CASHIT | MAFIA ATEEZ | TEMP I

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Capítulo 28: De volta pra casa

Choi Jongho lembrava-se exatamente do dia que ele aprendeu a dirigir. Ele tinha quatorze anos e havia roubado um dos colares de pérola de sua mãe para subornar o motorista e, dessa forma, seria ensinado a como ter o controle de um carro. Pé esquerdo na embreagem, pé direito entre o acelerador e freio; as mãos concentradas no volante, na marcha e, em caso de emergência, o freio de mão. Ele não teve muita dificuldade; nada era muito difícil quando Jongho se empenhava. Era absolutamente bom em tudo. Possivelmente era por isso que seu irmão o odiava tanto.

A vida onde nasceu podia ser comparada a uma maçã vermelha e bem madura. Lustrosa e brilhante na casca; em seu interior, havia a podridão da massa e o núcleo era contaminado de veneno. Jongho se questionou muitas vezes porque ele não pode usufruir de sua atípica vida fácil, porque ele não era tratado como o seu irmão era e porque aquele maldito era tão ruim consigo. Se havia um motivo, sinceramente, nunca fez sentido. Seu irmão lhe dizia o quão inoportuna era sua existência e que um dia iria tratar de se livrar dele de uma vez por todas, mas, Jongho nunca o levou a sério até aquele dia.

Ele pressentiu que fosse precisar escapar, fugir, por isso se apressou tanto em aprender a dirigir e subornou um dos funcionários de sua casa. Jongho mal tinha idade, mas ele era determinado e sabia guardar segredo.

Sua mão passou de uma marcha para outra e ele manteve a outra segurando firmemente o couro do volante. Ele apertava e apertava até as pontas dos dedos se tornarem pálidas feito papel, para canalizar aquela tempestade de emoções ruins que se formava em seu peito. O trajeto não passava de uma estrada pacata e deserta coberta por relva e com cheiro de hortelã. Por alguma razão, o ar cheirava a hortelã. Não era ruim, mas era forte e isso o tornava deplorável. Começou a escutar sinais de que Mingi estava despertando no banco do passageiro. Sua cabeça estava tombada para o lado; o canto do lábio sangrava, assim como a superfície acima de seu olho inchado. Seu rosto era repleto de hematomas que passaram a ganhar suas tonalidades arroxeadas e na pele de seu pescoço, havia marcas de agressão. Ele estava um caos. O pano amarrado em sua perna encharcado de sangue, gotejando sobre o carpete do carro. Mingi não foi capaz de conter um gemido sôfrego conforme foi despertando e tentou mover alguns membros de seu corpo; absolutamente cada componente que o preenchia doía, os ossos, os músculos, sua carne... Era difícil entender como ele ainda possuía energia para abrir os olhos.

— Você desmaiou — Jongho disse, despreocupado. — Sangrou tanto e tanto, que ficou fraco e não suportou mais a dor, então desmaiou e dormiu até agora. São... sete horas da noite — indicou o relógio no painel digital, postergando a expressão desolada e confusa de Mingi. — Deveria ter vergonha por ser tão fraco.

— Jongho, o que...

— Eu atirei em você — continuou, contando de maneira trivial como se dissesse que havia comido e bebido hoje. — Atirei na sua perna mesmo querendo atirar na sua cabeça. Você morto não tem serventia para mim.

Mingi engoliu em seco, gemendo novamente porque sua garganta estava dolorida e ele ainda podia sentir as mãos de Eunjung esmagando a sua jugular em uma tentativa agressiva de asfixiá-lo. O corte formado não apresentava um bom aspecto; ganhou relevos em uma superfície antrópica. Mas Mingi não se importou com isso, desviou seus olhos pequenos do retrovisor do carro que dava vista para as laterais e a traseira livre da presença de outros carros, em uma estrada pacata e assustadoramente desnorteadora e tossiu uma ou duas vezes, afundando a nuca no encosto da poltrona, com fisgadas acertando em todos os pontos de seu crânio.

— Você sabe onde o Hongjoong está? — perguntou em um fio de voz, fraco, impotente. — Acha que Minho machucou ele?

Jongho freou bruscamente.