34

465 36 252
                                    

Capítulo 34: Emboscada

Choi San raspou o início de seu indicador sob a superfície áspera das linhas cor de âmbar que constitui o tecido da almofada que compunha a decoração sofisticada do cômodo demasiado extenso. Houve tempo para analisar todos os quadros nas paredes e contar as listras do tapete no piso liso. Estava vestido adequadamente após tomar um banho e, depois de tentar trabalhar sem sucesso, decidiu esperar Yeosang em silêncio, e sozinho, na sala de estar. Isto porque, San sentia no fundo de seu âmago que poderia explodir caso uma mísera faísca lascasse nele. Mentalizar um momento em que seu interior não estivesse sendo remoído por um remorso maior que o seu próprio peso era algo distante e impossível.

Os cabelos pretos e longos de San seguiam em um corte despojado e ele decidiu que não iria penteá-los, deixando que seus fios ficassem onde desejassem. Seus cílios entravam em contato com sua grande franja, e seu olhar guardava um aspecto felino louvável. Preencheu seus pulmões com todo o ar que lhe fosse possível aspirar, e sentiu um perfume novo se materializar para a neutralização de suas perturbações.

Désolé pour le retard — "Sinto muito pela demora", disse Yeosang em um tom diminuto, consertando a dobra da manga de sua blusa laranja anoitecido, fechando os botões brancos elegantes que compunham a costura. — Eu tive um mal-estar.

San honestamente encontrava em Yeosang um encanto que era pouco visto, porque era o do tipo celestial. Como se os demais não fossem do mesmo mundo que ele; como se ele estivesse reluzindo a ouro e o castanho de seus olhos profundos hipnotizam o que se perdesse sobre eles. Então, internamente o elogiou por, além de possuir uma aparência digna de um querubim dos mais dignos, vestisse tão bem suas roupas que eram como se houvessem sido feitas sob medida para ele. Era tudo uma percepção bastante inocente, na verdade, embora San estivesse comprometido com outra pessoa que era verdadeiramente apaixonado, não era cego ao ponto de não enxergar o óbvio.

— Não tem problema — San levantou-se do sofá confortável, pigarreando antes de completar: — Eu não esperei muito, deu até tempo para que eu tomasse banho. Aliás, você está muito bem vestido para quem vai sair com o seu cunhado.

As pálpebras de Yeosang saltaram em um pulo de susto, e suas bochechas foram manchadas por um tom de sangue enevoado.

— Eu também percebi que a roupa é nova, conheço o cheiro — um contorno sinuoso esticou os lábios finos de San, que arqueou uma sobrancelha. — E é um óculos da Louis Vuitton, não é para qualquer um.

San estava caçoando. Sabia que Yeosang apenas era vaidoso.

— Eu sou francês, la mode está no meu sangue — Yeosang brincou, avançando para sair da casa e encerrar aquele assunto. — Você disse que era para se vestir de maneira discreta.

— Não consigo imaginar uma pessoa que não vai olhar para você.

Yeosang ficou envergonhado demais para retrucar e agradeceu a aproximação de Minho que o cumprimentou para em seguida partir para perto de San e, de uma maneira surpreendente, interpor uma pergunta com o olhar a qual foi respondida prontamente:

— Não quero seguranças atrás de mim — San sacudiu a cabeça. — E eu vou com o meu carro. Posso cuidar da minha segurança e do meu cunhado, não se preocupe.

— Eu não me preocupo com você — Minho respondeu, seco. — O problema é que o meu chefe que, se eu não me engano, continua sendo o Park Seonghwa, não suspendeu a ordem de manter você seguro. E se alguma coisa acontecer com você, ele vai querer pendurar a equipe de segurança no teto pelo pescoço e vai fazer Nero comer nossos restos — sorriu ironicamente, apertando o ombro de San. — E eu nem preciso falar sobre o cara que vai com você.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora