39

361 34 247
                                    

Capítulo 39: Kukri

Kang Yeosang passou aquela manhã encarando uma flor em um parque de Daegu. Ele estava acompanhando Seulgi em um concerto ao ar livre. Era realmente agradável poder desfrutar da arte após vivenciar uma experiência que ameaçou a arrancar tudo dele e reduzir a poeira.

Era uma narcisa. Aquela flor lembrava a sua mãe, porque ela era bonita e chamativa como uma narcisa. Ele quis conversar com ela através da flor, perguntar se ela estava em algum lugar e se estava se sentindo bem. Desejou dizer à ela que ele provavelmente não era o filho que ela merecia, mas que não havia onde canalizar seus esforços para ser melhor.

Kang Yeosang sentia muito a falta de sua mãe.

Era ainda pior pensar que ela não possuía um túmulo ou uma localização. Ele não sabia onde poderia encontrar a sua mãe e nem sentia vontade de fazer isso após ser abandonado por ela. Às vezes, era bom ter motivos.

Depois disso, viajaram até Seul. Estava ansioso para reencontrar Seonghwa, mas ele não conseguia transparecer e esquivava todas as perguntas de Seulgi relacionadas a isso. Era difícil definir qual era o principal elemento no meio disso, desvendar o núcleo onde estavam todas as respostas.

Contudo, era necessário resolver uma pendência antes de ir visitá-lo no Gisa. Voltou para a casa escondida de Beomgyu, buscando encontrar uma pessoa que certamente deveria estar lá para lhe dar algumas satisfações.

Largou a sua mochila na porta e correu com pressa para dentro dos cômodos, com os olhos atentos em busca da outra presença. Ele o viu na sala em pé e encostado em uma parede, com um cigarro que tratou de descartar assim que notou a presença flamejante de Yeosang.

— Quase lancei um míssil no hotel, naquele dia. Queria ver as cinco estrelinhas dele no chão — Jongho disse em um tom ameno, sem expressar qualquer sentimento. — Eu não pude usar o míssil, mas fiz um desenho foda nele. Se você quiser, eu mostro pra você.

Observou nos traços belos de Yeosang a mais pura raiva os cumprindo feito linhas permanentes. Ele vagou a passos fundos até Jongho e moveu o punho para lhe desferir um soco, sendo interceptado com facilidade por uma das mãos de Jongho.

— Como você tem coragem de usar todas as informações que eu te dei sem considerar no seu plano estúpido que a minha vida e a do Seonghwa estaria em risco?

— Eu fiz o que você propôs — Jongho apertou a mão de Yeosang entre seus dedos, o forçando a recuar. — Você queria que eu devolvesse o filhote de cobra pra mamãe cascavel e eu fiz isso — pontuou, não se intimidando com o instinto que apontava que Yeosang queria acabar com a raça dele. — O que aconteceu na sequência foi só um efeito colateral.

— Efeito colateral? — avançou contra ele, franzindo o cenho. — Não foi consequência, você agiu sem calcular quem sairia ferido. Viu quantos mortos fez? E... e... se eu tivesse demorado só mais um pouco em levar Seonghwa para o hospital... um único minuto, ele estaria morto.

— E não é isso que você quer? — Jongho cuspiu impiedosamente. — Pensei que seu desejo fosse destruir Seonghwa. Você já esqueceu quem ele é de verdade?

A apatia dominou as feições de Yeosang e ele entrou em um latente estado de consternação. No fundo, não se pode fugir da verdade o tempo todo e Jongho, de longe, não era um mentiroso. Ele não precisa se esforçar muito para acertar em cheio algo dentro de Yeosang. Quando ele disse com todas as palavras que aquela era a intenção de Yeosang desde o início, que estava armando contra a vida de Seonghwa, aparentou que aquela verdade havia ganhado um peso. E dessa forma, não era como se ele pudesse fugir do remorso e enxergar o ser humano desprezível que se tornou.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora