um pouco do que ele tinha, mesmo que muitos deles já tivessem. A ambição do ser humano era ilimitada, e Mingi não queria ser vítima dela.

Todo aquele clima pesado coberto por atuações mal-feitas fazia-o se sentir sufocado.

Mamma, irei tomar um ar — murmurou para a mais velha, discretamente, que somente assentiu bastante concentrada em sua conversa com algumas mulheres do ramo da agronomia.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora