Capítulo 37: Traidor
Kang Yeosang despertou com um borrão transparente em sua frente. Conforme ia abrindo os seus olhos, com lentidão, as imagens em seu entorno recebiam tons esbranquiçados livres da sépia jocosa que o deixou atordoado.
Ele odiava acordar em locais nos quais não sabia o nome porque era absolutamente assustador se encontrar na situação de caça indefesa. Uma de suas mãos descansava na altura do estômago onde ele reparou no oxímetro conectado ao seu dedo, então o som árido do monitor multiparâmetro adentrou por seus ouvidos que outrora sofriam de surdez momentânea.
— Acordou rápido — o comentário veio enevoado por um timbre vocal agradável e entoado.
Os olhos castanhos de Yeosang ficaram cegos por causa da luz branca no teto até que a presença de outra pessoa fizesse seu instinto de sobrevivência falar mais alto e detectar o desconhecido como uma possível ameaça.
O homem era alto e magro, os cabelos escuros combinavam com o seu rosto jovem e com cor de leite de amêndoas. Os olhos deles formavam duas crescentes meias-luas e seus lábios eram rosados, destacando os dentes salientes da frente. Se fosse em outra ocasião, Yeosang iria automaticamente se sentir afeiçoado às características dele, os borrões destacados abaixo dos cílios inferiores e o escurecido de suas olheiras, era sombrio tanto quanto charmoso, mas, sobretudo, representava perigo.
O presente agarrou uma pasta sob a mesa de apoio ao lado do sofá que estava acomodado, crispando os lábios e usando a ponta dos dedos para ler em modo de contagem, fingindo um interesse que claramente não era verdadeiro.
— Parabéns, você tem câncer! — ele termina por largar os papéis sem o menor cuidado no leito de Yeosang, tratando o assunto com uma leveza inadequada.
Por outro lado, Yeosang não expressou qualquer reação correspondente à notícia. Ele apertou as pálpebras e engoliu em seco com uma dor de cabeça começando a despontar no fundo de sua nuca. Ele dirigiu seu encarar em direção ao outro que lhe sorriu com uma simpatia áspera.
— Por que eu estou aqui? — Yeosang questionou friamente, sem apresentar sofrimento com a resposta de seu diagnóstico.
Sem falar nada, o homem indicou a região da lateral da barriga de Yeosang, que recuperou o controle de seus membros anestesiados para vasculhar entre os tecidos que o cobriam o que havia naquela região de seu corpo, encontrando um longo curativo repleto de esparadrapos.
— Quando você chegou com o Seonghwa-ah, você estava sangrando muito e acabou desmaiando. Eles costuraram a sua barriga e parece que você está fora de perigo — disse com indiferença. — Você contou para o Seonghwa-ah que você está doente?
Yeosang rosnou, desviando o olhar porque aquele outro tinha um método estranho não pronunciável de deixá-lo desconfortável e quebrado, exatamente como o de um maldito velho policial carrasco preso em um corpo tão jovem.
Em resposta, Yeosang agarrou os papéis vindo do centro de diagnóstico do hospital e passou os olhos apenas para ter certeza, em seguida usando uma única mão para amassá-los.
— Alguém mais sabe sobre esses papéis?
— Até então, só eu.
— Hum — Yeosang assentiu, de repente se sentindo irritado e inquieto. — Você não pode contar pra ninguém.
Com uma risada nasalada, o rapaz meneou negativamente. Ele estava com uma maleta de onde tirou mais papéis, muito mais satisfeito do que era recomendável na presença de meras palavras digitalizadas.
— Aqui diz que você se chama Kang Yeosang, é filho de uma meretriz estrangeira e um militar da alta patente do exército, que está cumprindo pena por conspirar contra o país e em breve vai receber a sua esperada sanção de morte. Seu irmão mais novo se chama Jung Wooyoung, e ele é filho legítimo do casamento do seu pai. Vocês dois foram enviados para servir no exército aos quinze anos e você foi exilado dez anos depois — ele indicou o selo de confidencialidade do exército. — Assassinou todo o seu batalhão... Aqui diz que você era recrutado para missões de extermínio e infiltração, que interessante... Seu irmão não era nenhum prodígio perto de você, mas ele não sabia disso e você não contou. Eu li todo o seu histórico de registro no exército, e realmente... você tem um currículo impressionante — pausou para recuperar o fôlego. — Aliás, eu sou o Choi Soobin, do departamento investigativo da organização, e também cuido da administração de Cheongju.

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CASHIT | MAFIA ATEEZ | TEMP I
FanfictionEm um mundo de poder e ganância, Seonghwa busca incansavelmente elevar seu grupo ao topo da hierarquia na Coréia. Choi San, especializado em negócios ilícitos, cruza caminhos com Mingi, Jongho e Hongjoong, formando uma teia mortal de rivalidade e in...