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Capítulo 24: Refém

Kim Hongjoong ainda mentalizava sua conversa com Choi Jongho. Sempre que se lembrava do que escutou dele, a pausa se estabelecia justamente na parte em que o ouviu dizer que iria matar o próprio irmão caso ele estivesse envolvido com o esquema que visava deixá-lo preso em um coma por tempo indeterminado. Seja lá qual fosse a intenção desse tal homem, Hongjoong perguntou-se o quão cruel ele poderia ser para tramar algo tão extremamente inconcebível.

Sua atenção retornou para o momento atual, onde os carros do modelo Cadillac se reuniam. Eram três deles.

— Mingi — entrou novamente para dentro do quarto, abandonando as embalagens de comida sobre a mesa e retornando para a cama, sacudindo o rapaz desacordado. Ele dormia tão pesado, que precisou bater nele para o despertar. — Acorda! Precisamos ir embora.

— O que?!

— Levanta, porra!

Song piscou bem forte, sacudindo a cabeça e sendo espantado pela claridade que vinha da varanda e queimava suas retinas. As cortinas estavam abertas e os ventos a farfalhavam. Seu corpo estava dolorido, os ferimentos se destacavam e era impossível fingir que eles não existiam.

— Temos que ir embora por quê? — saltou do leito, afoito.

— Achou que fosse morar aqui pra sempre? Anda, se mexe — arremessou roupas em sua direção, o assistindo se vestir apressado, tropeçando nas calças e errando os buracos da blusa. — Nós fomos encontrados. Como nesse caralho acharam a gente? Acha que deixamos muitos rastros?

— Eu não sei, os Song tem controle sobre cada minúsculo centímetro dessa cidade, não é surpreendente que já tenham nos encontrado.

Os olhos arregalaram ao se dar conta de um ponto crucial. Quase se socou ao constatar o óbvio, terminando de se vestir e apoiando as mãos na cintura, em uma auto-condenação latente.

— O carro... — sussurrou, pesaroso. Estalou a língua, sacudindo a cabeça. — Merda, o carro...

— O que tem a droga do carro? Puta que pariu, não vai me dizer que...

Foram rastreados.

O carro pertencia à organização, cada uma das máquinas possuíam um registro e um sistema de rastreamento refinado.

Foi burrice usar uma delas para fugir, mas o automóvel era forte e blindado o suficiente para tirá-los do hospital sem uma balada cravada em suas peles, e veloz o bastante para serem capazes de fugir. Era a única alternativa, contudo, se optassem por mais cautela, a opção mais viável era se livrar do carro que levou os Song justamente até o local onde estavam escondidos.

Os dois congelaram no lugar, um encarando o outro.

— Estão esperando os meus velhos amigos virem e nos encher de balas, uh? — Jongho entrou pela porta da frente, com um sorriso persistente nos lábios. Ele não estava genuinamente contente. Tinha a sorte de ser uma pessoa adaptável ao clima, embora não estivesse feliz, poderia facilmente fingir que sim até para si mesmo. — Já ouviram falar de "males do ofício"? Há um velho ditado: "Ver algo cem vezes não é tão bom como vivê-lo uma vez".

Jongho era esquisito. Seu alto astral, fingido ou não, passava de uma autenticidade e confiabilidade enorme. Transformava a atmosfera estruturada por titânio em simples platina; ele aparentava saber exatamente o que fazer como se vivesse a mesma vida incontáveis vezes num nível em que o que restava era somente a apatia e a conformidade.

Ele caminhou até a cama bagunçada e alcançou o lençol, o esticando e enrolando nas duas mãos.

— Eu gostaria de ter um momento para ficar em casa assistindo Breaking Bad — comentava conforme montava o que usaria como arma em primeira instância. O som de carros estacionando no terreno da frente se tornou audível. — Mingi, se lembra das regras do xadrez? O peão pode se movimentar apenas uma casa, no máximo duas, o bispo se move na diagonal, a dama na vertical, diagonal e horizontal e o cavalo, por cima. Você gostava de montar estratégias usando o cavalo e sempre sacrificava o seu bispo. O cavalo é a única peça que pode saltar sobre as outras, se move no sentido perpendicular depois de andar duas casas... Ele é muito útil. Se lembra também que o rei nunca pode ser posto em uma situação de "xeque"?

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora