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Capítulo 45: Vilão

Choi San estava surpreso por não estar morto.

Ele submergiu na água. Nadou. Nadou. Quando perdeu a força nas pernas e nos braços, Wooyoung o segurou com um dos braços para não permitir que afundasse, honrando o condicionamento físico que custou a ter por causa de seu submetimento a treinamentos militares árduos.

Estava escuro. San não sabia como Wooyoung podia enxergar e ter um mártir, mas reconhecia que havia esperança desde o momento em que não afundaram para as profundezas do rio quando pularam do cais para fugir. Ficou sem ter ideia do que aconteceu, de qualquer forma, porque acabou desmaiando pela exaustão.

Acordou em um forro macio e seco, apesar de suas roupas estarem úmidas assim como os seus fios de cabelo. Seus músculos estavam doloridos e teve dificuldades para movimentar a cabeça porque ela aparentava estar pesada, mais do que lembrava que era. Checou os arredores com sua visão embaçada e gemidos de dor escaparam de seus lábios, tossiu um pouco durante. Wooyoung estava sentado no chão, de costas e abraçado ao próprio corpo. Não tinha muita luz do lado de fora da janela, era superficial, um clarão criado pela madrugada. Assim que notou que San despertou, se levantou e ajeitou o cobertor de lã sobre ele, o cobrindo até a altura do pescoço.

— Wooyoung...

— Me desculpe — Wooyoung disse, passando uma das mãos pelos cabelos de San. — Não consegui deixar você fora de perigo. Me desculpa, San.

— Onde nós estamos? — foi a primeira pergunta de San, confuso e atordoado.

— Consegui nadar e nos tirar do Rio Han, então peguei o caminho de casa, mas acredito que tenhamos que sair daqui logo — Wooyoung respondeu, parando sua carícia e se afastando, andando de um lado para o outro. — Para onde nós vamos? O que vamos fazer? Seremos caçados até...

San juntou todo o seu ânimo para erguer o seu corpo e sentar sobre a cama, escutando-a ranger.

— Que tal não irmos para lugar nenhum?

— San, agora não é hora para brincadeiras.

— Não... — San continuou, didático. — É sério. Por que não vamos para lugar nenhum, um lugar onde ninguém pode nos localizar?

Encabulado, Wooyoung o encarou de cenho franzido.

— Qual seria esse lugar? Ele existe?

— Podemos viver no mar — pronunciou, coeso. — Vamos navegar por aí, sem destino e em lugar nenhum, onde apenas tenha nós dois até que seja seguro voltar ou até encontrarmos outro lugar para construirmos a nossa própria casa.

Sacudindo a cabeça, Wooyoung deu risada.

— Isso é loucura — exclamou, indignado. — Como vamos sobreviver no meio do mar? E como faríamos isso?

— Vamos viajar até Namhae — San idealizou, gesticulando. — Lá podemos comprar um catamarã, que é uma casa-barco. Então podemos fugir ao anoitecer, após abastecer com combustível e alimentos. Vamos sair por aí, vamos apenas viajar.

Wooyoung não estava muito confiante. San levantou-se e agarrou as suas mãos, o girando no ar, fazendo-o sentir como se ainda fosse o barista sonhador que San levou a um encontro em seu local de trabalho e dançou com ele para expressar a sua liberdade. Namorar com San era abraçar esse senso libertador que torna tudo o que aparenta ser absurdo, possível e extremamente plausível.

Era necessário que pensasse muito bem, era uma decisão importante que, além do mais, envolvia suas vidas como um todo. Wooyoung iria para qualquer lugar com San, mas ele queria se certificar de que seria seguro, de que era uma boa escolha.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora